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Combate ao mosquito

Como aproveitar o feriadão para limpar possíveis locais de proliferação do Aedes aegypti

Número de casos de dengue aumentou 28% em Porto Alegre em uma semana; Estado já registra 10.547 infectados no ano

22/04/2022 - 08h57min

Atualizada em: 22/04/2022 - 09h02min


Carlos Redel
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Ronaldo Bernardi / Agência RBS
Criadouros do mosquito Aedes aegypti podem estar em pequenos recepientes

Na última quarta-feira (20), a Secretaria Estadual da Saúde (SES) anunciou que o Rio Grande do Sul está em alerta máximo contra a dengue. O Estado registra, desde o começo do ano, 10.547 infectados — apenas em Porto Alegre, de acordo com a Secretária Municipal de Saúde (SMS) são 1.264, um aumento de 28% em apenas uma semana. Em território gaúcho, já são cinco mortes registradas por causa da doença em 2022. 

Com os números em alta, a preocupação é para tentar baixar esses índices. E, para isso, a população precisa entrar em cena e ajudar no combate aos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Com o feriado prolongado, que começou nesta quinta-feira (21), com o Dia de Tiradentes, fica um pouco mais fácil encontrar um tempo para realizar uma limpeza em seus imóveis e, assim, eliminar possíveis locais de proliferação do inseto.

De acordo com a diretora da Divisão de Vigilância em Saúde da SMS, Fernanda Fernandes, é justamente nos domicílios em que os mosquitos preferem ficar — cerca de 70% das residências visitadas pelos Agentes de Combate a Endemias possuem algum criadouro do Aedes aegypti. E eles podem estar se proliferando em pequenos recipientes, que passam despercebidos, como potes de água dos cachorros, calhas, ralos e até mesmo em bromélias. 

— O mosquito gosta de estar perto dos humanos. Então, é muito comum a gente encontrar os larvários e os ovos do mosquito no domicílio das pessoas. Ele não voa muito longe, entre 50 e 150 metros. Mas, quando se tem índices altos de infestação e proliferação do mosquito, pode se ter uma nuvem de insetos em uma região e ela pode se expandir, com os insetos se multiplicando rapidamente se não for feito nenhum controle da infestação – explica Fernanda. 

A diretora ainda enfatiza que, desde quando a fêmea coloca os ovos, passando pela eclosão, fase larval até a idade adulta do mosquito, leva-se apenas de 10 dias. Por isso, é importante fazer a revisão no pátio uma vez por semana, para terminar com o ciclo de vida do inseto:

— A primeira revisão do pátio pode ser que demore um pouco mais, mas depois que mapear todos os possíveis pontos que podem ser criadouros, as limpezas semanais não deverão demorar mais que 10 minutos. E elas evitarão todos os problemas que ocorrer caso a pessoa contraia dengue. 

Veja cuidados que podem ser tomados para evitar a proliferação dos mosquitos: 

  • Verifique os vasos de plantas, retirando os pratinhos. Passe esponja para limpar os ovos que ficaram aderidos (eles podem sobreviver até 400 dias sem contato com a água);
  • Bromélias e outras plantas podem acumular água. Nas plantas no solo, dê um jato de água nas folhas para remover larvas que tenham se desenvolvido no encaixe das folhas; 
  • Veja se tem materiais em uso e que possam acumular ou estejam com água, como baldes, potes e garrafas. Caso identifique, é importante secar, tampar ou colocar em local coberto; 
  • Caixas d'água, tonéis ou recipientes para armazenamento de água da chuva devem ser mantidos tampados e sem frestas — ou, então, colocar tela milimétrica (aquela usada em mosquiteiros); 
  • Materiais que podem ser descartados, como latinhas, embalagens plásticas, vidros e garrafas PET devem ser recolhidos e colocados em um saco plástico para a coleta seletiva de lixo; 
  • Verificar se calha está desimpedida, removendo folhas e outros materiais que possam impedir o escoamento adequado da água; 
  • Inspecionar ralos. Se mesmo em dias secos estiverem com água, deve-se colocar tela milimétrica ou, semanalmente, acrescentar água sanitária no ralo para matar as larvas; 
  • Piscinas plásticas pequenas devem ser periodicamente esvaziadas ou tratadas com cloro; 
  • Piscinas fixas devem ser limpas uma vez por semana e tratadas com cloro sempre; 
  • Pneus devem ser mantidos em locais cobertos ou fazer furos grandes para escoamento da água, caso os utilize na área externa; 
  • Banheiros externos e áreas sem uso devem ser mantidos com vasos sanitários tampados e com tela milimétrica nos ralos; 
  • Receba os agentes de Agentes de Combate a Endemias em casa — de acordo com Fernanda, eles não aplicarão multas para os moradores, mesmo que encontrem focos do mosquito no imóvel. Eles apenas darão orientações e ajudarão a acabar com criadouros (antes, porém, é preciso que eles se identifiquem com o colete e o crachá da prefeitura); 
  • E pessoas contaminadas com a dengue devem se proteger com repelentes e utilizar roupas compridas, para que os mosquitos não a piquem.

Frio 

Segundo a diretora da Divisão de Vigilância em Saúde da SMS, Fernanda Fernandes, com o frio, a tendência é que se diminua a incidência de mosquitos. Porém, ela conta que, de acordo com o monitoramento feito pela Fiocruz, a InfoDengue, estima-se que, pelas próximas duas semanas, o clima ainda estará propenso para que os insetos se multipliquem e sigam espalhando a doença. 

Fernanda enfatiza que são necessários, pelo menos, 10 dias com temperaturas máximas não chegando aos 18ºC para que o ciclo de contaminação comece a diminuir. Por enquanto, com as manhãs frias e as tardes quentes, os mosquitos seguem trabalhando com eficácia. Ou seja, é importante fazer a vistoria logo, pois o mosquito não vai descansar — nem no feriadão.


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