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Cris Silva: "O que deu errado?"

Colunista traz histórias inspiradoras de vida e trabalho todas as sextas-feiras

03/03/2023 - 10h49min

Atualizada em: 03/03/2023 - 11h48min


Agência RBS / Agência RBS
Cris Silva

Como gosto de ser sempre muito sincera com vocês, eu acho importante dizer que estou escrevendo essa coluna num dia ruim. É difícil eu ter um dia onde a deprê bate, mas hoje estou mal. Fiquei sabendo de uma amiga que está lutando entre a vida e a morte, pois num exame de rotina descobriu um tumor no cérebro. Fez uma cirurgia que deu errado e agora está nessa. 

Não consegui engolir. Respirei fundo, coloquei ela no topo da lista da reza do dia e toquei o barco. Até deparar com o texto da Denise, nossa personagem de hoje. Veio o segundo soco no estômago. Ela transformou a dor incalculável da perda de um filho em livro. Direcionou toda a energia consumida nos dias de sofrimento e nas crises de pânico em textos repletos de realidade. Empreendeu por um motivo nobre: a memória do filho, que se foi cedo demais. Agora, para fazer o lançamento do livro, ela precisa de um valor em dinheiro para cobrir os custos.  

Com vocês, Denise Dutra, 43 anos, moradora do bairro Central, em Gravataí, e autora do livro “Mãe, Amor e Justiça”.

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UM POUCO DE MIM 

“Eu trabalho como assistente administrativo em um supermercado em Gravataí. Sempre gostei muito de ler, meu escritor favorito é o saudoso David Coimbra. Acredito que a literatura tem o poder de informar, de compartilhar ensinamentos. Só que jamais imaginei que um dia eu escreveria um livro. O assassinato do meu filho foi a motivação para começar a escrever.” 

PARA DESABAFAR 

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Denise com o filho Luciano

“Luciano, meu filho mais velho, tinha 19 anos quando aconteceu o crime. Ele voltava do trabalho, vindo para casa, quando foi abordado por um assaltante e, mesmo entregando o celular, foi alvejado com um tiro na cabeça e veio a óbito. Eu nunca havia entrado em uma delegacia, não sabia nada sobre processos e outros detalhes. Então, comecei a estudar tudo que podia para entender o processo e termos jurídicos e, em meio a tudo isso, comecei a escrever textos para desabafar.” 

O LIVRO

“Escrever me ajudava a aliviar um pouco a dor que sentia, me ajudava a colocar os pensamentos em ordem. Conheci o jornalista Renato Dornelles na época dos fatos, e ele foi o único para o qual dei uma entrevista. Pouco antes de completar um ano de falecimento do meu filho, Renato me procurou, queria fazer uma homenagem ao meu filho e pediu para que eu enviasse alguns textos. Ele não queria que meus textos se perdessem. Falei sobre a ideia que meu marido tinha me dado de escrever um livro e, assim, tudo começou.” 

JUSTIÇA

“Eu creio que a literatura consegue levar adiante mensagens e ensinamentos. Ela tem o poder de transmitir esperança, conhecimento e, em especial, fazer a sociedade discutir certos assuntos. Eu quero falar sobre o amor entre mães e filhos, quero transmitir conforto para mães enlutadas mas, principalmente encorajá-las a lutar por justiça.” 

DAQUI PRA FRENTE

“Com o livro, quero chamar a atenção da sociedade sobre o alto índice de jovens que estão entrando para o mundo do crime. Meu filho poderia estar vivo se aquele rapaz tivesse escolhido outro caminho que não fosse matar para roubar. O que deu errado? Por que a diferença entre os dois? Um rapaz de 19 anos que estava trabalhando por seus objetivos, e outro de 20, matando para roubar. O que nós podemos fazer para evitar que outras mães chorem em cima do corpo de um filho? Daqui para frente, quero dar voz ao clamor silencioso dessas mães. Não posso e não quero que a morte do meu filho seja só mais um número na estatística da violência.”

Minha querida Denise, como mãe, me coloco no teu lugar e não consigo imaginar a dor de ter nosso amor arrancado tão precocemente. Espero que, com esta coluna, muitas pessoas conheçam a tua história e te ajudem a manter viva a memória do Lu.

O livro da Denise vai ser lançado no final do mês de abril, em Gravataí. Ela me pediu para divulgar que, para pagar os custos, está fazendo ações como uma vaquinha online e duas rifas de camisetas do Grêmio autografadas pelo jogador Suárez. 

Quem quiser ajudar pode entrar em contato com a Denise pelo Instagram @denise_dutra.

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Prêmios da rifa

RECADO DA CRIS 

“Quem desiste, descansa. Quem persiste, alcança.”



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