Notícias



Aedes aegypti

85% dos bairros de Porto Alegre monitorados têm nível crítico de infestação pelo mosquito da dengue

São 39 localidades com índice elevado da presença do inseto; apenas uma teve resultado considerado satisfatório na última semana de janeiro

04/02/2024 - 12h32min

Atualizada em: 05/02/2024 - 16h23min


Beatriz Coan
Beatriz Coan
Enviar E-mail
Denise Righi,PMPA / Divulgação
Novecentas e dez armadilhas capturam fêmeas do mosquito na Capital.

Dos 46 bairros com monitoramento constante da presença do mosquito Aedes aegypti em Porto Alegre, 39 tinham nível crítico de infestação na semana encerrada em 27 de janeiro de 2024 — percentual de 84,7%. Outros quatro bairros estão em estado de alerta, dois têm infestação moderada e apenas um tem quadro considerado satisfatório (veja o mapa no fim da reportagem).

A classificação é feita semanalmente pela Vigilância em Saúde, através do Monitoramento Integrado do Aedes (MI-Aedes). Para isso, 910 armadilhas, que capturam fêmeas adultas do mosquito, estão espalhadas pela cidade e permitem a elaboração de indicadores sobre a infestação do inseto que, além da dengue, transmite a zika e a chikungunya.

Esses indicadores fazem parte dos investimentos e práticas aplicadas ao combate à dengue em Porto Alegre. O nível de infestação nos bairros é associado com as informações sobre os casos registrados da doença e, a partir desse cruzamento, são montados mapas que direcionam as atividades dos profissionais da Vigilância em Saúde.

Os agentes de endemia recebem semanalmente, através desse monitoramento dos casos confirmados e das armadilhas, um mapa de atuação dentro dos bairros da cidade. Eles percorrem esses territórios, vão nas casas, identificam se tem pessoas doentes naqueles locais e orientam a população quanto aos criadouros — informa a diretora da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Evelise Tarouco.

Ela reforma a importância desta ação ao explicar que 75% dos criadouros do mosquito transmissor da doença são locais pequenos que estão dentro dos domicílios e, por isso, é importante que os moradores permitam que os agentes entrem nas residências e auxiliem a identificar possíveis focos. Tarouco também reforça que o cuidado dos moradores deve ser feito semanalmente, já que o ciclo de reprodução do mosquito dura uma semana.

— A gente também precisa que a população faça a sua parte. Não jogue lixo, não acumule, limpe os seus pátios. E esse é um cuidado semanal, porque se um mosquito pousar ali, em uma semana já teremos novos mosquitos no ambiente.

Em janeiro de 2024, Porto Alegre registrou 27 casos de dengue, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. O número representa alta de mais de cinco vezes em relação ao mesmo mês de 2023, quando foram cinco infecções confirmadas.

Alta esperada

A diretora da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Evelise Tarouco, explica que, embora preocupante, o índice elevado de infestação em janeiro era esperado, porque o número normalmente cresce no verão, mas também pelo tempo chuvoso em 2023.

— Esse índice de infestação alto já é esperado para esse período do ano e, além disso, a gente ainda teve um agravante com todas as questões climáticas que aconteceram ao longo de 2023. Então, a gente já esperava que em 2024 teríamos uma infestação um pouco maior do que vivemos nos últimos anos.

A infestação pelo mosquito da dengue em Porto Alegre é medida pelo Índice Médio de Fêmeas de Aedes aegypti (IMFA). Se este indicador registra quociente acima de 0,6, a situação é considerada crítica. Na semana entre 21 e 27 de janeiro, este índice foi de 1,15 na média de Porto Alegre. Foram coletadas 986 fêmeas em 419 armadilhas das 860 vistoriadas, representando quase 49% das armadilhas positivas para o mosquito.

Na semana anterior, entre os dias 14 e 20, o IMFA da Capital foi 0,56, em nível de alerta, portanto. No período de sete dias anterior, de 7 a 13, era 0,72, já no quadro crítico. A prefeitura informou que os boletins com os dados são divulgados de acordo com a situação epidemiológica e, por isso, não há comparativo com janeiro de 2023.

— A dengue existe em Porto Alegre. É uma realidade, todo mundo pode se contaminar e existem formas da gente prevenir isso, que é cuidando do nosso ambiente — reforça Evelise Tarouco.



MAIS SOBRE

Últimas Notícias