Solidariedade
Família que perdeu casa em incêndio é surpreendida por caminhão de doações em Canoas
Oito pessoas vivem provisoriamente em um dormitório de quatro metros quadrados; vaquinha online foi criada para iniciar reconstrução de residência
O vendedor Rafael da Silva Rosa, 36 anos, circulava de carro nos arredores do bairro Niterói, em Canoas, quando avistou uma coluna de fumaça. Disse para a esposa: “é perto da casa do teu pai”. E tinha razão, era a residência do sogro que pegava fogo. A primeira reação, assim que chegou ao local, foi realizar uma contagem das crianças, com receio de que alguém pudesse ter sido vítima do incêndio.
— Eu contei a “escadinha”, e estavam todos lá. Foi um alívio — relembra.
“Escadinha” é uma referência às idades dos seis meninos e meninas que viviam no imóvel: os três mais jovens de sete meses a 10 anos de idade, além de dois adolescentes de 15 e 17, e uma moça já adulta, de 21.
Ninguém ficou ferido no incêndio da segunda-feira (18), mas a residência de 50 metros quadrados foi completamente destruída. Porém, se depender da mobilização gerada na cidade, deverá ser reerguida em breve. Prova disso foi a chegada de um caminhão com móveis entregues pela população ao projeto “GM Solidária”, iniciativa que reúne doações e as encaminha por meio da Guarda Municipal e da Defesa Civil de Canoas.
— Não tem como agradecer, sem palavras. Sozinho eu não conseguiria — pondera o motoboy Rogério Sanhudo dos Santos, 54 anos, proprietário da casa e pai do sexteto.
Os presentes surpreenderam Rogério, na manhã desta quinta-feira (21). A família ganhou fogão, cama box e colchões, roupeiro, armários, rack e sofá. A bebê terá de novo um andador, também doado na ação.
— Eles são vizinhos muito bons — afirma a professora Cristiane Trindade da Rosa, 50 anos, que recebeu as doações e as guardou no pátio da casa dela até que os amigos tenham onde se estabelecer.
Mobilização é constante
Este foi o segundo incêndio que recebeu o apoio nos últimos dias em Canoas: no início do mês, moradores do bairro Guajuviras perderam tudo o que tinham e foram ajudados pelo projeto.
O diretor da Guarda Municipal, Éder Martini, reforça que há uma coleta permanente de doações na sede da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Civil, na Rua Humaitá, 1.130, bairro Marechal Rondon. Pelo WhatsApp é possível combinar as entregas: 51 9-9301-4751.
Acostumado a resgatar a população em enchentes ou após vendavais, o coordenador da Defesa Civil do município, Igor de Sousa, diz ter um sentimento diferente nas ações solidárias:
— Quando salvamos alguém em casos de condições climáticas é uma missão. Aqui, na questão social, a gente vê a pessoa agradecendo pela ajuda para recomeçar. Não tem nada que se compare — garante.
Desafio é reconstruir
A construção consumida pelas chamas era mista, com cozinha e banheiro de alvenaria, sala e dois quartos de madeira. Era “velhinha”, como define o dono, e precisava de reformas. Foi pela fiação elétrica do chuveiro que o fogo começou.
— Uma das meninas saiu correndo do banho, de toalha, e disse que o teto tava vermelho. Quando a mãe dela viu, já tinha fogo saindo do chuveiro e se espalhando pelo forro de PVC — conta Rafael Rosa.
Em poucos minutos restavam apenas as pilastras de concreto, recorda o motoboy Rogério, que deixou o trabalho logo que acionado por telefone pela esposa.
O maior custo para a obra da nova casa sonhada será com os materiais de construção. Enquanto isso, a família de oito pessoas vive de forma improvisada, em um dormitório de quatro metros quadrados, emprestado por um parente.
Uma campanha virtual foi criada e pode ser acessada neste link. Às 9h30 desta quinta-feira (21), a vaquinha já havia arrecadado R$ 5 mil dos R$ 25 mil colocados como meta para início da obra.
O telefone de Priscila, filha de Rogério, é a melhor forma de contato para quem quiser contribuir: 51 9-9927-8762.