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Moradora de Sapucaia do Sul aguarda há seis anos por cirurgia

Demora para receber a prótese de quadril levou Fabiana a usar cadeira de rodas

13/10/2023 - 10h03min

Atualizada em: 13/10/2023 - 13h34min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Aparelho foi comprado por meio de vaquinha.

A longa espera pela cirurgia de artroplastia do quadril degrada cada vez mais a qualidade de vida de Fabiana de Fátima Lemos, 58 anos, moradora de Sapucaia do Sul. Desde 2017, ela aguarda para colocar a prótese nos dois lados do quadril, substituindo os ossos gastos pela osteopenia – condição que provoca perda de massa óssea. Hoje, sem aguentar as dores e com a perda de mobilidade, ela depende da cadeira de rodas para se locomover. 

– Tem noite que eu não durmo, acordo de dor, não tem jeito para ficar. Eu sou uma mulher forte e esses tempos eu chorei de dor, coisa que achava que nunca ia acontecer – desabafa. 

Tratamento 

Em 2015, Fabiana começou a busca por tratamento na Fundação Hospitalar Getúlio Vargas, em Sapucaia do Sul. Foi onde passou por uma série de exames e laudos até que conseguisse entrar, dois anos depois, na fila para a cirurgia. Então, em 2019, quando já estava há dois anos na espera, seu caso foi transferido para o Hospital Universitário de Canoas (HU), que é a cidade de referência para os pacientes de Sapucaia. 

– Eu fui pega de surpresa quando me ligaram da Secretaria da Saúde dizendo que era para ir pegar o encaminhamento. Meu marido foi e disseram que o meu atendimento estava marcado para Canoas e, desde então, estou (esperando) lá. Até pensei: “Oba, agora a cirurgia sai!”, mas não. Isso já faz quatro anos – lembra. 

A essa altura, a coluna de Fabiana também está sendo afetada. Para tentar controlar as dores no corpo, ela faz acompanhamento no posto de saúde próximo a sua casa, onde recebe injeções e medicamentos. Porém, a paciente afirma que os tratamentos já não fazem mais efeito e que, segundo seu médico, o sofrimento só vai passar com a realização da cirurgia. 

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Dificuldades 

A situação foi se agravando ao longo do tempo e a mobilidade de Fabiana, reduzindo. Primeiro, ela aderiu a uma bengala para conseguir se locomover melhor. Depois, passou a depender de um andador que desse mais suporte e, há dois anos, sem ter mais condições de caminhar, começou a usar uma cadeira de rodas. Hoje, ela passa o dia a dia entre a cadeira, comprada com o dinheiro arrecadado em uma vaquinha, e a cama. 

A dificuldade de locomoção inverteu os papéis na casa de Fabiana: antes, ela se dedicava a cuidar da filha que tem paralisia cerebral, mas agora é ela quem mais depende de ajuda. O marido, que é aposentado, largou o trabalho como vigia de condomínio, que ajudava na renda da casa, para estar presente no dia a dia auxiliando a esposa. 

A frustração tomou conta da vida de Fabiana nos últimos anos. Como consequência do esforço para conduzir a cadeira de rodas, agora ela vive com dores nos braços e sente que perdeu o tato das mãos. Isso prejudica uma das atividades que sempre adorou fazer: o crochê. Depois de alguns meses sem mexer nas agulhas, ela tentou voltar ao antigo hábito para se distrair, mas descobriu que já não conseguia mais. 

– Me deu a maior tristeza. Sempre fui uma mulher muito ativa, arrumava a casa, ajudava as pessoas. Agora minhas coisas não são do jeito que eu quero – lamenta.

Mutirão de cirurgias eletivas está previsto no HU 

Em relação à transferência de Fabiana de uma cidade para outra, a Secretaria Municipal de Saúde de Sapucaia do Sul informou que as equipes do Hospital Municipal Getúlio Vargas realizam os atendimentos necessários e, identificando a necessidade de um procedimento cirúrgico, o paciente é encaminhado para a unidade de saúde de referência – nesse caso, Canoas – via Sistema de Gerenciamento de Consultas (Gercon). “A gerência dos procedimentos e de pacientes em espera é de responsabilidade da Secretaria Estadual da Saúde (SES) e não do município de Sapucaia do Sul”, diz, em nota. 

Por outro lado, a SES informou que “pacientes que necessitam de atendimento especializado são regulados conforme avaliação técnica de profissionais de saúde do município de origem e da Central de Regulação. É essa avaliação que determina o momento adequado e seguro para transferência do paciente”. 

Em nota, o Hospital Universitário de Canoas informa que está se organizando para iniciar um mutirão de cirurgias eletivas. Na segunda (9), foi lançado um plano emergencial de reestruturação do HU junto à prefeitura de Canoas para agilizar a normalização dos serviços e diminuir as filas de espera.

Produção: Caroline Fraga



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