Aplausos finais
Corpo de José Wilker é cremado no Rio de Janeiro
Ator trabalhou até a véspera de morrer no sábado, aos 67 anos
Em uma cerimônia restrita a familiares e amigos próximos, o corpo de José Wilker foi cremado no início da noite de domingo, no Rio de Janeiro. O ator morreu no sábado, aos 69 anos, vítima de infarto. Ao longo do velório, realizado no Teatro Ipanema, o clima de consternação de fãs e colegas somava-se ao choque pela súbita perda.
As filhas do ator, Isabel e Mariana, suas respectivas mães, as atrizes Mônica Torres e Renée de Vielmond, e a namorada de Wilker, Cláudia Montenegro, acompanharam a vigília todo o tempo, desde a chegada do corpo no teatro, no final da noite de sábado. O local escolhido para o velório foi o palco em que Wilker estreou como ator no Rio, em 1969.
Wilker foi visto em público pela última vez na sexta-feira à noite, em um restaurante no bairro Leblon, zona sul carioca, onde jantou com Cláudia. Em seguida, ele foi para a casa dela. No sábado pela manhã, ao perceber que Wilker não respirava, a namorada chamou o socorro médico, que chegou e constatou a morte. O ator Marcelo Serrado disse ter conversado com Wilker na sexta-feira e que ele estava bem. Neste mesmo dia, Wilker dirigiu um ensaio da peça O Comediante, com Ary Fontoura.
A última aparição de Wilker na TV ocorreu na quarta-feira passada, no programa Vídeo Show, da Globo.
Ator seria homenageado em Recife, onde começou a carreira
Apaixonado por cinema, Wilker tinha mais de 4 mil filmes em sua casa e atuava como crítico na imprensa e na televisão. Ele era um dos curadores do Festival de Gramado e seria homenageado no Festival de Recife - Cine PE, que se realizará em Pernambuco de 26 de abril a 2 de maio .
Nascido em Juazeiro do Norte, interior do Ceará, filho de uma dona de casa e de um caixeiro-viajante, Wilker iniciou a carreira de ator em Pernambuco, para onde se mudou com a família em 1959. Sua primeira experiência em dramaturgia foi aos 13 anos, como figurante de teleteatro da TV Rádio Clube, de Recife.
Após radicar-se no Rio, Wilker viveu inúmeros papéis marcantes nos cerca de 50 filmes e 30 novelas que estrelou. No cinema, dois de seus personagens marcantes foram Vadinho, em Dona Flor e Seus Dois Maridos, e Lorde Cigano, em Bye Bye Brasil (1979). Na TV, foi Luís Roque Duarte em Roque Santeiro (1985) e Giovanni Improtta em Senhora do Destino (2004). Sua última participação em novelas foi em 2013, em Amor à Vida. Wilker também encarnou personagens históricos em longas-metragens, como Tiradentes, em Os Inconfidentes (1987), Tenório Cavalcanti, em O Homem da Capa Preta (1986) e Antônio Conselheiro, em Guerra de Canudos (1997).