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Canoas

Com falta de insumos, UTI pediátrica do Hospital Universitário gera incerteza sobre operação na próxima semana

Vistoria do Conselho Regional de Medicina (Cremers) apontou irregularidades na instituição

27/10/2023 - 21h48min


Yasmin Luz
Yasmin Luz
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André Ávila / Agencia RBS
O Hospital Universitário possui 546 leitos e é uma das referências de atendimento para 157 municípios gaúchos

Falta de medicamento, insumos básicos e atraso nos salários. Essas foram algumas das irregularidades detectadas no Hospital Universitário de Canoas, um dos maiores da cidade. O local foi vistoriado durante uma ação conjunta do Conselho Regional de Medicina (Cremers) com diversas entidades nesta quinta-feira (26).

Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade nesta manhã, o presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade, relatou que o maior problema está na UTI pediátrica. Segundo ele, o local não terá condições de permanecer aberto a partir da próxima semana. 

—Nós já notificamos o Ministério Público Estadual,  a Secretaria tanto Municipal da Saúde quanto a Estadual que a partir do dia 4 de novembro não se tem mais condições de manter aquela UTI pediátrica aberta —relata.

O Hospital Universitário possui 546 leitos, incluindo 80 de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), e é uma das referências de atendimento para 157 municípios gaúchos. Segundo Neubarth, na UTI pediátrica, há escassez de médicos e falta de recursos básicos para fornecer um 'atendimento minimamente adequado'.

— Os médicos não estão recebendo salário há mais de três meses, estão tendo que aumentar sua jornada e carga de trabalho. Eles muitas vezes têm que comprar luvas e insumos básicos para prestar um atendimento. Está se prestando um serviço de UTI pediátrica de uma forma um tanto quanto precária. Só está se dando leito, mas não está se conseguindo dar o atendimento adequado — explica Neubarth.

Também em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, reconheceu os problemas e atribui as dificuldades à falta de recursos, incluindo o corte do repasse do programa Assistir, da Secretaria Estadual da Saúde.

— Estamos pedindo ao governo do Estado que não continue com o programa Assistir ou que reformule para não perder os repasses, que variam de 20 a 40 milhões de reais. Isso poderia colocar nossos hospitais em colapso.

A prefeitura informou, ainda, que repassou ao HU R$ 3 milhões nesta quinta.

— Raspamos aqui do caixa (esse valor). Com isso está sendo paga às pessoas jurídicas, que deveriam receber no dia 10. Os médicos celetistas receberam no dia certo, ou seja, no 5º dia útil— afirma o prefeito.

A Secretária Estadual da Saúde, Arita Bergman, informou que está realizando uma revisão técnica do programa Assistir, em um grupo de trabalho, em conjunto com a Associação dos Municípios da Região Metropolitana (Granpal). Sobre o possível fechamento da UTI pediátrica, a secretária afirma que está sendo montado um plano de contingência com a direção do HU.

No começo do mês, a Prefeitura de Canoas anunciou 10 medidas de um plano emergencial para enfrentar a crise no Hospital Universitário. Além das discussões para conter os cortes financeiros de verbas estaduais, as ações incluem o repasse de valores do Executivo à instituição e o leilão de terrenos públicos no município.

O Conselho Regional de Medicina destaca, em nota, que além do HU, vai vistoriar o Hospital Nossa Senhora das Graças e o Hospital de Pronto-Socorro. O relatório das fiscalizações será entregue ao prefeito de Canoas, Jairo Jorge, em data ainda a ser definida. 

Demissão de profissionais

Na tarde de quinta-feira (26), três médicos do Hospital Universitário (HU) de Canoas e da Faculdade de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) foram demitidos. Segundo o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), os profissionais são o até então responsável técnico do HU e coordenador da Comissão de Residência Médica (Coreme), Paulo Nader; a gestora da UTI Neonatal, Silvana Nader; e o vice-presidente do Simers, Marcelo Matias, professor da instituição de ensino. 

Em função disso, alunos da Ulbra e os médicos residentes do Hospital Universitário fizeram um protesto em frente ao prédio e depois seguiram para o HU. Eles apontam que o motivo para o corte foram as denúncias pelos profissionais quanto a problemas existentes na instituição. 

— Eram profissionais incríveis que lutaram diariamente pelos pacientes e pela saúde de Canoas e, devido à reivindicação por melhores condições, foram demitidos - afirma uma estudante de medicina que não quer se identificar por medo.

Já o Hospital Universitário de Canoas esclarece que não houve a demissão dos médicos Paulo Nader e Silvana Nader, conforme divulgado pelo Simers. Segundo a direção do HU, ambos seguem normalmente com suas funções e atribuições dentro do hospital. O prefeito Jairo Jorge também negou as demissões.

— É uma mentira, é um fake news. Nenhum nenhum médico foi demitido.

A reportagem ainda tenta contato com os profissionais.

Ouça as entrevistas à Rádio Gaúcha:



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