Doação de órgãos
Após escolta da PRF, transplante de coração é realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Transporte, que ocorreria por via aérea, foi por via terrestre por conta do mau tempo
Em dia marcado por muita chuva e fluxo carregado no trânsito, o transporte de um coração exigiu uma operação especial das equipes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Central de Transplantes do RS e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para que o órgão chegasse até o hospital, onde ocorreu o transplante. A ação foi realizada no final da tarde da última quarta-feira (22).
A mobilização começou quando o carro da Secretaria Estadual da Saúde (SES) ainda estava na BR-290, vindo do Interior. A previsão de chegada a Porto Alegre era por volta das 19h – horário de pico tanto na rodovia quanto nas principais vias da Capital. Além disso, a equipe médica já estava em uma corrida contra o tempo, pois precisava chegar em um período de até quatro horas, a partir da cirurgia de retirada do órgão, para garantir a viabilidade do coração.
A partir do município de Eldorado do Sul, onde havia um fluxo pesado de veículos, a viatura da PRF iniciou o acompanhamento.
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— Eles nos acionaram às 18h55min e precisavam chegar em até 20 minutos no hospital de Clínicas para não ultrapassar o período de quatro horas. Conseguimos fazer em 12 minutos. Os motoristas perceberam o que estava acontecendo e foram muito solidários. O trânsito parou para que pudéssemos entrar na (avenida) Ramiro Barcelos — afirmou o inspetor da PRF, Alves Moreno, que estava na viatura junto dos inspetores Lindolpho e Hardi.
Atuando há 16 anos na PRF, o policial revela ainda que a escolta de órgãos é rara de acontecer durante a rotina de trabalho. No entanto, possibilitou um sentimento diferente entre os agentes:
— Foi uma ação inusitada, mas muito emocionante. Eu sou doador e naquele momento pensei tanto na família do doador quanto do receptor. Foi algo que nos emocionou muito.
Transplante complexo
O transporte de órgãos para transplantes quando há longas distâncias costuma ocorrer por via aérea. No entanto, o mau tempo impossibilitou o trajeto. A médica cardiologista Livia Goldraich, coordenadora da equipe de transplantes cardíacos do HCPA, afirma que sempre é realizado um planejamento para a logística de translado dos órgãos, mas que ao envolver um transplante de coração exige uma preparação maior.
— Dizemos que quando há um transplante de coração, há o transplante de vários órgãos. Esse é um tipo de transplante raro de acontecer, pois envolve vários fatores, e, normalmente, ocorre quando o doador é jovem e sem doenças diagnosticadas. Em casos como esse, temos várias equipes envolvidas para que todos os órgãos possam chegar aos seus receptores — ressaltou.
Ainda segundo a médica, o receptor do coração foi operado com sucesso e passa bem. O nome do doador e do receptor não foram divulgados conforme estabelece a lei que regulamenta a doação de órgãos no Brasil.