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Julho teve menos mortes por covid do que nos meses de verão; RS somou 435 óbitos

Inverno e baixas temperaturas não elevaram número de vítimas da doença, mas médicos pedem para vulneráveis e seus familiares tomarem cuidados

02/08/2022 - 08h40min

Atualizada em: 02/08/2022 - 08h45min


Marcel Hartmann
Marcel Hartmann
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Bruno Todeschini / Agencia RBS

Ao contrário de outras doenças respiratórias, a covid-19 não gerou, no Brasil e também no Rio Grande do Sul, aumento de mortes no inverno em comparação ao verão, mostram estatísticas do Ministério da Saúde analisadas por GZH nesta segunda-feira (1º). Os dados indicam que o impacto do Sars-Cov-2 na variante Ômicron depende mais do uso de máscaras e da vacinação do que da mudança de temperatura, como ocorre na influenza

Julho registrou quase 7,1 mil vítimas da doença no Brasil, sendo 435 em solo gaúcho. No mês, foram em média 228 vítimas diárias da covid-19 no país - das quais 14 perderam a vida no Rio Grande do Sul.

O Brasil registrou, em julho, mais mortes do que em junho, mas o Rio Grande do Sul, ao contrário, vivenciou leve queda, fenômeno explicado pelo fato de que o país reúne diversas “curvas epidêmicas” formadas de cada Estado. Ainda assim, o verão registrou maior número de mortes do que nos meses posteriores, mais frios, nos quais a Ômicron já era presente, como mostram os gráficos a seguir.

— Nesses dois anos e meio de pandemia, a covid nunca respeitou estações. Nossos piores picos foram em épocas não associadas ao inverno. A covid não respeita sazonalidade porque é muito transmissível. A Ômicron atingiu grau de transmissibilidade próximo ao sarampo, a doença mais transmissível da humanidade — diz Eduardo Sprinz, chefe do setor de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A avaliação de que a covid-19 seguirá em transmissão independentemente de ser verão ou inverno é endossada por Fabiano Ramos, médico infectologista e diretor-técnico do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

— É preciso ter maior cuidado com pessoas com vulnerabilidade, como quem tem imunossupressão e é transplantado. Também precisa ter cuidado quem convive com essas pessoas. O filho de um transplantado precisa ter cuidados parecidos com a pessoa imunossupressa. Quem vive com idoso também precisa cuidar — diz Ramos.

Dados do governo do Estado mostram que o sintoma mais comum entre gaúchos diagnosticados com coronavírus foi tosse (49% das pessoas). Depois, aparecem dor de garganta (41% das pessoas diagnosticadas) e febre (34%).

O número de hospitalizações apresenta estabilidade no Rio Grande do Sul: em média, 137 pessoas estavam internadas com coronavírus em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), menos do que as 165 em junho, porém acima da média de 105 pacientes em maio.

A ocupação em leitos clínicos, para casos de menor risco de vida, também está em platô: em julho, foi uma média de 540 indivíduos internados nessa ala, contra 586 em junho e 367 em maio.

A despeito da liberação da segunda dose de reforço para adultos com 40 anos, o Estado aplicou cerca de 12,6 mil quartas doses por dia, contra quase 22,5 mil em junho. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS). Após a liberação da primeira dose para crianças de três e quatro anos, 88% de todos os gaúchos tomaram a primeira dose, 81% recebeu a segunda, 56,6% a terceira e 13,5%, a quarta dose.

Comparado ao resto do Brasil, o Rio Grande do Sul é o quinto Estado que mais vacinou sua população com a segunda dose e o segundo na aplicação da terceira dose, de acordo com dados do portal coronavirusbra1.github.io, que reúne estatísticas das secretarias estaduais da Saúde.

Ainda assim, há espaço para avanço: na Itália, conhecida pela alta vacinação, 71% da população tomou a terceira dose. Na França, cerca de 61% dos habitantes, segundo estatísticas do Our World in Data.

Para os próximos meses, o médico Fabiano Ramos cita a esperança de oferta de vacinas atualizadas contra a Ômicron, que devem elevar a proteção contra formas leves da doença.

— Há a expectativa de que as vacinas possam ser atualizadas para trazer proteção maior do que as vacinas que estão no mercado. Mas vale lembrar que as vacinas atuais têm proteção muito boa contra a doença grave. Se haverá nova vacinação a cada seis meses ou a cada ano, não temos ainda clareza. Neste momento, não se fala ainda em quinta dose — diz o diretor do Hospital São Lucas.

O médico Eduardo Sprinz, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, destaca a necessidade de o acesso a remédios antivirais ser popularizado.

— O único medicamento disponível no Brasil que diminui muito a evolução para formas graves é usado de forma injetável e não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Os outros dois medicamentos são usados de forma oral, reduzem em 90% as formas mais graves, mas não estão disponíveis no Brasil. Falta isso para termos controle contra formas mais graves — Sprinz.


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