Sabe a expressão "do Oiapoque ao Chuí", que representa a distância máxima entre os extremos Norte e Sul do Brasil? Traçando uma régua imaginária, o Oiapoque fica lá no topo, e o Chuí, na pontinha de baixo. Provavelmente nunca irei ao Oiapoque, mas no Chuí já estive várias vezes. Voltei de lá segunda-feira. É caminho pra viajar ao Uruguai de carro desde Porto Alegre. No finzinho do Estado, uma avenida separa o Brasil do Uruguai, e as lojas vendem importados sem impostos. 

A estrada é longa. Ainda bem que tem outro ponto de referência pra distrair os olhos: o Taim, com seus bichos e banhados. O nome correto é Estação Ecológica do Taim e fica na BR-471, a uma hora e meia do Chuí, entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar. Essa reserva foi criada em 1986 pra preservar o ecossistema e a diversidade dos animais e plantas. É crime ambiental causar danos aos moradores do Taim. Pena que o bicho homem tem pressa e acelera, apesar da velocidade controlada.

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Acostamento

A gente sempre vê marcas de pneus no asfalto e alguma capivara morta no acostamento (que tá virado em mato). Nem um refúgio protegido por lei consegue preservar a vida. Geralmente sou eu que dirijo nesse trecho da viagem, devagar e sempre, mas dessa vez vim de copilota e pude observar bem a bicharada. Vi até um jacaré e famílias inteiras de capivaras, além de bois, vacas, bezerrinhos e revoadas de pássaros. Coisa boa abrir a janela, respirar fundo e sentir o vento no rosto. 

Na ida, tudo é festa. Na volta, o cansaço faz o tempo dobrar. Adultos parecem crianças impacientes perguntando "Cadê o Taim? Tá chegando? Falta quanto?". Depois que ele passa, distração, só lanchinhos, música e a imensidão de verde ao redor. De quilômetro em quilômetro, as férias ficam pra trás e a vida real vai chegando perto. Somando estradas e passeios, percorremos 2.322km. São mais de 19 idas pra praia (considerando POA_Xangri-lá). Sorte de quem sabe apreciar as lindezas do Taim no caminho.