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O DG te ajuda a entender a relação do preço do petróleo com o valor de outros itens

A jornalista e colunista de Economia de GZH, Marta Sfredo, explica como as altas na cotação do barril de petróleo afetam os preços de produtos, além de combustíveis

17/06/2022 - 05h00min


Ricardo Duarte / Agencia RBS
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O aumento do preço da gasolina e do óleo diesel têm tirado o sono de muitos brasileiros da planície e do Planalto. No governo, no Congresso, entre governadores, discute-se uma solução para frear os reajustes dos combustíveis, causados pela alta na cotação internacional do petróleo. Mesmo que se alcance algum acordo – até o momento em que este texto estava sendo escrito, não havia possibilidade no radar –, a alta do barril ainda vai continuar pressionando vários outros produtos, como fertilizantes, produtos de limpeza, roupas, maquiagem e até comida. Sim, até o preço de alimentos é influenciado pelo petróleo.

Para que é usado o petróleo?
A maior parte do petróleo ainda é usada para fazer gasolina e diesel, mas esse líquido viscoso e escuro, retirado do fundo da terra, serve para várias outras aplicações. Uma das mais importantes, além dos combustíveis, é a nafta, matéria-prima de toda cadeia produtiva do plástico. Em complexos industriais como o polo petroquímico de Triunfo, a nafta vira base para resinas que serão utilizadas para produzir embalagens, potes, peças de veículos e encanamento doméstico (PVC). Uma dessas resinas, chamada de polipropileno biorientado, é usada para fazer aqueles saquinhos laminados que garantem salgadinhos crocantes, como as batatas fritas em chips. 

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Que outras aplicações tem esse óleo?
Um dos derivados de petróleo, a vaselina, é usada como base da massa de batom (o de passar na boca, não o da marca de chocolate!). E também vêm do líquido escuro e viscoso ingredientes para perfumes, ceras de depilação, xampus e condicionadores. Há alguns anos, existe uma campanha global para reduzir os chamados petrolatos (óleo mineral, vaselina, parafina) de produtos de higiene pessoal.

Tem mais petróleo pela casa?
Uma das pressões vai parar no roupeiro: quase todas as fibras sintéticas, de roupa de cama ao blusão de malha, vêm do poliéster. E adivinha de onde vem o poliéster? Pois é, do petróleo. O caminho é parecido com o do saquinho de batatas: petróleo, nafta, polietileno (um tipo de resina), poliéster. Vale o mesmo para náilon e acrílico, o que faz o petróleo chegar a carpetes, tapetes, cortinas. E, para lavar tudo isso, se usa detergentes e desengordurantes com alto teor de derivados de petróleo em suas fórmulas, via tensoativos sintéticos, que são substâncias anfipáticas (até dá pra ler do jeito que parece, mas as letras estão no seu devido lugar: a palavra designa moléculas que, em parte, se dissolvem em água, parte não, e estão em quase todos os sabões).

Há outras surpresas recheadas de petróleo?
Chicletes são feitos de elastômeros, um tipo de borracha sintética derivada do petróleo. Inclusive, a matéria-prima é produzida aqui no Rio Grande do Sul, em uma das poucas unidades do polo petroquímico de Triunfo que não pertencem à Braskem, a Arlanxeo, associação entre a alemã Lanxess e a saudita Aramco. Há alguns anos, a unidade passou a usar também etanol de cana-de-açúcar como matéria-prima. Mas há sério risco de alguém estar mascando algo que, um dia, foi um líquido viscoso e escuro. Como etanol também é combustível, se o preço do chiclete subir, não estranhe. 


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