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Santa Cecília

Moradores criticam corte de árvores em praça da Capital, mas prefeitura afirma que medida garante segurança de crianças e pedestres

Ação integra revitalização do espaço, localizado ao lado do Viaduto Tiradentes

13/02/2022 - 12h19min

Atualizada em: 13/02/2022 - 12h21min


GZH
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Ana Porto / Arquivo pessoal

Uma retirada de árvores na Praça Moranense, localizada na Rua Silva Só, incomodou moradores da região do bairro Santa Cecília, na Capital. O local fica ao lado do Viaduto Tiradentes, que recentemente passou por recuperação e está sendo grafitado com o tema pet. A intervenção desta sexta-feira (11) resultou na remoção de pinheiros e árvores frutíferas da praça.

— Agora de manhã derrubaram os pinheiros no tronco. O abacateiro simplesmente fizeram uma poda que não foi lateralizada, fizeram uma poda animal — relatou Ana Porto, vizinha da praça.

Ana conta que entrou em contato com a prefeitura, que afirmou que foi feito um estudo especializado para viabilizar o trabalho no local.

— Destruíram uma pracinha. A sombra das árvores fazia uma diferença na vida de quem circula por ali, de quem pega ônibus. E tinha muitos frutos, as pessoas que moram nas ruas por ali se alimentavam deles — avalia.

A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) informou, em nota, que a ação integra a revitalização da praça, englobando também o viaduto. O órgão ressaltou que parte das podas, do levantamento de copas e de supressões realizadas foi necessária para desobstruir a iluminação da praça e fornecer mais segurança. 

“Alguns vegetais estavam dificultando o passeio e obstruindo uma placa de trânsito a poucos metros da parada de ônibus. A vegetação no entorno da parada precisou ser podada em razão do risco de queda de galhos sobre o abrigo dos passageiros”, diz trecho da nota.

A prefeitura também está removendo vegetais que não são compatíveis com a arborização de praças, plantados irregularmente — como os pinheiros, que oferecem risco especialmente para as crianças, visto que os galhos estavam próximos ao playground e tinham risco de queda. “Esse tipo de vegetal não é indicado para praças, não apresentam bom desenvolvimento e por isso estão sendo suprimidos de forma preventiva para evitar acidentes”, informou o órgão.

A nota adverte ainda que as árvores frutíferas (como o abacateiro) devem passar por estudo prévio antes do plantio, dado que a queda dos frutos também pode causar risco a pedestres. Além disso, informa que as equipes identificaram exemplares exóticos — ou seja, que não fazem parte do ecossistema local e que são tóxicos, trazendo risco para animais e crianças, motivo pelo qual foi feita a remoção.

Para Maria Antonia Nascimento, moradora do bairro há 25 anos, a praça ficou "descampada":

— Eles cortaram tudo. Cortaram uma árvore e deixaram o chão lavado de abacate. Deixaram só a copa, algumas árvores cortaram até a raiz. A praça ficou descampada. Podiam ter podado.

Em paralelo à retirada das árvores para a revitalização da praça, a construção de um cachorródromo no local estaria sendo debatida com os órgãos públicos.

— Não tinha necessidade de cortar todas as árvores e fazer isso aí, pelo contrário, teria sombra para os bichinhos — criticou.

Maria Antonia relata que as árvores centrais foram cortadas, mas as que circundam a praça, não. Segundo a moradora, o local não era escuro nem "um matagal".

Além disso, afirma que não soube de nenhum caso de alguém que tenha se machucado com galhos ou frutas e que, apesar de ter brinquedos, a praça não costuma ser frequentada por crianças, e sim por adultos, além de moradores de rua.

A reportagem questionou a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) sobre o replantio de árvores, de modo a garantir sombra no local. A secretaria ainda não tinha informações sobre essa medida.

Confira a nota da SMSUrb na íntegra:

"A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) informa que a revitalização da Praça Moranense, próxima ao Viaduto Tiradentes, faz parte do projeto de revitalização de todo o espaço, incluindo o Viaduto, que passou por recuperação e está sendo grafitado com tema pet.

O manejo arbóreo está sendo feito pelas equipes da SMSUrb com a supervisão técnica de funcionários do quadro que têm competência para realizar esse tipo de serviço. 

Parte das podas, levantamento de copas e supressões realizadas foi necessária para desobstruir a iluminação da praça e fornecer mais segurança aos visitantes. Além disso, alguns vegetais estavam dificultando o passeio e obstruindo uma placa de trânsito a poucos metros da parada de ônibus. A vegetação no entorno da parada precisou ser podada em razão do risco de queda de galhos sobre o abrigo dos passageiros.

A SMSUrb também está removendo vegetais que não são compatíveis com a arborização de praças, plantados inadvertidamente em desacordo com a legislação municipal. De acordo com o artigo 242 da Lei Orgânica de Porto Alegre: 'O plantio de árvores em logradouros públicos é da competência do Município, que definirá o local e a espécie vegetal a ser plantada'. É o caso dos pinos da Praça Moranense, plantados de forma irregular e que oferecem risco especialmente para as crianças, visto que os galhos estavam próximos ao playground e tinham risco de queda. Esse tipo de vegetal não é indicado para praças, não apresentam bom desenvolvimento e por isso estão sendo suprimidos de forma preventiva para evitar acidentes.

Um abacateiro foi podado para desobstrução da iluminação e outro foi suprimido para facilitar a passagem de pedestres no passeio e, de acordo com as equipes técnicas, foi plantado irregularmente junto a uma edificação, um local inadequado para o desenvolvimento da planta e que, futuramente, poderia trazer problemas estruturais na construção. Ressalta-se que mesmo as árvores frutíferas devem passar por estudo prévio da flora local por parte do poder municipal antes do plantio, visto que a queda dos frutos pode causar risco a pedestres.

As equipes também identificaram exemplares exóticos, ou seja, que não fazem parte do ecossistema em questão e que são tóxicos, trazendo risco para animais e crianças. Por isso mesmo é que foi necessária a supressão desse tipo de vegetação."


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