Seu Problema é Nosso
Moradora de Alvorada espera há mais de dois anos por consulta com reumatologista
Solicitação da paciente Adriana Barbosa de Freitas Franco foi feita em 1º de setembro de 2020
Com dores nas articulações, a dona de casa Adriana Barbosa de Freitas Franco, 51 anos, aguarda há cerca de dois anos por uma consulta com reumatologista. O tempo é acompanhado por ela pelo portal que aparece junto ao comprovante de solicitação da consulta (saude.procempa.com.br/cidadao): o site aponta um tempo médio de espera de 482 dias para a especialidade e a prioridade da paciente, que é moradora de Alvorada. Mas já se passaram mais de 760 dias.
As investigações em torno das dores de Adriana começaram por volta de 2011. Ela lembra que, em 2017, foi encaminhada para um ortopedista no Hospital Independência, na Capital. E, em 2018, fez uma cirurgia no punho. Dois anos depois, o médico pediu encaminhamento e avaliação reumatologista para a paciente, que tem "dor crônica poliarticular de difícil controle", conforme consta no papel entregue a Adriana.
— Eu não posso ficar em pé muito tempo, não posso fazer caminhada, o meu serviço diário é muito prejudicado e meu sono também, aí foi passado remédio para eu dormir porque eu não dormia de dor — explica ela.
Para se manter
A moradora de Alvorada foi em um posto da cidade e, de lá, partiu o encaminhamento. A solicitação foi feita em 1º de setembro de 2020. Segundo a paciente, a consulta deve ser no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre.
A suspeita é de que Adriana possa ter fibromialgia, que se manifesta a partir de dores em todo o corpo. A paciente faz todo o tratamento pelo SUS.
— Particular, eu não tenho condições. E no meu convênio, que é daqueles mais baratinhos, eles estão sem reumatologista no momento — afirma.
Adriana vê na consulta com um especialista uma esperança de melhorar e de conseguir se aposentar ou garantir algum auxílio. Em outras ocasiões, entrando com processos na Justiça, já conseguiu receber auxílio-doença por um período. O último benefício, por exemplo, foi recebido em janeiro, referente aos oito meses anteriores.
Ela explica que o problema é que, pela avaliação do ortopedista, os exames mostram que as inflamações diminuíram. As dores, porém, continuam.
— Acredito que lá, eu sendo avaliada da maneira correta, eu vou ser, sim, ou aposentada ou ganhar um tempo maior de benefício para tratamento.
Em setembro, ao acessar o portal, Adriana viu que não estava mais na fila de espera. Ela contatou a Ouvidoria do SUS do Rio Grande do Sul, que informou que faltavam alguns dados da paciente — dados que anteriormente estavam no sistema. No dia seguinte, o problema foi resolvido. A situação, porém, gerou confusão e nervosismo, conta Adriana.
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O que dizem as secretarias de Saúde
O DG foi em busca de respostas junto ao município de Alvorada. Por meio de nota, a prefeitura explicou que a paciente foi encaminhada para consulta com especialista, via sistema Gercon (que faz a regulação de consultas especializadas do SUS), sendo avaliada pelo médico regulador do Estado, que realizou a classificação e priorização do caso. E que, "neste momento, a Secretaria Municipal de Saúde aguarda disponibilização de consulta para a paciente via sistema".
A orientação dada é para que Adriana atualize os dados cadastrais, junto à unidade básica de saúde, "pois está sem atualização há mais de um ano". Com a atualização, a pasta informa que pode ser feita uma revisão na prioridade da paciente, por parte do Estado.
Já a Secretaria Estadual da Saúde pontuou que não fornece informações sobre pacientes por conta da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Quando questionada sobre os motivos gerais para demora em agendamentos, a secretaria afirmou que "critérios técnicos embasam a prioridade dos usuários para atendimento, conforme regem os princípios do SUS".
Além disso, devido à pandemia, diz que "muitos atendimentos foram postergados e, agora, enfrentamos um período de pico pós-covid". Não há prazo estimado para retorno à situação pré-pandemia.
Produção: Isadora Garcia