Bicharada
Dia alerta sobre a raiva, doença letal
A enfermidade é transmitida pela saliva através de mordidas, lambidas e arranhões de animais ou pessoas infectados
No dia 28 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Combate à Raiva, data que conscientiza e alerta sobre essa zoonose – doença que pode ser transmitida entre animais e pessoas. O dia foi escolhido em homenagem ao cientista francês Louis Pasteur, que produziu a primeira vacina antirrábica (contra a raiva) eficaz e que faleceu nesta data em 1895.
A raiva é causada pelo vírus Lyssavirus e afeta apenas mamíferos. A doença é transmitida pela saliva através de mordidas, lambidas e arranhões de animais ou pessoas infectados. Instalado no organismo, o vírus causa danos neurológicos graves, além de afetar o sistema límbico, responsável pelas emoções, causando distúrbios comportamentais – por isso o nome da enfermidade. Mesmo quando os acometidos pela doença são submetidos a tratamentos, a raiva raramente tem cura, levando ao óbito em quase todos os casos.
No Rio Grande do Sul, os surtos de raiva em cães e gatos estão controlados, segundo Aline Campos, chefe da Divisão de Vigilância Ambiental e coordenadora do Programa de Controle da Raiva do Estado. Porém, a disseminação continua acontecendo, mesmo que em níveis baixos, principalmente através de morcegos. Nesse sentido, a prevenção é a chave para manter a doença controlada.
A doença
Amanda Eveline Lermen, 25 anos, médica veterinária residente em Saúde Coletiva da UFRGS, explica que alguns indícios podem ajudar a identificar a raiva animal, como o bichinho ter sido exposto a morcegos ou a uma região com registro de caso positivo da doença. Falta de vacinação e histórico de agressão a outros animais também podem ser indicativos.
– Mas nem todo animal agressivo é um portador de raiva – alerta.
Após a infecção, o vírus fica incubado em um período variável entre as espécies, podendo ser de dias a meses. Então, o animal inicia a transmissão da doença e manifesta os sintomas em 10 dias. Cinco a sete dias depois, o óbito pode acontecer.
Prevenção
Na série histórica de casos de raiva humana no Brasil houve só duas curas. Em animais, o índice de sobrevivência é ainda menor. Por isso, a prevenção é o melhor remédio, por meio da vacina antirrábica. A dose deve ser aplicada anualmente – incluindo bovinos e equinos.
No Estado, devido ao controle da doença, grandes campanhas públicas de vacinação estão suspensas. Por esse motivo, o tutor deve se responsabilizar pela imunização do seu mascote. Cães e gatos a partir dos quatro meses já podem ser vacinados.
Pessoas que tenham sido expostas ao vírus da raiva devem lavar imediatamente o ferimento provocado pelo animal, além de procurar uma unidade de saúde para tomar vacina e soro antirrábicos logo após o incidente.
Sinais clínicos e sintomas
Em animais
/// Mudanças no comportamento
/// Inquietação
/// Confusão
/// Agressividade espontânea e sem causa aparente
/// Isolamento
/// Preferência por locais escuros
/// Dificuldade para engolir
/// Paralisia das patas traseiras
/// Salivação excessiva, fazendo com que o animal deixe de se alimentar ou de beber água
/// Em morcegos, pode-se desconfiar de raiva ao observar a presença desses animais durante o dia, expostos ao sol, em locais diferentes do seu habitat natural e com dificuldade de voo e/ou orientação
Em humanos
/// Febre
/// Mal-estar
/// Perda do apetite
/// Dores de cabeça e garganta
/// Náuseas
/// Irritabilidade
/// Inquietude
/// Sensação de angústia
/// Delírios
/// Espasmos musculares
/// Convulsões
Morcegos: como agir?
/// A médica veterinária Amanda reforça que, apesar de o morcego estar associado à transmissão da raiva, estes animais são extremamente importantes para a natureza, fazendo o controle de insetos e a polinização de plantas. Portanto, são animais silvestres protegidos por lei e não devem ser mortos no caso de entrarem em casa.
Em Porto Alegre: quando notificar o município?
/// Presença de morcego com alteração de comportamento ou que morreu no domicílio podem ser notificados à Equipe de Vigilância de Antropozoonoses (Evantropo), através do canal 156, disponível 24 horas, ou pelo telefone (51) 3289-2459, de segunda a sexta, das 9h às 17h.
/// Presença de morcego aparentemente saudável ou colônias de morcego podem ser notificadas à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) também pelo 156 ou pelo telefone (51) 3289-7517, de segunda a sexta, das 9h às 17h.
/// Em caso de dúvida, ligue para o Disque Vigilância pelo telefone 150, que funciona 24 horas.
Produção: Júlia Ozorio