Entretenimento



Música

Humberto Gessinger se reinventa e celebra o sucesso nacional em carreira solo

Cantor abre baú da vida do Engenheiros do Hawaii, cujo primeiro show completou 30 anos em 2015, e de sua carreira solo, que percorre o país, desde 2013

11/09/2015 - 20h11min

Atualizada em: 11/09/2015 - 20h11min


José Augusto Barros
Enviar E-mail
Felipe Garchet / Divulgação

Infinita Highway, Somos Quem Podemos Ser, Refrão de Bolero, Parabólica e dezenas de outros hits atravessaram gerações e colocaram os Engenheiros do Hawaii e, principalmente, o seu vocalista, Humberto Gessinger, no patamar dos artistas mais bem-sucedidos do rock nacional.

Hoje, 30 anos depois do primeiro show da banda e após receber elogios até do The New York Times, o porto-alegrense consolida uma carreira solo de sucesso e carrega consigo a bagagem dos Engenheiros - afinal, foi a voz e a cara do grupo.

Retratos da Fama homenageia o líder da banda que estourou nos anos 80. Humberto, 51 anos, tanto sobreviveu a mudanças na música que, até hoje, arrasta multidões em quase cem shows anuais pelo país.



O começo


Janeiro de 1985, e os alunos da Ufrgs continuavam em aula, devido à greve de professores no ano anterior. Entre eles, os da Arquitetura Humberto Gessinger, Carlos Maltz, Marcelo Pitz e Carlos Stein.

Para driblar o tédio do verão na cidade, eles montaram um grupo que deveria durar uma noite: os Engenheiros do Hawaii. Mas, quando subiram ao palco (foto abaixo) do auditório da faculdade, no dia 11 daquele mês, deram início a uma das maiores bandas de rock do Brasil, com 18 discos e mais de 3 milhões de álbuns vendidos. 

- O nome era uma brincadeira com os estudantes de Engenharia que azaravam as gurias no bar da Arquitetura, fazendo pose de surfista - lembra Humberto.

 

Humberto Gessinger, sobre disco de ouro: "É o início de uma nova fase"

Meses depois, Stein saiu do grupo. Antes do segundo disco, Marcelo também, e aí veio Augusto Licks.

Em três décadas de estrada com os Engenheiros, Humberto viveu grandes momentos do rock nacional, como em 1989, em uma turnê pela antiga União Soviética. Do Rock In Rio, participou em 1991 e dez anos depois - desta vez, ao lado do gaiteiro Renato Borghetti.

Na mesma época, o grupo se apresentou no Hollywood Rock, no Rio.

- Tocar Parabólica no mesmo palco em que o Nirvana tocou é algo para contar aos netos - recorda Humberto, que nunca parou.

Veja abaixo.

- Em 1993: a banda foi ao Japão e aos Estados Unidos, divulgar o show de um dos seus grandes discos, Filmes de Guerra, Canções de Amor.

- Anos 2000: os Engenheiros gravaram dois DVDs - no Rio e em São Paulo - até vir a pausa.

- 2008: na dupla Pouca Vogal, Humberto gravou DVD em Porto Alegre.

- 2013: registrou a sua turnê solo InSULar em DVD (R$ 37, preço médio). Ela já passou por 21 estados, com mais de 150 shows pelo país. O álbum ganhou DVD de ouro pelos seus 50 mil exemplares vendidos.



Na procura da batida perfeita

Ao longo de 30 anos, Humberto viveu cinco formações diferentes dos Engenheiros. A clássica - com ele, Maltz e Licks - estourou sucessos como Toda Forma de Poder, Infinita Highway e Refrão de Bolero. Durou até 1993, com a saída de Licks. Em 1996, Maltz acabou deixando os Engenheiros, e Humberto seguiu com outras formações.

Em 2008, veio a pausa anunciada no grupo, que dura até hoje. Sem se acomodar, Humberto anunciou o seu novo projeto: o Pouca Vogal, em dupla com Duca Leindecker. Os dois tocavam todos os instrumentos no palco.

No fim de 2012, Humberto entrou, pela primeira vez, em carreira solo e, em 2013, ousou no seu 20° CD, InSULar, da carreira, só com faixas inéditas e parcerias como Luiz Carlos Borges e Nico Nicolaiewsky. Segura a Onda, DG não foi mais tocada desde que Nico morreu, em 2014.

- Não tem mais clima - disse Humberto na época.

VÍDEO: Humberto Gessinger realiza sonho de fã de oito anos

Faceta de escritor

Humberto, em seis anos, lançou cinco livros: Nas Entrelinhas do Horizonte, Seis Segundos de Atenção, Pra Ser Sincero: 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema, Mapas do Acaso: 45 Variações Sobre Um Mesmo Tema e Meu Pequeno Gremista, tratando da sua vida, dos Engenheiros e apresentando crônicas:

- O processo da leitura, para quem consome, é mais lento do que o do disco. O cara ouve e já quer outro.



A vida em livro

Uma biografia dos Engenheiros está em fase de produção, escrita pelo jornalista da Zero Hora Alexandre Lucchese. Deve sair pela editora Belas Letras.

- Não quero me envolver diretamente, porque estou sem tempo. E ficar pensando sobre o que tu fez durante um certo tempo da vida corta o barato de um livro (risos) - diz o protagonista da história.<?xml:namespace prefix = "o" ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

 "Às vezes, a timidez passa por arrogância"


Na quinta-feira, às vésperas de viajar para Brasília, onde faz show neste sábado, Humberto falou com Retratos da Fama direto de sua casa, em Porto Alegre. Contrariando a fama de arrogante com a imprensa, o músico fez brincadeiras e passou em revista a sua história.


Retratos da Fama - Que lembranças guardas do primeiro show dos Engenheiros do Hawaii?
Humberto Gessinger
 - Cara, aquele show foi completamente por acaso. Lembro que rolou no mesmo dia da abertura do primeiro Rock In Rio, em 1985. Brincamos que concorria com o festival (risos). Foi completamente espontâneo, nunca imaginei que ia tomar conta da minha vida. 



Retratos - Qual canção tu achas que alçou a banda ao sucesso nacional?
Humberto -
Acredito que Toda Forma de Poder, que tocou em uma novela da Globo (Hipertensão, 1986), do disco Longe Demais Das Capitais. Essa música começou a dar a cara da minha maneira de compor.

<STRONG

Retratos - Por onde passas, teus shows lotam. Sabes quem é o teu público?
Humberto - É bem difícil definir isso. Tem uma galera muito nova e gente daquela época. Acredito que os mais novos tenham curtido a coisa de eu voltar a tocar em power trio (formato conhecido no rock como baixo, guitarra e bateria).

Com o InSULar, voltei a tocar baixo, e me assustou a quantidade de pessoas que vieram falar que isso era legal. Acredito que o público mais recente começou a me ouvir a partir do disco 10.000 Destinos (2000). 

Retratos - Essa adoração que os fãs têm por ti, a que atribuis? 

Humberto -
É muito louco! No fim de semana passado, fiz shows em Manaus, Belém e em Salvador, e a galera estava muito feliz. Os contratantes também. Eu acho que isso acontece pela facilidade de comunicação que a internet propiciou.

Comparando com os anos 80, eu não tenho tanta exposição na mídia tradicional, mas os meus shows vão super bem com o público. 

Retratos - Depois de 30 anos, como se reinventar e se manter no auge?
Humberto -
Eu me conecto nos meus instrumentos. No InSULar, passei a tocar o acordeão, voltei a tocar baixo depois de 10 anos. Essa conexão me renova as vontades e as ansiedades. Buscar outros instrumentos me dá o mesmo prazer que rearranjar canções. 

Retratos - No fim dos anos 1980 e no início dos 1990, tu tinhas fama de arrogante. Como recebia as críticas?
Humberto -
Sempre fui muito tímido. Às vezes, a timidez passa por arrogância, mas é falta de traquejo social. Eu não sou um cara agressivo, tenho essa dificuldade. Mas nunca fiquei grilado com isso. Nunca me senti na obrigação ou com vontade de bater boca. Aliás, a tecnologia ajuda nessa questão. As pessoas podem me conhecer mais diretamente, ter uma comunicação mais direta via redes sociais e internet.

Retratos - E os Engenheiros? O grupo, realmente, acabou?
Humberto 
-Está naquela pausa desde 2008, os projetos foram se sucedendo. E estou me sentindo muito à vontade nessa situação. Eu toco muita música dos Engenheiros, mas, hoje, não daria para dizer nem que voltaria com os Engenheiros nem que terminou de vez. Tecnicamente, é uma pausa.

Retratos - Como a tua família (a esposa, Adriane, 51 anos, na foto abaixo, e a filha, Clara, 22) convive com a rotina de viagens? 
Humberto -
Saio na quinta-feira e volto no domingo ou na segunda. Elas convivem com isso desde sempre. Hoje, eu sinto mais saudade de casa, não é cansaço, é saudade mesmo. Mas a minha vontade de mostrar a minha música para quem gosta dela é maior.



Retratos - A Clara participou da gravação de dois DVDs. Não teve interesse em seguir carreira?
Humberto -
O lance da música nunca foi interesse dela. Foi mais uma participação emocional, por eu ter composto Parabólica para ela. A Clara vai se formar em Arquitetura daqui a dois semestres (Humberto não chegou a concluir a faculdade de Arquitetura, e Adriane é formada na mesma área).

Retratos - Nas horas livres, o que o Humberto Gessinger curte fazer para descontrair?
Humberto -
Eu jogo tênis desde os meus 12 anos de idade. Já joguei com raquete de madeira, era bem diferente (risos)! E gosto muito de caminhar por Porto Alegre (onde mora), além de ter de malhar, pois o show acaba sendo um desgaste físico enorme.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias