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É a trilha sonora da obra de cada dia: aqui, é só alegria!

Diário Gaúcho percorreu três obras da Capital e conferiu o que rola na playlist dos pedreiros.

22/05/2015 - 22h47min

Atualizada em: 22/05/2015 - 22h47min


José Augusto Barros
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Fernando Gomes / Agencia RBS

Na lida da obra, que começa cedo e vai até o fim do dia, não tem descanso. Faça chuva, faça sol, a rotina é puxada. Para amenizar, a galera que rala levantando casas e edifícios recorre a uma parceria que, além de acalmar os ouvidos no meio da barulheira, deixa leve o trabalho que tem tudo para ser pesado.

O Diário Gaúcho percorreu três obras de Porto Alegre e constatou que uma trilha sonora faz toda a diferença na vida dos trabalhadores da construção civil, seja para relaxar ou ficar mais focado. Vale radinho, celular, misturar sons, só não vale desanimar. E, aí, o dia passa voando!

Sintoniza Aí!

Passam das 13h, e os termômetros chegam a marcar 30º em pleno veranico de maio, no Bairro Camaquã, na Zona Sul da Capital. Poderia ser um dia complicado para Solismar Souza, 38 anos, o Biguá, e para Helio Velasquis, 32, ambos moradores de Cachoeirinha.

Há cerca de dois meses, eles trabalham na construção de uma casa na Rua General Rondon. A lida começa às 8h, tem parada sagrada para o lanche, no meio da manhã, e para o almoço. E segue até pouco depois das 17h.

O trabalho de sol a sol acaba sendo amenizado graças a uma parceria embalada: a trilha sonora, que nunca pode faltar. E, aí, esqueça internet sem fio, smartphone e aplicativos de música. Aqui, quem reina - com direito a esfregão de aço na ponta da antena, para melhorar o sinal - é o radinho a pilha. 

- É o nosso companheiro desde a hora que chegamos na obra até a hora de irmos embora - garante Solismar, o Biguá, abrindo um sorrisão.

Preferência absoluta

Ao contrário do que se poderia imaginar, o funk, mesmo muito popular, não tem tanto espaço por aqui. Embora a dupla diga que ouve de tudo o dia inteiro, estão no topo das paradas - deles - o pagode e, em primeiríssimo lugar, o sertanejo.

- Funk, só os do passado. Esses (atuais) não dá para ouvir. E além de escutar aqui na obra, vou para a casa ouvindo a toda (a todo volume)! - diverte-se Helio, com a Rádio Cidade (92.1 FM) ao fundo, ao som da Turma do Pagode.

Na hora de eleger a trilha campeã, ele e Biguá são unânimes: o baiano Pablo, o Rei do Arrocha, desponta frouxo com o hit Porque Homem Não Chora.

- Essa toca direto, o dia inteiro! - frisa Biguá, que, quando chega em casa, ainda curte uma novelinha, também para desanuviar.

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Produtividade a mil

Entre uma martelada e outra, um rejunte e outro, os trabalhadores enfatizam a importância da trilha sonora em um dia a dia, que, às vezes, se mostra tão pesado. 

- Relaxa o cara e dá mais produtividade. Obra em silêncio não dá! O trabalho, às vezes, já é monótono. Sem música, não tem como! - insiste Helio.

Na hora que o batente dá um refresco, ele tenta ligar para a Rádio Cidade, para pedir as suas músicas preferidas. Mas, até a quarta-feira desta semana, quando a reportagem do Diário Gaúcho esteve lá, Helio conta que não havia obtido sucesso nas suas tentativas.

- Está sempre ocupado - lamenta ele.

"Espanta o tédio"

Claudiomar Leal, 35 anos, mais de 15 de obra, está construindo uma casa no Bairro Hípica, na Zona Sul da Capital, há cerca de dois meses. Nesse descampadão, o único barulho seria o de outra obra - bem maior, a de um hipermercado, perto da Avenida Juca Batista.

Mas, do alto do terceiro andar da casa, ele não desliga nem por um minuto sequer o seu fiel radinho. E, neste caso, fiel não é exagero...

- Esse rádio já caiu de uma altura de 5m! E pegou chuva. Mas não deixa de "falar". E ainda tem essa camada de cimento. É um guerreiro - gaba-se Claudiomar, morador do mesmo bairro onde trabalha.

Para quebrar o silêncio da vizinhança, de novo, a música Porque Homem Não Chora, do Pablo, é a mais lembrada. Mas Claudiomar diz que tem o gosto eclético. Ouve tudo:

- Fico trocando de emissora, entre a Cidade (92.1 FM), Eldorado (97.5 FM) e 107.1 FM (Mix Porto Alegre).

Antenados

Parceiro de obra, Felipe Batista, 21 anos, da Restinga, tem só pouco mais de um ano e meio na construção civil. Mas já aponta o seu artista preferido para acompanhá-lo nas trilhas sonoras da obra de cada dia.

- Luan Santana - diz ele, com a sua preferida na ponta da língua:
- É a música Escreve Aí.

Com essa salada musical, não há marasmo que resista o dia todo!

- Espanta o tédio e me deixa ainda mais concentrado - garante Claudiomar, grudado no radinho.

Acaba com a "fofocaiada"

Uma movimentada obra de um prédio residencial chama a atenção no Jardim Lindóia, na Zona Norte da Capital. Enquanto as estruturas são erguidas, sete operários trabalham das 7h30min até pouco depois das 17h. Ali, de novo, Pablo, o Rei do Arrocha, também é o som mais ouvido. 

- Até enjoou de tanto que toca. Mas gosto dos sertanejos mais antigos como Zezé Di Camargo & Luciano e Milionário & José Rico - define Paulo Freitas, 50 anos, o Paulão, de Cachoeirinha, um dos encarregados da obra.

Além de Pablo e das duplas da antiga, dois dos comunicadores mais populares do Rio Grande do Sul são bem-vindos lá: Gugu Streit e Sergio Zambiasi:

- Quando o mestre (de obras) está aqui, só dá Farroupilha (680 AM). A gente também deixa na rádio. Dá notícia e um pouco de música.

Lacir Leite, 38 anos, é tão fã da emissora, que faz dela a sua companheira na obra e fora também.

- Vou para casa ouvindo. Uma vez, fui daqui até a praia na Farroupilha. Minhas filhas, que só gostam de funk, ficaram loucas comigo - conta ele, aos risos.

Para tudo ficar bem

Como a turma na obra é grande, em alguns dias, três rádios chegam a ficar ligados ao mesmo tempo.

- E ainda tem cada um com o seu celular - completa Paulão, que destaca outra vantagem de trabalhar com trilha sonora: põe fim à "fofocaiada" na obra! E deixa a turma mais focada no dever:

- O ambiente fica bem melhor, tranquilo, e o pessoal rende mais.

Abaixo, confira, na ordem, as cinco mais pedidas pela galera que trabalha nas obras:


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