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Moradores de Viamão fazem protesto com sete bolos e parabéns para "comemorar" aniversário de obra no Arroio Feijó

Prefeitura informa que aguarda a conclusão dos trabalhos da Corsan para dar prosseguimento aos projetos de pavimentação, iluminação e travessias; Corsan prevê conclusão para julho

21/04/2022 - 08h33min

Atualizada em: 21/04/2022 - 10h12min


Jean Peixoto
Jean Peixoto
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Fábio Edgar / Especial

Sete bolos com velinhas de aniversário enumeradas, refrigerantes e parabéns a você. Poderia ser uma festa de aniversário infantil, mas o cenário descrito acima foi a forma bem-humorada que a comunidade da Vila Augusta, em Viamão, na Região Metropolitana, escolheu para protestar pelos sete anos de espera pela conclusão das obras de revitalização e de infraestrutura na área do Arroio Feijó.

O ato, organizado por moradores do bairro, ocorreu no fim da tarde desta quarta-feira (20). O local escolhido para a "festa" foi a plataforma de concreto situada na confluência entre a Rua Osvaldo Godoy Gomes e a Avenida Plácido do Carmo. A estrutura aparenta ser uma ponte, mas alcança apenas metade do arroio, tornando-se inútil para a travessia de pedestres, ciclistas ou automóveis.

Os moradores relatam que em dezembro de 2021 ocorreu uma enchente que invadiu alguns imóveis e causou uma série de prejuízos. O vendedor Fábio Edgar, 36 anos, conta que perdeu boa parte da mobília na cheia. Morador há 29 anos do bairro, ele questiona a demora na conclusão das obras, iniciadas em 2014.

— Na enchente de dezembro, a água, depois que desceu, escoou pelo meu banheiro e quebrou todo o piso por baixo. Fizemos até uma rifa para ajudar a comprar algumas coisas de volta. O início da revitalização ficou muito bom, mas parou e nunca mais retomaram — lamenta.

O vidraceiro Adelino Lima de Oliveira, 53, que há quatro décadas vive na Vila Augusta, foi um dos afetados pela enchente de dezembro. Ele conta que foi até a prefeitura questionar sobra a conclusão das obras algumas vezes. Em uma dessas ocasiões, conta que lhe disseram que a obra seria entregue nesta quarta-feira. Posteriormente, o informaram de que não haveria como entregar, o que motivou o protesto.

— Dia 6 de dezembro entraram 30 centímetros para dentro da minha casa. E eu não estou falando de água. É esgoto — frisa Adelino.

Entre as principais reclamações estão a falta de asfalto, de iluminação e o mau-cheiro que vem do córrego. Quando escurece, boa parte da Avenida Plácido do Carmo — que de avenida só tem o nome, pois é estreita e de chão batido —fica completamente às escuras. Os moradores afirmam que sentem medo de circular pelo trecho e quando o fazem precisam desviar de sacos de lixo, embalagens e objetos espalhados.

Em 2019, a prefeitura concluiu a remoção de cerca de 240 famílias que viviam às margens do Feijó, que foram transferidas para um condomínio construído com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A prefeitura buscava tirar o projeto do papel desde 2008. O recurso foi destinado pela União e, em 2014, começaram as construções dos edifícios. 

A dona de casa Débora de Bastos, 48, conta que após a desapropriação de alguns imóveis restaram os entulhos que permanecem no local até hoje. Segundo ela, um terreno baldio remanescente da remoção de uma das famílias se tornou ponto de encontro de usuários de drogas.

— Os usuários de drogas vão ali. Tem um morro de entulho. É muito perigoso para quem tem crianças e mora perto — diz Débora.

Prefeitura diz que obra depende da Corsan

Prefeitura de Viamão / Divulgação
Máquinas da prefeitura de Viamão trabalharam no local na manhã desta quarta-feira

A prefeitura de Viamão afirma que segue trabalhando na manutenção do Arroio Feijó, mas o avanço das obras depende da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). A assessoria de comunicação da prefeitura afirma que as máquinas do município trabalharam no local na manhã desta quarta-feira e reitera que "as equipes estão há 30 dias na borda do arroio". 

Segundo o município, a previsão recebida da Corsan para a conclusão da parte hídrica é de dois meses. O prefeito de Viamão, Nilton Magalhães, que é engenheiro, diz que acompanha as obras de perto e que o município depende da autarquia estadual para avançar. 

— A prefeitura de Viamão tem acompanhado de perto as obras do Arroio Feijó e está fazendo tudo aquilo que cabe ao poder municipal para oferecer melhores condições de vida aos moradores. A referida obra é de responsabilidade da Corsan, e a prefeitura só poderá dar sequência aos projetos de pavimentação, iluminação e travessias após o órgão estadual concluir o serviço. Nos colocamos à disposição dos cidadãos para esclarecimentos e reiteramos nosso compromisso de atuar em busca de solução — afirma o prefeito.

A assessoria de comunicação da Corsan informa que "a obra está em andamento, mas concomitantemente às obras da prefeitura". A autarquia explica que os processos que estão em execução no local são blocos de ancoragem, a concepção de projeto conclusivo para o assentamento e interligação das adutoras e a fabricação de peças que serão utilizadas nas interligações das novas estruturas. A conclusão completa da obra está prevista para julho.


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