Morador do bairro Jardim Alvorada, em Alvorada, o técnico de telefonia aposentado José Izidoro da Silva, espera há quase um ano pelo diagnóstico e retirada de uma espécie de abscesso na perna esquerda. De acordo com a sobrinha dele, a autônoma Sônia Regina Silva Ferraz, 56 anos, até o final de 2022, o idoso de 80 anos estava esperançoso quanto à continuidade do tratamento. Isso porque ele já tinha tido uma primeira consulta com o ortopedista, feito os exames de raio-X e ressonância magnética solicitados e estava com a reconsulta no Hospital Independência, em Porto Alegre, marcada. 

– Só que, um dia antes, me ligaram dizendo que a consulta, agendada para 8 de dezembro, tinha sido adiada e ficaria para o dia 3 de julho de 2023 – conta Sônia.

O caso, relatado à reportagem do DG em 26 de janeiro, teve um desfecho dias depois, em 31 de janeiro. O hospital ligou para Sônia e adiantou a consulta:

– Não sei se vocês (da equipe do DG) falaram com eles, mas marcaram para o dia 8 de fevereiro.

Adiamento da consulta em dezembro não teve justificativa

Contato de referência do tio, que por causa da idade tem dificuldades para lidar com a tecnologia e as burocracias para atendimento de saúde, Sônia ressalta que não houve qualquer justificativa por parte do hospital quando a consulta foi adiada, em dezembro. 

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– A atendente me disse que não tinha como fazer nada, e eu deveria procurar a ouvidoria. Procurei por telefone, mandei três ou quatro e-mails e desisti, porque nunca responderam – desabafa. 

Enquanto isso, o problema de saúde de José seguiu evoluindo: a lesão cresceu e, além de causar fortes dores, passou a sangrar.  

Tratamento caseiro e paliativo é a solução

De acordo com o aposentado, o incômodo causado pelo problema é constante, mas os momentos de dores fortes são ocasionais.   

– Às vezes, vem como se fosse um puxão e dói bastante. Também tem os sangramentos e o inchaço no meu pé – conta o idoso. 

Nestes momentos, a saída é fazer uso de um analgésico, utilizar um curativo caseiro e repousar, conta Sônia. Em nome do tio, ela protesta: 

– No passado, quando ele teve isso, pagamos para operar. Agora que não temos condições para isso, mesmo ele tendo contribuído uma vida inteira, é tratado desse jeito? Acho um desrespeito. 

Hospital diz que ouvidoria analisou caso do paciente

Questionada pela reportagem no dia 31 de janeiro, a assessoria de comunicação da Rede de Saúde da Divina Providência, que gerencia o Hospital Independência, afirmou ontem que a ouvidoria da instituição recebeu uma reclamação do paciente em 20 de dezembro. No mesmo dia, deu início à tramitação da solicitação.

“O caso em questão foi submetido à análise da equipe cirúrgica, e a reconsulta foi antecipada para o dia 8 de fevereiro”, diz a resposta. O hospital afirma ainda que seus atendimentos são 100% via Sistema Único de Saúde (SUS) e que tem “uma alta demanda, o que faz com que as equipes se esforcem para atender a todos”.

Produção: Guilherme Jacques