Papo Reto
Manoel Soares: "O amor muda"
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados
Eu ando muito preocupado com o mundo que estou construindo para os meus filhos. Pode não parecer, mas a nossa casa é o mundo de nossas crianças. O que acontece ali é o que os pequenos vão entender como certo e errado. Atualmente, estamos ensinando nossos filhos a odiar muitas coisas, a criticar muitas coisas. Ensinamos o que eles não podem ser, ao invés de dizer tudo que eles podem ser. Ao invés de incentivarmos as perguntas, alentamos eles com respostas, enchemos o coração deles de certezas baseadas em nossas experiências.
O mundo que nós vivemos não é esse de hoje, ou seja, as decisões que obrigamos nossos filhos a tomar pertencem ao passado, não ao futuro. Preparar as gerações que nos sucedem para viver o que está por vir é o maior gesto de amor, pois os animais extintos foram os que não se adaptaram às mudanças do mundo. Quando nosso filho é racista, não gosta de gays, acha que o homem tem mais direitos que a mulher, estamos criando ele para o passado e não para o futuro, estamos condenando nossos filhos ao isolamento, e quem se isola, é presa fácil.
Não existe uma forma de ensinar nossos filhos a pensarem diferente se nós não pensarmos diferente. Temos que evoluir de fato para impulsionar a evolução. Para isso, o primeiro passo é entender que não sabemos nada desse mundo. Achar que somos o centro do mundo é uma marcha à ré na evolução da vida. Quem quer garantir um futuro para quem ama precisa reconhecer que o nosso mundo é somente parte do que eles precisam, a outra parte está no coração deles.