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Tevê a cabo

Série Animal estreia nesta quarta com sotaque bem gaúcho

Série do canal GNT, rodada em Minas do Camaquã, vai abordar a cura para uma doença rara

05/08/2014 - 12h29min

Atualizada em: 05/08/2014 - 12h29min


Edson Celulari e o diretor da série Animal, do canal a cabo GNT, Paulo Nascimento, em Minas do Camaquã

A busca pela cura para uma doença rara é o enredo principal de Animal, a nova série do canal a cabo GNT, que estreia nesta quarta-feira. Gravada em Minas do Camaquã, distrito de Caçapava do Sul, na Região da Campanha, Animal vai mostrar uma paisagem do Rio Grande do Sul captada por equipe e direção gaúchas, que contam com um elenco da terrinha e de fora.
A série, que será exibida todas as quartas, às 23h, apresenta a história do biólogo João Paulo Gil (Edson Celulari). Doutor Gil volta à fictícia cidade fronteiriça de Monte Alegre em busca dos estudos feitos pelo pai, de quem herdou uma doença: a teriantropia.
O distúrbio faz com que ele pense ser um animal (no caso, um puma) em momentos de crise. E dá ao biólogo os sentidos aguçados, que sempre o auxiliam em seu trabalho investigativo. Em maio, o Diário Gaúcho esteve em Minas do Camaquã para acompanhar um dia de gravações e conversar com elenco e equipe. Embarque nessa aventura!

CTG virou camarim

Depois de mais de três horas de asfalto, saindo de Porto Alegre, ainda é preciso percorrer mais 13km de chão batido até chegar ao galpão do CTG da localidade de Guaritas, distrito de Caçapava do Sul. O local, que não tem sinal de celular, serviu de quartel-general para a equipe de Animal.
Um canto foi transformado em camarim. Em uma mesa improvisada, estava a postos a pouca maquiagem usada pelos personagens, e uma lâmpada enjambrada dava mais luz ao espelho, apoiado na parede de madeira.
Em outro canto, pilhas de caixas de plástico com os equipamentos, figurinos e adereços de cena guardados. O galpão ainda servia como refeitório, sala de descanso e de café, escritório para a produção e local para entrevistas.
A meia dúzia de passos do local, de costas para as montanhas de pedra, está a casa de madeira, único cenário construído para a série. Os outros ambientes são reais, na localidade de Minas do Camaquã, outro distrito de Caçapava, 20km adiante, em estrada de chão batido. Diferente do que é feito nas novelas, em que os cenários são montados e desmontados no mesmo dia, os da série permaneceram como se, de fato, os personagens vivessem ali.
Enquanto Cristiana Oliveira recebia os retoques de maquiagem para a próxima cena, Edson gravava na casa de Doutor Gil. Foi durante um intervalo das gravações que os atores conversaram com o Diário.

Mariana, a prefeita
Uma das primeiras a se juntar às buscas de Doutor Gil pela sua cura é a prefeita da cidade, Mariana, vivida por Cristiana Oliveira. Ex-delegada, ela mantém um casamento de aparências com um deputado corrupto e, logo, apaixona-se pelo biólogo.
- Depois da detenta Araci (de Insensato Coração, em 2011), talvez, este seja o trabalho em que mais me entreguei - revela Cristiana que, por ter morado durante anos em Porto Alegre, se diz bastante familiarizada com o clima do Sul.
Para compor uma mulher forte e cheia de mistérios e dar ainda mais realidade à personagem, a atriz contou com dicas de duas delegadas gaúchas.
- Elas falaram "você pode sair da polícia, mas a polícia não sai de você". Então, ela está sempre muito atenta, existe uma inquietude, que é uma coisa muito da investigação. E eu coloquei isso na Mariana. Ela é muito atenta e observadora - define a sua intérprete. 
A distância da família, por ficar três meses gravando a série no Estado, ela tirou de letra:
- É o quarto trabalho em que fico longe de casa.


Parceria que deu certo

A trama surgiu de uma encomenda: a TV Globo queria uma série de suspense, mas não podia ser policial. Diretor e autor de Animal, o gaúcho Paulo Nascimento explica como chegou à ideia:
- Liguei para a minha filha e pedi que ela pegasse filmes de lobisomem para eu assistir. A primeira ideia foi licantropia (doença em que o enfermo se julga transformado em lobo), mas está muito batido. Aí, pesquisei variações e achei a teriantropia, porque queria algo científico e com embasamento. Ela é uma esquizofrenia, só que a mente da pessoa pensa que é um determinado bicho, e ela começa a imaginar os poderes do animal. É uma doença raríssima, tem entre oito e dez casos no mundo.
Ao pensar num puma, Edson foi o primeiro nome que veio à cabeça do autor:
- Na hora, ele topou!

A fera ferida
De cabelos longos e grisalhos, Edson Celulari, 56 anos, está bem diferente dos galãs que já fez na tevê.
- Não corto os cabelos desde que vim pra cá (em março) - contou Edson.
As cenas são rodadas em ordem cronológica, e o avanço do tempo pode ser notado nestes detalhes. Doutor Gil é um famoso biólogo que, assim como o pai, sofre de teriantropia.
Nascido na fictícia Monte Alegre, que ficaria na fronteira do Brasil com o Uruguai, ele fugiu do lugar com a mãe, ainda pequeno, logo após a morte do patriarca, temendo a fúria dos moradores. Passados 50 anos, ele retorna a Monte Alegre em busca dos estudos do pai e que podem trazer a cura para o seu mal. E é aí que descobre que o lugar esconde muito mais mistérios.
- É o personagem mais complexo que já fiz até hoje. Gil é muito rico em humanidade, em conflito. Ele tem o tempo contado, porque essa doença é progressiva. Instala instintos animais, que dá a ele uma sensibilidade específica, mas que traz muitos transtornos - avalia.
E a relação do ator com o Rio Grande do Sul não é de hoje. Edson é filho de uma gaúcha de Candelária e foi acostumado pela mãe a bolinhos de arroz e sagu. Na temporada em Caçapava, ele não dispensou o chimarrão e o pinhão para matar o frio - sem falar nos churrascos de valeta! Até chegar a segunda temporada do seriado, o ator está escalado para a próxima novela das sete, Alto Astral.

Fiel escudeiro
No elenco fixo da série, está outro ator gaúcho bem conhecido do público: Leonardo Machado,
38 anos. Ele é Felipe, neto de Doutor Estácio (Clemente Viscaíno), um dos mandachuvas da cidade.
- Ele recebe a tarefa de estar com Gil e descobrirá coisas de sua própria vida quando começam a mexer nesse baú do passado - destaca Leonardo, que é fã de séries de suspense.
Será a sua estreia em um canal a cabo:
- Essa possibilidade é muito interessante. É como estivéssemos fazendo sete longas em três meses!
O ator também estava no elenco de Valsa Para Bruno Stein, que foi rodado em 20 dias. E achou que passar três meses em Minas do Camaquã ia ser difícil.
- Mas está sendo maravilhoso! - comemora.

Faca na bota
Uma gaúcha faca na bota. Assim, Fernanda Moro, 36 anos, define a sua personagem na história, Lia.
A atriz vive a filha adotiva da dona do bordel Maria Pequena. Por saber tudo o que acontece na fictícia Monte Alegre, Lia é uma da primeiras a juntar-se ao Doutor Gil na solução de tantos mistérios. Depois dos episódios escritos, quando a equipe foi ver as locações, descobriu que, no lugar, funcionava um parque de aventura. Por isso, algumas cenas foram reescritas.
- Ela é uma guia de turismo de aventura. Uma das primeiras cenas que fiz foi na tirolesa. Na segunda sequência, levei uma câmera junto - relata a atriz, que nunca tinha praticado a modalidade.

100% feito no Rio Grande do Sul
Com carta branca, Paulo escreveu os 13 episódios, rodados e finalizados no Rio Grande do Sul, já que uma ilha de edição foi montada em Minas do Camaquã. Conforme os episódios eram gravados, isto já era feito. Em uma pousada na cidade, de março a junho, ficaram as 70 pessoas da equipe e do elenco fixo, além dos outros atores que gravaram participações em alguns episódios.
Para dar mais realismo, Paulo recebeu a consultoria da professora de Química da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Marta Tocchetto. Foi a estudiosa quem deu o embasamento científico para alguns fenômenos que parecem inexplicáveis na série.
Outro destaque da trama é a trilha sonora, toda composta por músicas de artistas gaúchos que ficaram famosas na década de 1980. Canção da Meia-noite, Romance, Asa Morena, entre outras, foram regravadas por diversos cantores brasileiros para Animal.

Escrita para o lugar
A fila de espera para ir ao ar na TV Globo e a parceria entre a emissora e a Globosat fizeram a história decolar no canal GNT.
O lugar escolhido para ser cenário de Animal é um personagem à parte. Paulo já havia rodado o filme Valsa Para Bruno Stein (2007) em Minas do Camaquã. O lugar tem desde uma mina abandonada e um cinema country até uma comunidade com pouco mais de 250 habitantes.
- Quando apresentei o texto e dizia "um cinema country abandonado", a produção queria saber se eu ia ter que construir isso aqui, e eu respondia que não, que isso existia! - lembra.
Para a primeira temporada - a segunda deve ser gravada em 2015 -, foram usados lugares existentes, além da casa construída como reduto do Doutor Gil.

Animal
Programa inédito: todas as quartas, 23h, no canal a cabo GNT
Reprises: sexta, às 21h30min, sábado, à 1h, domingo, às 20h15min, segunda, às 15h, e terça, às 11h


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