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Em sete meses, leite acumula alta de 90,5% na cesta básica de Porto Alegre

Conforme o Dieese, conjunto de alimentos pesquisados na Capital ainda é o terceiro mais caro do Brasil

07/08/2022 - 13h16min

Atualizada em: 07/08/2022 - 13h17min


Laura Becker
Laura Becker
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Bruno Todeschini / Agencia RBS
Somente no mês de julho, a alta do alimento foi de 26,78%

O que o consumidor já observa nas gôndolas dos supermercados está sacramentado no levantamento mensal do valor da cesta básica divulgado nesta sexta-feira (5) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Nos primeiros sete meses de 2022, o leite acumulou alta de 90,53% — sendo 26,78% somente em julho.

Os dados do Dieese apontam ainda alta de outros seis itens pesquisados em julho: banana (8,39%), manteiga (7,49%), pão (1,93%), farinha de trigo (1,70%), café (0,95%) e carne (0,75%).

Economista-chefe do Dieese/RS, Daniela Sandi ressalta que o aumento crescente no preço do leite pode ser explicado por dois fatores. O primeiro é a redução da oferta do produto, característica no período de entressafra. O segundo é o aumento nos custos de produção, motivado pela alta do dólar - moeda utilizada para compra de insumos - e dos combustíveis.

– O leite é um item básico e de difícil substituição. Infelizmente, é o item que mais subiu de preço no ano e não temos uma perspectiva de mudança a curto prazo. Por mais que tenhamos um aumento na oferta do produto e uma redução no preço do diesel, o valor do dólar não vai baixar tão cedo. Ou seja, o leite seguirá sendo pressionado nos próximos meses – adianta Daniela.

Apesar das elevações nos preços, a cesta básica de Porto Alegre apresentou redução de 0,18% no mês de julho. A queda foi motivada por seis itens que ficaram mais baratos: tomate (-24,09%), batata (-13,17%), feijão (-5,86%), óleo de soja (-5,34%), açúcar (-1,33%) e arroz (-0,22%).

– Podemos considerar que houve uma estabilidade no preço da cesta básica na Capital. Essa queda de 0,18% foi puxada pelos produtos in natura, que passam por uma oscilação maior, e é motivada pelo resultado da safra. No entanto, mesmo com essa redução, o nível do custo de vida não mudou. Ou seja, não há alívio para as famílias que vêm perdendo o poder de compra – ressalta a economista-chefe do Dieese/RS.

Na avaliação de janeiro a julho deste ano, o tomate também lidera a redução de preço, com queda de 23,62%. Na sequência, estão feijão (-3,44%) e açúcar (-0,45%).

Apesar da redução, a cesta da Capital ainda é a terceira mais cara do Brasil, de acordo com o Dieese. O consumidor que comprar todos os 13 itens considerados essenciais irá desembolsar R$ 752,84. Apenas São Paulo (R$ 760,45) e Florianópolis (R$ 753,73) têm valores mais elevados.

O estudo ainda aponta qual seria o salário necessário para subsistência de uma família brasileira. Nesta pesquisa, o valor ficou em R$ 6.388,55, mais de cinco vezes o mínimo atual, de R$ 1.212. Para a compra de todos os itens, a jornada de trabalho deve ser de 136 horas e 39 minutos.


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