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Coluna da Maga

Magali Moraes e o cento de salgadinhos

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

11/03/2022 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Fui na padaria comprar pão e saí de lá com essa coluna. Ou melhor, com dois rissoles inspiradores. Um de carne, outro de presunto e queijo. Na primeira mordida, revirei os olhos e desejei estar numa festa de aniversário. Daquelas de antigamente, onde o luxo do gaúcho era entupir os convidados com uma fartura de salgadinhos variados, pizza de sardinha, canudinho recheado, muitos docinhos e uma merengada cobrindo a torta e as artérias de quem sobrevivesse até o final.

Comilança típica de festinha infantil, mas sempre bem-vinda nas comemorações de adultos que assopravam as próprias velinhas. O melhor era ter a liberdade de circular na cozinha, onde ficavam guardadas as pilhas de caixas de camisa que abasteciam todos os pratinhos e bandejas. Poder abrir as tampas e se servir direto da fonte, usando a desculpa esfarrapada de provar pra ver se estava bom. Na geladeira, a salada de maionese aguardava a sua vez de brilhar junto com a torta fria.

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Forminhas

Como não se oferecer pra ajudar a repor as bandejas? Era o momento perfeito pra abocanhar mais alguma coisa, sem quase ninguém ver. Recolher as forminhas vazias de papel na sala também era uma boa opção pra voltar à cozinha, a caminho do lixo. Às vezes, vinha o dilema: se o salgadinho mais requisitado pelos convidados fosse o seu preferido, você ofereceria os últimos da caixa ou os deixaria escondidos pra comer depois? Festa mesmo era poder comer as sobras no dia seguinte.

Desculpe se te deixei com fome. Ainda sinto o gosto dos rissoles. Queria mais, não tem. Agora só posso te servir essa coluna. Lembrei dos docinhos caramelizados. A casquinha dura que explodia na boca. Mas até chegar nessa parte da festa, os cachorrinhos, croquetes, empadinhas, rissoles e frituras deliciosas já tinham lotado o estômago. Calcular a quantidade por pessoa era sempre um desafio. Um cento? Dois pra garantir? Faltar era chato, sobrar era um gasto a mais. Saudade dessa matemática.  



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