Descontentes com problemas estruturais em vias de Tramandaí, no Litoral Norte, moradores se reuniram e protocolaram no Ministério Público (MP) um abaixo-assinado pedindo melhorias nas ruas dos bairros Nova Tramandaí, Tramandaí Sul, Jardim Atlântico e Oásis. O documento conta com 683 assinaturas e concentra-se principalmente no pedido de uma solução eficaz para prevenir alagamentos. 

A crescente insatisfação dos moradores diante da falta de respostas efetivas às solicitações motivou a organização de reuniões para discutir e exigir melhorias. O documento, enviado ao MP em novembro, destaca questões como vias esburacadas e propensas a alagamentos, além de problemas relacionados à iluminação pública. 

Reuniões 

A primeira reunião, realizada em setembro, contou com a participação de 15 moradores. Vanderlei da Silva, 49 anos, residente da Rua Rio Grande do Norte, no bairro Nova Tramandaí, foi o responsável por convocar os moradores, inclusive enviando convites ao Gabinete do Prefeito, à Secretaria de Obras do município e aos vereadores. No entanto, apenas os moradores compareceram. 

– Ficamos decepcionados, porque ninguém foi lá nos dar explicações. A gente se sente desprestigiado. Honramos com nossas obrigações, que é pagar os impostos, mas não temos retorno – lamenta o árbitro de futebol. 

Após esse primeiro encontro, decidiram formalizar suas reivindicações por meio do abaixo-assinado. Nestes três meses, foram realizadas quatro reuniões. A cada uma delas, o número de participantes aumentava. A última, que aconteceu em novembro, contou com quase 50 moradores. 

– Estamos organizados, temos um grupo (no WhatsApp) com 180 moradores, onde marcamos as reuniões – explica. 

Problemas 

Em dias chuvosos, sair de casa, tanto a pé quanto de carro, é uma tarefa difícil. Mesmo uma leve precipitação é suficiente para alagar as ruas, prejudicando a visibilidade. Como a via fica debaixo d’água, os condutores de veículos não conseguem enxergar os buracos, gerando transtornos aos motoristas: 

– Os carros vivem nas oficinas. Motoristas de aplicativos ou taxistas não entram aqui no bairro, está intransitável. 

Acessibilidade 

Moradora do bairro Jardim Atlântico há um ano, a técnica em enfermagem Cátia Ávila, 47 anos, lamenta que a rotina da filha Suelen Ávila, 28 anos, seja afetada por conta dos alagamentos constantes na Rua Flor de Lotus. A jovem, com diagnóstico de paralisia cerebral, se desloca com o auxílio de uma cadeira de rodas. Além dos buracos ao longo da via, que dificultam a passagem da cadeira, sempre que chove a jovem não consegue sair de casa. 

– Como mãe, fico preocupada. Se é uma emergência, ou um problema mais grave, não tenho como socorrer, porque simplesmente não consigo tirar ela de casa quando a rua alaga – lamenta. 

Cátia também tem um enteado, Davi Silva, 12 anos, que frequenta o sexto ano da EMEF Jorge Enéas Sperb. Em dias de muita chuva, ele não consegue ir às aulas: 

– Não temos como mandar ele para a escola, pois quando chove muito a água bate no tornozelo. Então, ele acaba perdendo algumas aulas.

Prefeitura não dá resposta 

O Ministério Público informou que o documento protocolado pelos moradores tramita em sigilo. O órgão adiantou que já solicitou informações à prefeitura de Tramandaí sobre as medidas que estão sendo tomadas para solucionar o problema. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Obras da cidade, que disse que o tema está sob responsabilidade da Secretaria da Zona Sul. Por sua vez, a pasta não trouxe respostas até o fechamento desta matéria.

Produção: Nikelly de Souza