Rede de apoio
Casa de passagem abre em Porto Alegre com capacidade para atender mais de cem mulheres vítimas de violência
Além de estadia provisória, abrigo oferece assistência psiquiátrica, jurídica e social
Mulheres vítimas de violência podem ser encaminhadas para um novo espaço de acolhimento e atendimento 24 horas, em Porto Alegre. Com início das operações na segunda-feira (28), a Casa Betânia é a primeira casa de passagem desse tipo na Capital e foi preparada com uma equipe multidisciplinar para oferecer estadia a mulheres e aos filhos delas, além de assistência psicológica, jurídica e social.
O diferencial do espaço é ser uma alternativa temporária para casos urgentes, com encaminhamento pelo Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) ou pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Porto Alegre, inclusive sem necessidade de registro de ocorrência. A ideia é que entidades parceiras possam ajudar a identificar as vítimas e facilitem a chegada delas até os responsáveis pelo andamento do processo.
— Essa casa tem capacidade para receber até 105 mulheres, não há outro abrigo com tantas vagas — explica a coordenadora dos Direitos das Mulheres em Porto Alegre, Fernanda Mendes Ribeiro.
Por ser uma estadia provisória, as mulheres podem ficar 15 dias no local — um prazo que pode ser prorrogado uma vez, por até mais 15 dias. Nesse período, é avaliado o perfil de cada uma para identificar quais são as necessidades dela no momento e estabelecer um plano de ação que permita a ela retomar a rotina com segurança. Se necessário afastamento do emprego, o abrigo aciona o empregador da vítima para analisar maneiras de ela não ser prejudicada no trabalho.
Como funciona a casa
O espaço conta com 21 suítes e cada uma pode acomodar até cinco pessoas. Nesse formato, é possível que os filhos, se menores de 18 anos, dessas mulheres permaneçam com a família. Em outros abrigos há restrições, principalmente à permanência de meninos, por causa dos quartos coletivos.
A estrutura oferece biblioteca, sala de brinquedos, computadores e atividades. As escolas das crianças também são contatadas para traçar o melhor planejamento, de modo que possam seguir estudando à distância, de forma a evitar que elas tenham contato com o agressor.
Além disso, para manter a segurança das acolhidas, o endereço da casa não é divulgado e não é permitido o uso de celulares.
— Este é o meio por onde o agressor fica insistindo e perpetuando essa violência. Então, tu tirar é uma forma de a gente conseguir trabalhar com ela emocionalmente. Para se comunicar com a família, é estabelecida uma rotina para ela falar e não vai ficar sem contato — explica Fernanda.
O projeto da Casa Betânia é de responsabilidade da Coordenadoria da Mulher da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) e gestão da Organização Social Civil Centro Social Gianelli. Todos os recursos necessários, como alimentação, vestuário e itens de higiene são fornecidos pelo município e complementados por doações e ações sociais.
Até a manhã desta terça-feira (29), não havia encaminhamento para a casa de passagem, o que é visto como algo positivo pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. No entanto, a pasta diz estar atenta porque a procura por este tipo de atendimento aumenta aos finais de semana.
Onde denunciar casos de violência contra mulher
- Centro de Referência de Atendimento à Mulher- 3289.5110
- Delegacia da Mulher de Porto Alegre: (51) 3288-2673 ou (51) 3288-2173
- Central de Atendimento à Mulher - Disque 180
- Defensoria pública (Núcleo Especializado de Atendimento às Mulheres Vitimas de Violência Doméstica e Familiar): (51) 3225-0777
- Brigada Militar - 190