Tem dias que não têm só 24 horas, tenho certeza. Nesses, corro para pegar o ônibus após finalizar o expediente, com o intuito de chegar logo em casa e me atirar. O objetivo é não fazer nada, “ser inútil para o meu país”, como dizem.

Às vezes, chego em casa e o caminho até minha cama se ilumina como se fosse um portal para outra dimensão. Ouço anjos cantando e fazendo setinhas com os dedos, apontando para o cômodo.

Mês passado, estava deitada, jogando conversa fora virtualmente, quando recebi uma mensagem da minha irmã, dizendo estar indignada com fulana de tal, por um motivo “X” – o qual me envolvia também. 

Na hora, li a mensagem e não respondi, mas mentalmente aquilo ficou na minha cabeça. Não o caso em si, mas a reflexão de: eu tenho tanta coisa além disso para me preocupar e fazer, que não sobra energia para entrar em uma discussão que não vai mudar nada na vida de ninguém. Haverá troca de farpas e, no final, pedido de desculpas. Bloqueei o celular e dormi. No dia seguinte percebi que eu só não acerto os números da Mega-Sena.

Cheguei à conclusão de que tem que ter tempo e disposição para coisas assim – não que eu nunca tenha, mas tem dias que, ah… preguiça.

Louça na pia

Não sou muito fã de deixar louça suja na pia, mas tem dias (aqueles que citei no início do texto) que… ah, é só um copo! Eu sei que o minuto que eu levaria para lavar não interferiria muito no meu descanso, mas… preguiça.

Deito para dormir – com o copo na pia – e vem a voz da minha mãe na cabeça dizendo: “Vi na internet que os espíritos comem o resto da comida que fica na louça suja.” Dou risada sozinha. Não acredito nem desacredito. Mas, com certeza, não vai ser isso que mudará minha predisposição para lavar a minúscula louça que deixei.

Para não ter problemas e todo mundo sair no lucro, fiz um acordo com eles: podem vir comer, mas lavem a louça depois.