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Avenida Borges de Medeiros

Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha aguardam obra de revitalização com otimismo, mas temem fechamento de locais

Reunião entre permissionários, associação e prefeitura está marcada para o próximo dia 20

10/07/2022 - 12h33min

Atualizada em: 10/07/2022 - 12h34min


Roger Silva
Roger Silva
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Lauro Alves / Agência RBS
Associação Representativa Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha (ARCCOV) é tentativa de união dos lojistas

Os cerca de 30 comerciantes que trabalham vendendo roupas, serviços de conserto de celulares, livros, vinis e alimentos nas calçadas da Avenida Borges de Medeiros, cobertos pelos arcos históricos do Viaduto Otávio Rocha, receberam com otimismo a notícia que a estrutura será reformada a partir do próximo mês. No entanto, temem pela continuidade do atendimento ao público naquela área depois que as obras começarem. Uma reunião entre a prefeitura e os trabalhadores está marcada para o próximo dia 20. 

— As pessoas não têm noção do quão difícil e importante é manter um patrimônio histórico tombado e tão único quanto é este nosso viaduto. Ele só está como é por conta dos cuidados feitos por nós, trabalhadores, das associações civis e do conselho municipal de arquitetura — destaca o presidente da Associação Representativa Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha (ARCCOV), Adacir José Flores, dono da Espaço Cultural Qorpo Santo, com milhares de vinis, CDs e livros à venda.

— Queremos ser parceiros da prefeitura, não queremos conflito. É preciso trabalhar junto neste sentido de ajudar o poder público e achar soluções conjuntas para o devido restauro. Mas não temos para onde ir nem como ficar sem trabalhar no período das obras — pondera.

Ao lado de Flores, no Bistrô e Café Imprensa, o comerciante Sabir Ribas concorda com o vizinho. Com o balcão, o teto e as paredes pintados com detalhes visuais do viaduto, lugar que ele trabalha há 13 anos naquele espaço, ele é outro que não tem para onde levar seu maquinário de restaurante se não puder seguir trabalhando ali.

— Estamos com uma expectativa positiva para este restauro, que é muito necessário. Se precisar fechar, não tenho alternativa pra operar em outro lugar. Vejo que falta união entre os comerciantes daqui — comenta Ribas.

Do outro lado, na calçada do lado da via que leva os automóveis para a Avenida Senador Salgado Filho, duas lojas de vestuário eram as únicas abertas no lado sul do viaduto na manhã deste sábado (9).

Rosenilda Duarte e Marian Muller se queixam do abandono dos banheiros públicos e do pouco movimento de clientes do seu lado do viaduto.

— Pagamos vigilância de empresa particular, mas o vandalismo é muito grande. Não temos água nas lojas, dependemos dos banheiros que estão sempre depredados ou trancados para evitar que invadam — lamenta Rosenilda, que confecciona e vende artigos religiosos no Ateliê GG.

— O local está abandonado, e só não está ainda pior porque nós estamos aqui cuidando. Não tenho alternativa além dessa renda aqui. Precisaremos de um local provisório para seguir vendendo — complementa Marian, à porta do seu brechó TriÚtil.

Em 2021, um levantamento do Gabinete de Gestão Integrada do Centro Histórico (GGI-Centro) apontou que a estrutura possuía 747 pichações.

Melhorias no radar 

A ordem de início dos trabalhos, que marcará o começo das obras, será dada até o dia 7 de agosto. Assim, entre a primeira reunião marcada para o dia 20 de julho e o início dos trabalhos, serão 18 dias de negociação entre a prefeitura e os comerciantes envolvidos.

O investimento será de R$ 13,7 milhões. A revitalização irá durar um ano e meio. Estão previstos serviços de restauração, recuperação, correção e conservação da estrutura. Todo o revestimento característico do viaduto – chamado de cirex – será substituído.

Também haverá um processo de impermeabilização, novas instalações elétricas, iluminação pública e sistemas de segurança. A obra também permitirá a reativação das escadarias internas do viaduto, hoje inacessíveis ao público. 

Exemplo negativo

Uma negociação semelhante demorou para ter um desfecho agradável a todos os envolvidos na mesma região. Permissionários das bancas de revistas e de flores na Avenida Otávio Rocha, que foram retirados pela prefeitura para que as obras do chamado Quadrilátero Central pudessem iniciar, em maio, ficaram três semanas sem energia elétrica para operar suas máquinas de pagamento via cartão e equipamentos como geladeira e cafeteira. Os comerciantes reivindicavam argumentando que a prefeitura havia prometido auxílio junto a CEEE Equatorial para fazer instalações elétricas no local provisório, enquanto a prefeitura rebate, afirmando que não havia prometido instalação de postes no local. 

Para o caso do Viaduto Otávio Rocha, a prefeitura espera repetir o que conseguiu fazer no Mercado Público. Na atualização das normas para permissionários no prédio histórico, apenas cinco de mais de cem lojistas não se adequaram aos padrões decretados pela gestão municipal em dezembro de 2021. 

“O governo é baseado no diálogo e cada caso será analisado individualmente. Os espaços são próprios municipais com Termos de Permissão de Uso Onerosos. Serão apresentadas alternativas e eles serão contextualizados quanto ao cronograma das obras”, explica uma nota assinada pelas secretarias municipais envolvidas na recuperação do Viaduto. 

— Este viaduto tem potencial para respirar cultura. O poder público precisa olhar com carinho para nosso trabalho — pede Flores. 

Leia a nota da prefeitura na íntegra

"Foi criado um grupo de trabalho, integrado pelas secretarias envolvidas na revitalização do Viaduto Otávio Rocha, para tratar deste assunto especificamente. Os permissionários serão chamados para que o planejamento seja apresentado primeiramente para eles. O governo é baseado no diálogo e cada caso será analisado individualmente. Os espaços são próprios municipais com Termos de Permissão de Uso Onerosos. Serão apresentadas alternativas e eles serão contextualizados quanto ao cronograma das obras."



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