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Baixa Adesão

Um mês após início da campanha, nove em cada 10 crianças de 3 a 4 anos ainda não receberam 1ª dose contra covid-19 no RS

Segundo autoridades e especialistas, desinformação, melhora nos indicadores da pandemia e baixos estoques de vacinas contribuem para esse número

25/08/2022 - 09h01min

Atualizada em: 25/08/2022 - 09h25min


Guilherme Milman
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Antonio Valiente / Agencia RBS

Um mês após o início da vacinação contra a covid-19 para crianças de três e quatro anos no Rio Grande do Sul, cerca de 10% do público alvo recebeu a 1ª dose. Conforme dados da Secretaria Estadual da Saúde, até esta quarta-feira (24) 26 mil pessoas dessa faixa etária receberam ao menos uma aplicação. O público total estimado dessa idade no Estado é de 281 mil. 

A adesão dos pequenos à campanha de imunização é considerada baixa pelas autoridades e vista com preocupação. Segundo a chefe da Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância Sanitária (Cevs) Tani Ranieri, entre os principais motivos que explicam esse número está a diminuição de casos de coronavírus, que faz os pais avaliarem a não necessidade de proteger os filhos. 

— Embora a circulação (da covid-19) ainda exista, o número de casos hospitalizados e o de óbitos diminuíram também. A gente acredita que isso faz com que os pais apresentem um receio de levar os seus filhos para vacinação achando que não há um risco, mas esse risco ainda existe — afirma.

Na avaliação de médicos, a desinformação sobre o efeito das vacinas em crianças ainda as afasta das unidades de saúde. Para o pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, a disseminação de notícias falsas já causou um efeito destrutivo para a demanda da vacinação contra a covid-19 e outras doenças. 

— Infelizmente eu acho que o espaço que foi dado para o negacionismo impactou muito na vacinação contra a covid. Ainda que a situação tenha melhorado, a gente não sabe como vai ser daqui para frente. Pode ser que novas variantes possam aparecer, e a única forma de se  proteger é a vacina. Ainda mais se tratando das crianças: o boletim mais recente do Ministério da Saúde, (do dia 14 a 20 de agosto) já aponta para um crescimento de doenças respiratórias em crianças de zero a 11 anos em diversos Estados, incluindo o Rio Grande do Sul — analisa o médico. 

Com o objetivo de combater a desinformação, e ampliar a quantidade de crianças imunizadas, o governo gaúcho tem se mobilizado, junto a diversas entidades, para iniciar a vacinação nas escolas até o final do mês. A data prevista para iniciar a ação é o dia 31 de agosto

Baixos Estoques

Outro fator que, segundo pediatras, contribui para uma menor participação no atual estágio da campanha é a menor quantidade de estoques da vacina CoronaVac, a única aprovada para a aplicação em pessoas de três e quatro anos. Cidades como Porto Alegre já anunciaram a suspensão da vacinação da 1ª dose para essa faixa etária. A previsão é que um novo lote seja distribuído pelo governo federal na segunda semana de setembro.

No entanto, dados do governo gaúcho apontam que a baixa oferta não é o principal causador da baixa adesão. Conforme a SES, quando a campanha começou, no dia 20 de julho, foram contabilizadas 172 mil doses aos municípios, um número seis vezes superior à quantidade de crianças de 3 a 4 anos que já foram vacinadas, ainda que insuficiente para atender todo o público alvo. 

Além disso, prefeituras da Região Metropolitana que alertam desde o início da ampliação do público alvo para a possibilidade de ficarem sem imunizantes ainda dispõem de vacinas da CoronaVac. É o caso de cidades como Novo Hamburgo, Viamão, Canoas e Sapucaia do Sul. 


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