Há Vagas
Conheça o perfil de temporário que as empresas procuram
De acordo com uma pesquisa da Fecomércio-RS, mais da metade dos estabelecimentos do Estado pretende recrutar trabalhadores para o período final do ano
Para uns, a reta final do ano é o momento de ir às compras. Para outros, de aproveitar as oportunidades de trabalho temporário, que devem aumentar em 2022.
Uma pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) com 385 estabelecimentos do Estado mostrou que 55,2% deles devem buscar temporários nesse período. Deste grupo, 52,8% devem contratar em maior número que no ano passado. Em estabelecimentos comerciais consultados pela Fecomércio-RS, a área de vendas é a que mais deve recrutar pessoas, seguida pela de serviços gerais.
Já entre os supermercados, segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), a estimativa é de 3,6 mil contratações aproximadamente. Neste caso, para atuação durante as festas de final de ano e ao longo da temporada de verão no Litoral.
A seguir, o Diário Gaúcho mostra a seguir o perfil que as empresas estão esperando e traz dicas, tanto para conquistar uma vaga quanto para garantir a efetivação.
Vendas como atividade principal
De acordo com o estudo da Fecomércio-RS, o perfil procurado por estabelecimentos que buscam mão de obra temporária reúne cinco características principais: atuação na área de vendas, não obrigatoriedade de experiência, disponibilidade de aprender, ensino médio como qualificação mínima e disponibilidade de horários.
– Como sempre, a área de vendas é a com maior demanda de pessoas. Só que a gente precisa pensar que, nos pequenos negócios, essa atividade se desdobra um pouco. Vai ter que lidar com estoque, ajudar no caixa também – alerta Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio-RS.
Apesar da versatilidade que é procurada pelos empregadores, mais da metade deles não faz exigências para a contratação. Patrícia avalia que isso indica um grande espaço para pessoas que não têm experiência, mas estão dispostas a aprender.
– Eles (empresas) precisam de alguém que esteja disposto a aprender técnicas de venda e de atendimento – afirma.
"Pessoas com vontade de trabalhar"
Diretor de Recursos Humanos do Grupo Asun, Duílio Cerva Neto diz que a rede de supermercados tem uma visão semelhante. A exigência por qualificação ou experiência não é o foco para viabilizar o preenchimento de aproximadamente 800 vagas temporárias.
– Nós buscamos jovens ou profissionais com mais idade, enfim, pessoas com vontade de trabalhar, porque nós ensinamos, orientamos e treinamos as pessoas nas lojas – afirma.
No caso do Asun, tão importante quanto a disponibilidade de aprender é estar no Litoral, onde fica concentrada a maior parte das oportunidades. É lá que a demanda dispara em função do grande movimento de clientes nos meses de verão.
– É uma possibilidade para quem quiser trabalhar meio período e ainda aproveitar a praia. Tem opções que deixam livre o período da manhã ou a partir do meio da tarde – explica Duílio.
Disponibilidade de horários e Ensino Médio completo
Ainda que muitos empregadores não imponham um alto número de exigências para a contratação dos temporários, a pesquisa da Fecomércio-RS mostrou que alguns pontos são fundamentais. Um deles é ter Ensino Médio completo.
– Não se pode pensar que, no mundo de hoje, é possível escolher não ter o Ensino Médio. Mesmo quem acha que passou dessa fase precisa procurar um EJA. Não porque essa qualificação vai abrir portas, e sim para garantir que elas não sejam fechadas – aponta Patrícia.
Outro ponto levantado pela economista, com base nos resultados do estudo, é a importância de que os candidatos tenham disponibilidade de horários. Isso porque, durante o período de festas, o comércio costuma estender seu horário de atendimento e demandar mais dos profissionais.
– Em geral, inclusive, os estabelecimentos contratam nessa época para cobrir essa grade de horários que ficou mais ampla – finaliza.
Efetivação é uma possibilidade
De todos os estabelecimentos que pretendem recorrer à mão de obra temporária, metade deles considera efetivar os funcionários inicialmente temporários. Foi o que aconteceu com o cozinheiro do Grupo Asun Henrique Oliveira de Melo, 29 anos.
– Eu nunca tinha trabalhado como temporário, então, tive receio, sabe? Pensei: “É aquele período e, depois, vão me mandar embora, vou ter que voltar a procurar” – conta.
Ele foi contratado como auxiliar de cozinha temporário em novembro do ano passado e efetivado nove meses depois. Hoje, completando um ano de trabalho, considera que a experiência foi um sucesso. Isso porque a insegurança se tornou passado logo depois da contratação.
Henrique conta que, desde o início, a empresa e os colegas estiveram ao seu lado, fazendo com que ele ficasse à vontade no desempenho das funções. Outro ponto essencial e que funcionou como um estímulo foi o contratante ter deixado clara a possibilidade de efetivação:
– Eu sempre dei o meu máximo e, quando me efetivaram como cozinheiro, em um nível maior, mas em que eu já tinha experiência, foi muito gratificante.
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O caminho percorrido por Henrique é uma síntese do que o professor dos cursos técnicos e de formação continuada do Senac-RS Andrew Carvalho Pinto considera o correto. Ou seja, mostrar à empresa, de forma dedicada e comprometida, que há interesse em permanecer, como efetivo.
– O temporário oferece a possibilidade de a pessoa mostrar todo o potencial profissional em busca da efetivação. São vários dias ou semanas, em um momento que é muito importante para esses estabelecimentos. A pessoa pode mostrar todo o seu profissionalismo, dedicação, empenho e proatividade – avalia.
Veja dicas de como conquistar uma vaga
/// Em torno de 75% dos estabelecimentos pesquisados devem contratar diretamente os profissionais, por isso, ir presencialmente buscar as vagas pode ser importante.
/// Caso não seja viável sair para procurar estabelecimentos com oportunidades abertas, uma alternativa é buscar nas redes sociais. Muitos locais divulgam em seus perfis as vagas disponíveis.
/// Por isso, cuidar do seu próprio perfil nas redes é importante. Evite publicar ou compartilhar conteúdos polêmicos ou inadequados, que podem afastar o empregador.
/// Tanto pessoalmente quanto pelas redes sociais, procure ser claro, objetivo e simpático ao abordar as empresas. Lembre-se que a primeira impressão, deixada por você e pelo seu currículo, é muito importante.
/// Evidencie no currículo as formações ou experiências que podem lhe ajudar a conquistar a vaga. Por exemplo, para uma vaga de vendedor, deixe claras as vivências, formações ou habilidades que tiver nessa área.
/// Procure se mostrar disponível para o que a empresa está buscando, principalmente, se possível, em relação a um horário mais flexível nesta época do ano.
/// Busque informações sobre a empresa antes da entrevista. Conhecer brevemente a história do local, o que o estabelecimento vende e quais os diferenciais dele é importante.
Fontes: diretor de Recursos Humanos do Grupo Asun, Duílio Cerva Neto, professor do Senac-RS Andrew Carvalho Pinto e economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo.
Veja dicas de como ser efetivado
/// Procure, desde o início, saber junto à empresa se há a possibilidade de ser efetivado. Se houver, deixe claro que tem interesse.
/// Preste atenção no que o empregador quer de seus funcionários e valoriza neles. A partir disso, dedique-se a atender essas expectativas.
/// Busque conhecer cada vez mais sobre a empresa, os produtos que ela oferece e os clientes que ela atende. Isso vai ajudar a melhorar seus resultados e causará boa impressão nos empregadores.
/// Procure se integrar à equipe, conversar e trocar informações com colegas. Não se coloque como concorrente de ninguém. Quanto melhor for seu relacionamento, maiores são suas chances de permanecer na empresa.
/// Esteja aberto às propostas da empresa. Não necessariamente a possibilidade de efetivação surgirá no mesmo local ou função em que você foi contratado como temporário.
Fontes: diretor de Recursos Humanos do Grupo Asun, Duílio Cerva Neto, professor do Senac-RS Andrew Carvalho Pinto e economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo.
Produção: Guilherme Jacques