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Coluna da Maga

Magali Moraes e o Dia dos Bobos

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

01/04/2022 - 09h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Eu jamais pregaria uma peça em você, não sou boba nem nada. Só cuidado que hoje é 1º de abril, e alguém pode aprontar pro seu lado. Me pergunto se ainda faz sentido as mentirinhas e pegadinhas que se aplicavam nesse dia. Faz tempo que estamos cercados de fake news. Cansamos de ouvir (e cair) em golpes por WhatsApp e redes sociais. Sabe O Golpista do Tinder na Netflix? Essa semana saiu a notícia de um vigarista na Serra Gaúcha que faz igual com as mulheres.

Saudade da inocência que a gente tinha. Faço parte de uma geração que cresceu em um mundo mais ingênuo, onde era permitido brincar no 1º de abril. Até um professor podia chegar na aula com cara séria e avisar a turma que ia ter prova surpresa. Depois que todos os olhos estivessem devidamente arregalados, ele dizia: "Primeiro de abril!!", e a vida seguia. Com um pouco de criatividade e licença poética, a gente inventava bobagens, passava trotes. E estava tudo bem, a data era um ferrolho. 

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Bocó

Falando em ingenuidade, prefiro chamar de Dia dos Bobos do que Dia da Mentira (pesa mais, apesar do Pinóquio eternamente no imaginário). Essa voltinha no tempo me lembrou que um dia já foi ofensa chamar alguém de bocó ou de pateta. Ser bobo da corte foi profissão na realeza e rendeu personagens engraçados nos programas de humor. Hoje em dia, o pessoal se chama de cada jeito cruel que choca. A violência verbal também agride, mesmo que venha acompanhada de sorrisos falsos.

No passado, o mês de abril chegava fazendo graça, bem tolinho e brincalhão. Atualmente, não temos nem disposição pra acreditar em pegadinhas. Melhor desconfiar de tudo e todos. É dia 1º, e já estamos de olho nos dois feriados. Quando vê, abril acaba. Calma lá. Fazer papel de bobo ninguém quer, é difícil mesmo. Mas dá pra se sentir todo bobo porque recebeu um elogio, por exemplo. Ou fez algo que parecia tão difícil e conseguiu. Todo bobo de orgulho e merecimento. Aí, sim. 



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