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Eu Sou do Samba

Tema do enredo, Renato Dornelles relembra trajetória no Carnaval e coluna no Diário Gaúcho

Colunista Alexandre Rodrigues escreve sobre Carnaval e samba todas as sextas-feiras

01/12/2023 - 18h49min

Atualizada em: 01/12/2023 - 18h53min


Alexandre Rodrigues
Alexandre Rodrigues
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Jonathan Heckler / Agencia RBS
Ajudou criar o jornal, do qual até hoje se orgulha de ter feito parte

Caminhar pela redação do jornal com Renato Dornelles é um verdadeiro acontecimento. Prova disso é a foto ao lado, tirada no fundão do quarto andar do prédio do Grupo RBS. Da porta de entrada até lá foi um “Oi, Renatinho” daqui, um “Fala, Renatinho” dali, “Vem aqui, Renatinho”, “Que saudades”, “Meu querido”... Difícil passar despercebido, afinal o lugar foi quase que a segunda casa do jornalista por mais de três décadas, e muitos dos profissionais ali presentes se inspiram no trabalho dele. Eu, obviamente, estou nessa lista. Digo mais: Eu Sou do Samba talvez nem existisse se não fosse Renato Dornelles.

Formado em jornalismo pela PUCRS, em 1986, Renatinho — como é carinhosamente chamado — tem uma extensa história na comunicação gaúcha: já atuou como repórter, radialista, editor e colunista; tem passagem pelas rádios Gaúcha, Farroupilha, Metrô e ABC; acumula mais de 40 prêmios; codirigiu os longas Central — O Poder das Facções no Maior Presídio do Brasil e Olha pra Elas; escreveu Falange Gaúcha e A Cor da Esperança; entre tantos muitos outros feitos.

Mas, aqui, vamos focar no Carnaval, a paixão de Renatinho desde criança:

— Lembro da minha mãe levando eu e meus irmãos para ver os desfiles na (Avenida) João Pessoa. A gente assistia as tribos carnavalescas, que eram fortíssimas naquela época. As arquibancadas ficavam lotadas. Tinha Carnaval pelos bairros também, nos coretos.

Paixão e trabalho

O tempo passou e o amor pela folia foi aumentando. Ainda no Ensino Secundário (atual Ensino Médio), estava decidido a cursar Jornalismo na faculdade e, quem sabe, aliar a paixão por Carnaval com trabalho. Deu mais do que certo!

Pouco depois de formado, recebeu convite do saudoso Carlos Alberto Barcellos Roxo para cobrir Carnaval em Zero Hora, em meados de 1987.  Renatinho foi um dos integrantes da coluna Zé Pereira.

Luiz Armando Vaz / Agencia RBS
Presença ilustre nas quadras

— Éramos uma equipe de umas cinco pessoas e a gente assinava uma coluna coletiva. Cada um ia para uma quadra diferente, buscando informações. Os leitores se perguntavam: “Quem será esse Zé Pereira que vai todas as noites em todas as quadras?” (risos) — lembra, destacando também outra história de bastidores:

— Fui ficando em Zero Hora, escrevendo sobre Carnaval e segurança pública, até ser um dos selecionados de ZH para implantar o Diário Gaúcho (em 2000). Ficamos alguns meses montando jornais pilotos, que não iam para as ruas. Algumas das reportagens até chegaram a ser aproveitadas depois. A gente fazia muito o exercício de adaptar textos para a linguagem popular.

Bênção poderosa

DG pronto, veio outro desafio, proposto pelo então editor-chefe Cyro Martins: criar uma coluna de Carnaval que não seria publicada apenas na época do Carnaval, mas toda semana. Giro de Quadra foi cogitado como nome de batismo. Não dava, pois tinha sido usado em Zero Hora anteriormente. Era necessário algo novo.

— Certo dia, acabando o prazo para dar o nome, minha amiga Célia dos Santos (a Nenê da Praiana) chegou na Redação com o Neguinho da Beija-Flor para me apresentar. Na hora me deu um “estalo”: “Chora Cavaco vai ser o nome da coluna”. Pedi na hora a autorização e a bênção do Neguinho. Ficamos amigos desde então — revela.

Mesmo sem saber cantar, dançar ou tocar instrumento — como o próprio declara —, Renatinho deu o nome e fez da coluna de Carnaval um espaço importante do Diário Gaúcho. A credibilidade dos anos de dedicação ao impresso segue firme até hoje, bem como o apreço dos leitores e fãs:

– Dias atrás, na rua, um senhor me abordou e falou para a esposa: “Tu sabe quem é esse aqui?” Ela me olhou, não reconheceu. E ele: “Esse aqui é o Renatinho Chora Cavaco!” 

Ricardo Jaeger / Agencia RBS
Microfone sempre foi seu aliado

São tantas histórias que dava até um livro. Melhor: um samba-enredo! E é o que vem aí no Carnaval de 2024. Importante escola de Alvorada, a Tradição Alada anunciou, no dia 19 de novembro, Renato Dornelles como o grande homenageado do próximo desfile. O enredo A Esperança Liberta a Mente e a Alma. Renato Dornelles, o Emissário da Justiça vai abordar aspectos como jornalismo, cinema e religião. O momento vem de encontro a outra data especial: no ano que vem, ele completa 60 anos de idade.

Na trajetória marcada por diversas conquistas, ainda há espaço para mais. É assim que Renatinho programa seus próximos passos.

— Ainda tenho muito o que fazer, muito que ajudar o Carnaval a crescer naquilo que for possível. Enquanto eu tiver saúde, ainda quero continuar trabalhando — declara ele, tirando um peso das costas:

— Tenho uma certa frustração de não ter talento pra música. Vim de uma família de músicos. Talvez eu tenha sido brindado com o talento da escrita e a oportunidade de poder usar essa escrita em prol do samba e do Carnaval.

Você é gigante, Renatinho! 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Terá história contada na Avenida

Ao lado do amigo

Uma das maiores relações profissionais e de amizade de Renatinho é com o comunicador Cláudio Brito. 

— Em 1993, o Brito retornou para a Rádio Gaúcha e me convidou para fazer coberturas com ele. Eu ia para as muambas, na rua, e fazia o boletim para ele no estúdio. Em 30 anos, trabalhamos todos os Carnavais juntos. Virou uma grande amizade, que transcende o Carnaval. Ele foi um grande mestre — afirma Renatinho, cheio de histórias para contar.

Os dois estarão novamente juntos neste ano, na cobertura carnavalesca da Rádio ABC. Cláudio Brito vai comandar a atração, todos os sábados, até o Carnaval. Renatinho estará ao lado do amigo no estúdio, fazendo parte da equipe. 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
30 anos de uma linda parceria



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