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Ministério da Saúde pode perder 28 milhões de doses de vacinas contra covid-19 até agosto, aponta TCU

Imunizantes foram adquiridos pelo valor de R$ 1,23 bilhão

16/06/2022 - 09h00min

Atualizada em: 16/06/2022 - 09h00min


GZH
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ANDREW MATTHEWS / POOL/AFP
Vacinas são da AstraZeneca, em maior quantidade, e da Pfizer

O Ministério da Saúde corre o risco de perder quase 28 milhões de doses de vacinas contra covid-19, adquiridas pelo valor de R$ 1,23 bilhão, caso os imunizantes não sejam aplicados até o fim de agosto. Com a estagnação da cobertura vacinal, os lotes se acumulam.

De acordo com um relatório obtido pelo jornal Folha de S.Paulo, ao menos 26 milhões de doses da AstraZeneca e 1,92 milhão da Pfizer perderão a validade nos próximos dois meses — sendo que 11,72 milhões e 16,35 milhões vencem, respectivamente, em julho e agosto. Os dados são mantidos em sigilo pela pasta e foram levantados pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Cada dose da vacina da AstraZeneca custou R$ 41,83, e da Pfizer, R$ 66,89. Os lotes que podem vencer somam R$ 1,09 bilhão e R$ 128,66 milhões, respectivamente. As vacinas dos dois laboratórios são apontadas pelo Ministério da Saúde como prioritárias no reforço da vacinação.

O ministério enviou 19,53 milhões de doses aos Estados em abril e maio — número inferior ao estoque a vencer.

"As informações trazidas pela SecexSaúde são de causar perplexidade, em especial aquelas atinentes ao estoque de vacinas que poderão ter seus prazos de validade expirados nos próximos meses", escreveu o ministro Vital do Rêgo, relator do processo, em despacho nesta quarta-feira (15).

Os dados foram incluídos em apuração aberta pelo TCU sobre a perda de validade dos estoques da pasta após a Folha revelar, em setembro de 2021, que o governo deixou de entregar no prazo medicamentos, vacinas e testes avaliados em mais de R$ 240 milhões. As informações foram enviadas ainda ao gabinete do deputado Luis Miranda (Republicanos-DF).

Atualmente, o governo federal tem 83 milhões de doses em estoque, segundo dados divulgados no site do Ministério da Saúde. A auditoria do TCU revelou ainda que, de setembro até o fim deste ano, mais 24,85 milhões perderão a validade.

Procurado pelo jornal, o ministério não respondeu sobre as vacinas que podem perder a validade nem sobre a queda de ritmo da campanha de vacinação. A pasta disse que "realiza distribuições regulares" das vacinas, "conforme cronograma definido pelas secretarias finalísticas", e que todos os insumos são entregues dentro do prazo de validade. Ressaltou ainda que 500 milhões de vacinas já foram entregues na pandemia e a importância da segunda dose e do reforço. O Ministério da Saúde também recomenda aos Estados e municípios que façam a busca ativa da população para completar o esquema vacinal.

O ministro do TCU afirmou ser "estarrecedora e preocupante" a possibilidade de perda de uma elevada quantidade de imunizantes em um país "em que foram perdidas mais de 668 mil vidas para a covid-19 até hoje" e em um momento de nova onda de contaminação.

Vital determinou que a pasta adote as ações necessárias para evitar a perda das vacinas em estoque, em especial aquelas cujos prazos de validade se aproximam. As iniciativas devem envolver Estados e municípios, se for o caso, e o ministério deve informar as medidas adotadas em até 15 dias.

O relator também destacou que a rede privada de saúde está começando a aplicar a vacina da AstraZeneca por cerca de R$ 250 a R$ 350 por dose, e considerou "inusitado" existir um estoque com validade perto do fim no SUS enquanto clínicas privadas importam as mesmas doses.

Os técnicos do órgão apontaram que a pasta já poderia ter tomado diversas medidas para evitar a perda dos imunizantes, como o fortalecimento de campanhas de comunicação e a doação a outros países.


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