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Faltam monitores e professores em escola de educação infantil de Porto Alegre

Com profissionais a menos, escola termina as aulas antes do horário regular, atrapalhando a vida de pais e causando prejuízos educacionais para alunos

05/09/2022 - 17h20min

Atualizada em: 05/09/2022 - 17h25min


Com falta de professores e monitores, a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Miguel Granato Velasquez, no bairro Sarandi, em Porto Alegre, termina as aulas das turmas Jardim 1 e Berçário 2 antes do horário regular. Isso atrapalha a vida de pais e alunos da instituição.

Desde fevereiro, com a retomada das aulas, a escola, que atendia das 7h às 19h, passou a receber a turma de Jardim às 10h e liberá-la às 17h30min. Em junho, o berçário também começou a ter aulas reduzidas, com entrada das crianças às 7h e saída às 16h. Mais recentemente, em 15 de agosto, a turma do berçário também teve que começar a lidar com aulas em dias alternados – em uma semana há dois dias de aula, e, na outra, três dias.

“Inviável”

A avó Edite Claudete Zappe, 67 anos, diretora escolar aposentada e moradora de Alvorada, começou a ir, ao menos, duas vezes por semana a Porto Alegre para buscar e levar os netos à escola. As viagens de cerca de 40 minutos acontecem desde a redução dos períodos de aula. Com os pais trabalhando integralmente, parentes e amigos da família se tornaram a alternativa para que as crianças possam continuar frequentando a escola.

– É uma situação inviável. Em uma semana, um dos meus netos teve apenas quatro horas de aula. Como os pais, que trabalham integralmente, vão levar e buscar um filho para a escola? Imagina dois, com horários de entrada e saída diferentes. É insustentável. Se não tiver apoio, não tem como –  analisa a avó.

Quando não há parente ou amigo da família disponível para levar e buscar as crianças, os pais precisam pedir liberação no trabalho – situação que vem causando desgaste na vida profissional da família.  

Prejuízos

As idas e vindas recorrentes na escola causam prejuízos financeiros. A avó conta que está gastando muito por mês com gasolina para realizar as viagens até Porto Alegre. O filho e a nora, que se deslocam do trabalho até a casa de Edite para pegar as crianças e levá-las para a casa, na Capital, também. 

Alguns parentes não possuem carro, então, além do desgaste financeiro com transporte público, têm ainda um desgaste físico, de conduzir duas crianças pequenas até as suas casas. 

Para a avó, o principal prejuízo, porém, está no desenvolvimento das crianças.

– A falta de estar na escola corretamente afeta o aprendizado, o desenvolvimento intelectual, psicológico e motor da criança. Todos ficamos inseguros, sem saber o dia de amanhã delas. No futuro, tudo o que eles não aprenderam será cobrado – pontua Edite.

Em casa, a avó, que trabalhou muitos anos com Educação Infantil, propõe atividades para repor a falta de aulas, mas confessa que é difícil sem a estrutura da escola.

– A gente tenta estimular eles em casa, com atividades, brincadeiras, mas não é a mesma coisa que um ambiente escolar, com colegas e professores – conclui.

A família entrou em contato diversas vezes com a diretoria da escola e com a ouvidoria de Porto Alegre para explicar a situação e pedir providências. Segundo Edite, era informado que a escola estava com falta de profissionais e que ainda não havia uma previsão e normalização. A avó também recorreu ao Conselho Tutelar, que falou que a situação não é do escopo do órgão, então não era possível ajudar.

Smed: profissionais já foram chamados

A reportagem entrou em contato com a direção da escola, que informou que apenas a Secretaria Municipal de Educação (Smed) poderia responder pela situação. A Smed, por nota, disse que a EMEI Miguel Granato Velasquez está com falta de oito monitores e dois professores. No entanto, diz que a escola “tem feito ajustes nos horários de atendimento às crianças, para tentar garantir que não haja o fechamento de turmas’’. 

A Secretaria ainda disse que, desde o começo do ano, a escola já recebeu cinco monitores, dois professores de Educação Infantil e um de Educação Física. A previsão é de que os profissionais que faltam comecem a trabalhar na escola nas próximas semanas.

Produção: Júlia Ozorio



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