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Imunização

Ministério da Saúde analisa processo de aquisição de vacinas para definir estratégia de imunização contra a varíola

Não há estoque do imunizante no país, já que a doença foi erradicada na década de 1970

16/06/2022 - 09h02min

Atualizada em: 16/06/2022 - 09h09min


GZH
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Artur / stock.adobe.com

Com a ameaça de a varíola dos macacos se espalhar, o Ministério da Saúde já avalia o processo para aquisição de vacinas, para então definir uma estratégia de imunização no Brasil. Não há estoque do imunizante no país, já que a doença foi erradicada na década de 1970.

Como não há um vacina própria que proteja contra a varíola dos macacos (monkeypox), a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um imunizante que age contra a varíola tradicional (smallpox), desde que mais atualizado, de segunda ou terceira geração (que não se replica no corpo humano). Esse tipo de medicamento se mostrou 85% eficaz contra a varíola dos macacos, garantiu a entidade. 

Existe uma vacina em uso em alguns países que já está altamente cotada. Chama-se Jynneos (nos Estados Unidos), Imvamune (no Canadá) ou Imvanex (na Europa) e é fabricada pelo laboratório dinamarquês Bavarian Nordic. O imunizante foi aprovado em 2019 pelo Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos e em 2013 pela Agência Europeia de Medicamentos (EMEA). 

No Brasil, entretanto, o produto ainda não teve pedido de registro feito à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Todo novo medicamento ou vacina, antes de ser liberado para uso no país, precisa da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apesar desse ser o trâmite normal, a Agência informou que, até o momento, não há pedidos de vacina ou medicamentos contra a varíola dos macacos no Brasil. A iniciativa deve partir dos laboratórios farmacêuticos.

A Jynneos é incapaz de se replicar no corpo humano, com menor probabilidade de causar efeitos secundários do que vacinas convencionais, e provou-se eficaz em induzir resposta imune potente. Quem não está previamente vacinado contra a varíola deve receber duas doses, com intervalo de 28 dias. Mas ainda não se tem certeza sobre a duração da proteção. 

Apesar de cotada, a vacina não está amplamente disponível. Diante dos casos crescentes de varíola dos macacos no mundo, a Bavarian Nordic anunciou que aumentou a produção do imunizante. O Ministério da Saúde, no entanto, não informou qual vacina está sendo analisada para comprar. 

Nesta semana, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo de Medeiros, informou que o governo federal faz tratativas para comprar um imunizante que proteja contra a varíola, mas não deu mais detalhes. A declaração foi feita em entrevista ao portal Metrópoles. 

Segundo Medeiros, até já foi feita uma reunião com a empresa fabricante, e a aquisição é intermediada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). A expectativa, informou ele, é que as doses cheguem ao país entre o terceiro e o quatro trimestre deste ano. 

Quem pode se imunizar

A Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda a vacinação em massa da população contra a varíola dos macacos. Segundo a entidade, apenas os grupos prioritários devem receber o imunizante, como funcionários de laboratórios expostos ao vírus e pessoas que tiveram contato próximo com infectados. 

Ainda segundo a OMS, medidas de controle e diagnóstico da doença, além da vacinação dos grupos específicos, podem evitar um surto mundial. 

Quais os sintomas da varíola dos macacos?

Os sintomas são semelhantes, em menor escala, aos observados em pacientes antigos de varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e dorsais durante os primeiros cinco dias. Depois, aparecem erupções - no rosto, palmas das mãos e solas dos pés -, lesões, pústulas e finalmente crostas.  

Como é transmitida?

A infecção nos casos iniciais se deve ao contato direto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou membranas mucosas de animais infectados. A transmissão secundária, de pessoa para pessoa, pode ser resultado do contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias, lesões na pele de uma pessoa infectada ou objetos recentemente contaminados com fluidos biológicos ou materiais das lesões de um paciente.

Risco sanitário

Na avaliação de especialistas, a varíola dos macacos não deve ter a mesma dimensão da covid-19. Segundo a cientista Ester Sabino, professora da Universidade de São Paulo (USP) e líder do grupo responsável pelo primeiro sequenciamento do vírus no Brasil, esse vírus que provoca a varíola dos macacos não tem transmissão aérea, assim como o coronavírus. 

— O monkeypox precisa de um contato muito íntimo para que as pessoas se contaminem. Por isso, provavelmente a varíola dos macacos não vai ter a mesma dimensão que teve a covid — afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Casos confirmados no Brasil

No momento, o Brasil registra cinco casos confirmados, sendo três em São Paulo, um no Rio Grande do Sul e um no Rio de Janeiro. Oito casos seguem em investigação. Havia uma morte em investigação em Minas Gerais, mas foi descartado nesta quarta-feira (15) para monkeypox pela Fundação Ezequiel Dias. Trata-se de um homem de 41 anos, sem histórico de viagem e sem contato com caso suspeito ou confirmado para a doença. As causas do óbito ainda estão em investigação.


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