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Passageiros de linhas de ônibus com maiores demandas em Porto Alegre começam o dia com filas e superlotação

Reportagem visitou os principais terminais da Capital na manhã desta segunda-feira e ouviu usuários do sistema

04/04/2023 - 09h52min

Atualizada em: 04/04/2023 - 09h53min


Yasmin Luz
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Alberi Neto
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Passageiros formam fila no Terminal Nilo Wullf, na Restinga

Quem precisa usar as linhas mais concorridas do transporte público de Porto Alegre diariamente enfrenta dificuldades nas primeiras horas da manhã. A reportagem de GZH circulou pelos principais pontos de fluxo de passageiros na manhã desta segunda-feira (3) para conferir a situação e ouvir os usuários.

Na Zona Sul, as grandes filas e a lotação dos veículos incomodavam passageiros antes das 6h. A situação era parecida na Zona Norte, no Terminal Triângulo, depois das 7h.

A reportagem chegou ao Terminal Nilo Wullf, na Restinga, por volta das 5h40min. Pessoas já faziam filas para esperar os ônibus. A principal queixa é o "aperto diário".

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Enio levou uma hora para chegar ao trabalho

A linha 110 Restinga/Tristeza chegou ao terminal às 5h49min. Um dos usuários dessa linha é Enio Rosa Nunes, 62 anos, auxiliar de serviços gerais da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Ele aguardava no terminal desde as 5h25min.

— Já sai lotado, sem assentos. Tu sobe no ônibus e tem de sentar, não dá pra escolher. E quando tu vê a fila para entrar já está do outro lado. Pessoal que trabalha nesse primeiro horário chega atrasado — conta.

Com a quantidade de pessoas esperando, o coletivo saiu às 5h57min, dois minutos após o horário da tabela. Nunes chegou ao local de trabalho, a Câmara de Vereadores, uma hora depois.

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Patrícia: "É uma tristeza"

— Essa viagem é uma tristeza — diz Patrícia Costa, auxiliar de serviços gerais de 47 anos.

Ela reclama que o primeiro ônibus da linha sai muito tarde:

— O ônibus sai sempre em cima do horário. Se esse estragar eu acabo chegando atrasada. Se não, chego 6h45min.

A passageira Ana Silva chegou às 6h30min no terminal, mas só pegou o ônibus das 6h50min. Ela e as amigas preferem esperar passar dois coletivos para que consigam circular sentadas.

— Fiquei esperando e fazendo outra fila porque aí a gente consegue não pegar superlotado. Também pela questão do trânsito e acabaria demorando mais para chegar no trabalho — explica.

Outra usuária que não quis se identificar relatou que muitas mulheres acabam sofrendo assédio, devido ao grande número de pessoas dentro dos coletivos.

— Como fica muito apertado, alguns homens acabam passando roçando na gente e se aproveitando da situação — desabafa.

Filas crescem e situação fica complicada no Triângulo 

Quem chega no Terminal Triângulo raramente está pegando o primeiro ônibus. Quase sempre, já é o segundo trajeto do dia. E, por isso, esperar numa outra fila é ainda mais cansativo.

— Saio do Rubem Berta, já tem fila e o ônibus já vem lotado. Aí chega aqui e é isso de novo — conta o construtor civil Diego Reis, 35.

O morador da Zona Norte esperava pelo ônibus 520.3 Triângulo/Santa Casa. Na manhã desta segunda-feira, essa era a linha que, com folga, formava as maiores filas no principal terminal da parte norte de Porto Alegre.

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Usuários chegaram a formar três filas para aguardar ônibus da linha T1

Em alguns momentos, três filas se formavam. Os usuários costumam abrir uma nova fileira quando percebem que a capacidade do ônibus não será suficiente para o tanto de gente esperando.

A reportagem chegou ao Triângulo por volta das 6h20min. O movimento era grande, mas controlado. Filas se formavam, os passageiros embarcavam e os ônibus saíam. Entretanto, com a proximidade das 7h, a situação ficou complicada.

Outra linha muito usada no terminal é o T1 Assis Brasil/Praia de Belas. Assim como o 520.3, a situação era controlada até perto das 7h. Mas, de repente, os T1 sumiram. Enquanto isso, três filas se formavam. Uma delas tinha mais de 60 usuários aguardando pelo ônibus operado pela Carris.

— Muitas linhas são assim de manhã aqui. O ônibus chega, a fila é gigante, já sai lotado, quase não consegue pegar passageiros pelo caminho — diz a zeladora Daiane Souza, 33, que frequenta o Triângulo diariamente.

Foram mais de 20 minutos sem que um T1 encostasse na plataforma para o embarque de passageiros. Foi por volta das 7h22min que o primeiro veículo chegou.

Fiscais de plataforma da Carris comentaram que um dos ônibus estragou, por isso, o intervalo entre as viagens disparou. Até cerca de 7h40min, a situação seguiu, com as filas do T1 reduzindo conforme mais ônibus chegavam.

No meio do trajeto, problema é a frequência

Depois do Triângulo, a reportagem deslocou-se para o viaduto Eduardo Utzig, no cruzamento da Avenida Benjamin Constant com a Rua Dom Pedro II. Por lá, depois das 8h, o problema não é a superlotação nem as filas, mas a frequência entre um ônibus e outro.

— Demora muito e aí, de repente, vêm três ônibus da mesma linha juntos — conta a estudante de Educação Física Laura Bürger, 21, usuária da linha T11 Aeroporto/Terceira Perimetral.

E foi o que aconteceu enquanto a reportagem esteve no local. Um T11 passou pouco depois das 8h50min. Às 9h3min, três coletivos da mesma linha chegaram juntos na parada, praticamente vazios. A situação se repetiu com veículos da linha T12 Restinga/Cairú.

A situação se repete no viaduto São Jorge, na Zona Leste, onde a reportagem chegou às 8h30min — não mais no horário de pico. Não havia filas e tanto o número de passageiros aguardando quanto o de coletivos era menor.

A estudante Clara Maia aguardava o T11 em direção à Zona Sul por 15 minutos.

— É sempre assim, demora pra chegar e quando vem, vem um atrás do outro — reclama.

Yasmin Luz / Agência RBS
Movimento no viaduto São Jorge, por volta das 8h30min

Entre 8h43min e 8h45min a reportagem contou quatro T11 no viaduto São Jorge, em direção à Zona Sul. Já no sentido Zona Norte, o ônibus demorou mais de 15 minutos para aparecer. Quando o coletivo parou na estação, às 8h57min, cerca de 10 pessoas subiram para fazer a viagem, o que deixou o coletivo parado por cinco minutos.

A reportagem levou à EPTC as reclamações dos usuários. A empresa afirmou que repassará as informações à área técnica, para avaliação. Em nota, a autarquia incentivou os usuários a registrarem os problemas encontrados por meio do telefone 118.

Leia a nota da EPTC

Em relação a oferta do transporte coletivo, a Secretaria de Mobilidade Urbana e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informam que em 2022 houve um incremento de mais de 3.600 viagens, bem como ampliação do atendimento noturno e da madrugada. A equipe técnica da mobilidade faz uma análise diária da oferta e demanda para a realização de ajustes com o foco em melhorar o atendimento para o usuário do transporte coletivo. Para que essa análise seja cada vez mais eficaz e reflita na melhora do atendimento é muito importante que os usuários registrem suas reclamações por meio do canal de atendimento ao cidadão, o número 118. Em relação a operação desta segunda-feira, SMMU/EPTC informam que não foi registrada pela equipe técnica nenhuma perda de tabela. Quanto às reclamações apresentadas pelos usuários serão avaliadas individualmente.


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