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Após quase um mês

Pouco mais de 2,5 mil crianças entre seis meses e dois anos foram vacinadas contra a covid no RS

Grupo de três a quatro anos também apresenta baixa adesão; confira as recomendações para cada faixa etária

16/12/2022 - 08h31min

Atualizada em: 16/12/2022 - 08h32min


Jhully Costa
Jhully Costa
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Bruno Todeschini / Agencia RBS
Vacina Pfizer Baby é indicada para crianças de seis meses a três anos

Quase um mês após o início da vacinação contra a covid-19 para crianças entre seis meses e dois anos com comorbidades, somente 2.560 receberam a primeira dose no Rio Grande do Sul. Os dados do painel do Ministério da Saúde foram atualizados na noite de quarta-feira (14) e, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES), referem-se às aplicações já notificadas, podendo haver represamento de registros no sistema.  

O público total nesta faixa etária no Estado é estimado em 402 mil crianças, segundo informou a pasta nesta quinta (15). Entretanto, não se sabe quantas dessas tem comorbidades consideradas para a vacinação — a lista abrange mais de 20 condições de saúde (veja a lista abaixo), sendo a maioria de notificação não compulsória, ou seja, quando não há registro para cada caso diagnosticado, afirmou a SES. 

A pasta também ressaltou que recebeu somente 48 mil doses da vacina da Pfizer específica para este público, cujo frasco tem a tampa de cor vinho, o que atende apenas 16 mil crianças com as três aplicações. O esquema previsto é de três doses: entre a primeira e a segunda, são quatro semanas de intervalo, e, entre a segunda e a terceira, oito semanas. 

De acordo com o Núcleo de Imunizações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre, dados parciais indicavam a aplicação de somente 352 doses em crianças menores de três anos na Capital, até quarta-feira (14). Em todo o Brasil, a primeira dose do imunizante foi aplicada em 71.755 indivíduos deste público.  

Mesmo sem o número exato de crianças entre seis meses e dois anos com comorbidades no RS, o chefe da Unidade de Internação Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Guilherme Guaragna Filho, afirma que a adesão é considerada baixa, em razão do grande leque de condições de saúde consideradas para a vacinação. O principal motivo para isso, aponta, é a disseminação de informações equivocadas sobre a segurança dos imunizantes — o que também se reflete nos dados de imunização das demais faixas etárias pediátricas.  

Entre as 283.222 crianças de três e quatro anos do RS, por exemplo, que podem receber duas doses da CoronaVac independentemente da condição da saúde, somente 18,8% receberam a primeira aplicação, enquanto outras 8,6% completaram o esquema vacinal com a segunda injeção, de acordo com a atualização de 13 de dezembro do painel de monitoramento da SES. Em Porto Alegre, onde há 34.121 habitantes nesta faixa etária, 23,6% tomaram a primeira dose e 9,9%, a segunda. 

Dados do Ministério da Saúde analisados pelo Observa Infância (Fiocruz/Unifase) em 28 de novembro também mostram que a baixa adesão nesta faixa etária se estende por todo o país. Conforme os números, do total de 5,9 milhões de crianças de três e quatro anos, apenas 1.083.958 haviam tomado a primeira dose da vacina contra a covid e, 403.858, a segunda. 

A cobertura vacinal aumenta no grupo de cinco a 11 anos, mas ainda assim não atinge níveis considerados ideais por especialistas. Cerca de 70% da população de 964.268 habitantes desta faixa etária no Estado têm ao menos uma dose da vacina Pfizer pediátrica de tampa laranja, enquanto 50,4% completaram o esquema de duas aplicações. Na Capital, entre as 117.396 crianças deste grupo, 82% receberam a primeira dose e, 59,7%, a segunda.  

Especialistas reforçam a segurança das vacinas

Guaragna Filho comenta que, nas faixas pediátricas, é comum que os pais tenham mais receio pelos filhos do que por si mesmos, o que explicaria os responsáveis que tomaram a vacina, mas não levaram as crianças para receber as doses. Diante disso, destaca que os imunizantes são como as outras medicações: possuem bula, passam por fases de pesquisa e avaliação, são submetidos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a vários outros estágios até a liberação. 

— As vacinas são superseguras. Essa para bebês já está liberada há meses nos Estados Unidos, que vêm fazendo estudos que mostram que ela é segura. E é ainda mais importante nesses pacientes com doenças crônicas, que são as maiores vítimas da covid-19. Vacina age na prevenção e não vamos conseguir erradicar ou tornar a covid-19 uma doença comum se não vacinarmos. O vírus não vai esmorecer enquanto não tivermos uma vacinação plena — ressalta. 

Para José Paulo Ferreira, pediatra da diretoria da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), a demora na liberação das vacinas para as crianças, somada à redução dos índices de contaminação por covid-19, fez com que as pessoas se preocupassem menos em buscar a imunização para os filhos. Além disso, o especialista destaca que a campanha mais recente ainda não está aberta para todos os menores de três anos, já que o RS recebeu poucas doses: 

— As pessoas foram perdendo o medo da gravidade da doença. E a falta de informação e de diálogo com a população (sobre onde tem vacina disponível e qual o público-alvo) também está deixando os pais confusos, fora o medo das vacinas, por serem novas.  

De acordo com a SES, enquanto não houver o recebimento de novas doses do Ministério da Saúde, não há previsão de abertura da vacinação para crianças sem comorbidades. A pasta aponta que, como são cerca de 402 mil crianças entre seis meses e menores de três anos, agora estão sendo priorizadas aquelas “com doenças crônicas ou outros quadros clínicos que representam maior risco de agravamento ou até óbito no caso de contágio”. Também afirma que o Ministério não anunciou novos repasses até o momento. 

Ferreira acrescenta que, neste momento, o que há de mais efetivo para segurar a pandemia de covid-19 são as vacinas, cada uma para sua respectiva faixa etária. 

— Se a família quer tentar proteger a criança deve fazer a vacina que está disponível no posto. A Sociedade de Pediatria considera importante que as crianças se vacinem, não só para covid, mas para todas as outras doenças que estão no calendário de vacinação — reforça. 

Recomendações para cada faixa etária

De seis meses a menores de três anos
Até o momento, indicada somente para crianças com comorbidades
Vacina: Pfizer baby (tampa vinho)
Esquema: três doses (segunda quatro semanas após a primeira e terceira oito semanas após a segunda)

De três a quatro anos
Vacina: CoronaVac
Esquema: duas doses, com intervalo de 28 dias

De cinco a 11 anos
Vacina: Pfizer pediátrica (tampa laranja)
Esquema: duas doses, com intervalo de 21 dias

Comorbidades a serem consideradas para vacinação contra a covid-19 de crianças de seis meses a três anos incompletos

  • Diabetes   
  • Pneumopatias crônicas graves  
  • Hipertensão arterial resistente  
  • Hipertensão arterial estágio 3  
  • Hipertensão arterial estágios 1 e 2 com lesão em órgão-alvo  
  • Insuficiência cardíaca  
  • Cor-pulmonale e hipertensão pulmonar  
  • Cardiopatia hipertensiva  
  • Síndromes coronarianas  
  • Valvopatias  
  • Miocardiopatias e pericardiopatias  
  • Doenças da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas  
  • Arritmias cardíacas  
  • Cardiopatias congênitas  
  • Próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados  
  • Doenças neurológicas crônicas  
  • Doença renal crônica  
  • Imunocomprometidos  
  • Hemoglobinopatias graves  
  • Obesidade mórbida  
  • Síndrome de Down  
  • Cirrose hepática

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