Papo Reto
Manoel Soares e a alegria íntima
Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados
É nossa última coluna de 2023, amigos. Um ano muito intenso para mim. Fui do céu ao inferno e vice-versa. Comecei como apresentador da maior emissora do Brasil, fui um dos nomes mais citados no país, meu rosto virou máscara de carnaval e por aí vai. Do nada, fui demitido e tudo que achava que era importante foi reduzido a lembrança. De cada 10 amigos, sete desapareceram junto com o crachá da Globo. Os presentes que chegavam na minha casa, entre outros paparicos, evaporaram.
No começo, até deu um vazio. Parecia que em breve viraria depressão, até que decidi parar de bobagem e cuidar de minha saúde mental. Levei a terapia a sério e, em vez de ficar olhando quem ia embora, passei a prestar atenção em quem ficava. Vi que minha carga de trabalho não me deixava ter uma relação legal com meus filhos autistas. Estava tão ocupado com a carreira que dava a eles o que sobrava de tempo. Um erro do qual eu me arrependeria no futuro.
Conforme o tempo passou vi que esses “amigos” que foram embora não fizeram a menor falta. Eram pessoas que se aproveitavam do status que eu tinha. Os mimos e presentes que eu ganhava também não fizeram falta. Queriam que eu usasse o que me davam na internet para que outros vissem, queriam é propaganda de graça. Coisas que poderia comprar se fosse ao shopping.
Protagonistas
Estou dizendo tudo isso não como um momento de lamentação, mas para que analise a função das coisas não tão legais que aconteceram com você esse ano. Temos que usar os momentos de dejetos experienciais para fazer adubos existenciais. O ano que vem vai ser melhor se fizermos ele ser melhor, senão é só um ano entre o passado e o que virá. Gerenciar as experiências e entender quem somos na fila do pão é importante. Não somos deuses nem demônios. Somos protagonistas de nossa história. Quem quer ser herói ou vítima acaba se perdendo no próprio enredo.
Meu desejo é que, em 2024, você seja sucesso em sua própria vida, pois é o que serei na minha. Se esse sucesso irradiar para o mundo, melhor. Senão, que seja alegria íntima e tudo bem também.