Papo Reto
Manoel Soares: sorte na Copa
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados
A galera pirou com o gol do Richarlison. A naturalidade com que ele fez o extraordinário o colocou no topo da lista da Copa do Mundo em fração de segundos. A questão é que as pessoas sempre acham que os momentos de glória são os que definem quem somos.
Poucos dias antes de começar a Copa, eu conversei com seu Antônio, pai de Richarlison.
Um homem simples que trabalhou na roça e em pedreiras para ajudar o filho a realizar o sonho de jogar futebol. Pouco antes de rolar a convocação, ele sofreu com o filho que, por conta de lesões, via a possibilidade de vestir a camisa da Seleção cair por terra.
Pois na Copa, na hora em que a bola chega no pé do Richarlison, ele a domina de um jeito nada convencional e faz algo que fica entre um voleio e uma bicicleta. Essa jogada foi ensaiada milhares de vezes, imaginem o nível de obsessão para se chegar naquela perfeição. Não é sorte, nunca é. Quem brilha daquele jeito vive uma rotina de disciplina e atenção permanente.
Se levarmos para a nossa vida, não é diferente: você aí, quando consegue algo, sempre tem aquele parente babaca que vai colocar a palavra “sorte” para definir sua conquista. Os anos que você acordou cedo não contam, as sextas que você não foi pra balada não contam, os fins de semana estudando não contam. Colocam na conta da sorte para tentar se convencer de alguma forma que o destino não foi justo com eles, mas te beneficiou.
Sorte é quando a oportunidade encontra a competência. Quando a bola chegou no pé do Richarlison, ele estava preparado. E você, está pronto para a sorte na vida?