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Porto Alegre registra falta de 250 profissionais nas escolas municipais

Há carência de professores, monitores e profissionais para apoio às atividades escolares

05/04/2022 - 22h15min

Atualizada em: 06/04/2022 - 08h29min


Francine Silva
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Samantha Klein
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Mateus Bruxel / Agencia RBS

Entre professores, monitores e setores de apoio, faltam pelo menos 250 profissionais na rede municipal de Porto Alegre passados mais de um mês do início das aulas. O dado é da Secretaria Municipal da Educação (Smed). No começo do ano letivo, eram mais de 1,6 mil profissionais a menos no quadro de funcionários da rede, o equivalente a 26% do total. 

Em março, a prefeitura nomeou 1.487 profissionais, sendo 290 professores, 135 monitores e 1.062 funcionários de setores de apoio. Eles têm 15 dias para apresentar os exames médicos para assumir as vagas, podendo solicitar mais 15 dias de prazo.  

A Smed ainda não confirmou quando serão repostas as 250 vagas em aberto. Nesta semana, pais de alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Rincão, no bairro Belém Velho, reclamaram da falta de 15 profissionais na instituição, sendo oito professores. Em nota, a prefeitura afirmou que um docente de matemática e um monitor assumiram as funções no início desta semana.

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Segundo Ana Paula Acauan, mãe de um estudante do 5º ano, faltam professores de espanhol, matemática e para anos iniciais.

— A Smed deveria ter se organizado antes do início do ano letivo — critica.

Na Escola Municipal de Ensino Básico Saint Hillaire, no bairro Lomba do Pinheiro, zona leste da Capital, a situação não é muito diferente. Há carência de professores em disciplinas como matemática e português, porém, uma das lacunas mais importantes está relacionada com o atendimento aos estudantes que precisam de atenção individualizada.

O colégio tem 96 alunos desse grupo, sendo que alguns têm graus mais severos de necessidades especiais. Para atender os estudantes, são necessários monitores que, em geral, são estagiários ou profissionais formados em Educação Especial.

A professora Márcia Ramos relata que a escola conta com apenas uma funcionária como monitora para atender todos os 1,2 mil alunos em três turnos.

Em outra região da cidade, a líder comunitária Cláudia Maria da Cruz, que tem um filho estudando na Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo, no bairro Restinga, acompanha com outros integrantes da comunidade as dificuldades dos colégios.

Ela faz parte da Rede da Proteção à Criança e ao Adolescente, uma comissão e rede de informações que está fazendo visitas em todas as escolas da região. Na Nossa Senhora do Carmo, segundo informações desse grupo, faltam professores, estrutura e funcionários na comunidade escolar.

— Com o retorno presencial às aulas, acabamos descobrindo a enorme falta de professores. Os educadores estão se aposentando e não abrem vagas suficientes para concurso. Abrem vagas temporárias, mas isso não resolve o problema. Veio a informação de que a metade dos alunos não está tendo aulas devido à falta de professores na escola — disse.

Além dos docentes, faltam porteiros, merendeira e pessoal para a segurança. Na próxima sexta-feira (8), a Rede da Proteção à Criança e ao Adolescente fará uma reunião com integrantes da comunidade escolar para obter mais informações sobre a deficiência de profissionais e problemas estruturais. Esses dados deverão subsidiar o Conselho Tutelar e uma possível ação no Ministério Público.

Conforme levantamento da Associação dos Trabalhadores em Educação do Município de Porto Alegre (Atempa) realizado no começo de março, das 96 escolas da rede municipal, 54 responderam ao questionário. Entre as instituições que responderam, 88,9% relatou falta de professores. No caso dos funcionários, 63% dos colégios informavam que faltavam profissionais da limpeza, segurança e monitoria, entre outros.


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