Quando a filha entra na adolescência, muitas mães têm dificuldade de lidar com certas situações, no mínimo, delicadas. E as meninas se sentem pouco à vontade para falar, por exemplo, sobre menstruação e início da vida sexual. A primeira ida ao ginecologista da estudante Rafaela Tavares, 13 anos, do Bairro Partenon, foi há cerca de quatro meses e contou com o incentivo e o esforço da mãe, a depiladora Renata Tavares, 35. Um momento importante em que as duas estavam juntas:

- Queria que a minha filha tivesse mais informações sobre o corpo dela e as mudanças típicas da idade.

Rafaela está no oitavo ano do ensino fundamental, na Escola Estadual Imperatriz Leopoldina, ainda brinca de esconde-esconde, mas, entre uma brincadeira e outra, fala com as amigas sobre assuntos de mocinha.

- Eu contei para elas que tinha ficado menstruada e que havia ido ao ginecologista. A gente fala sobre estas coisas, as minhas amigas já beijaram na boca - revela a menina. Mas nem todas trocam ideias sobre esses temas naturalmente:

- Tem umas duas que são muito tímidas. Nem em casa, conseguem conversar com a mãe.Entre Rafa e Renata, o assunto fluiu, porém, com naturalidade.
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Eu sempre deixei claro que ela não precisa termedo.No meu tempo, as coisas eram diferentes. Por isso, tento tratar deste assunto da melhor forma possível - ressalta a depiladora. As duas são muito unidas.

- A gente conversa sobre tudo. Minha mãe é minha amiga, ela me diz que eu posso confiar nela - afirma a estudante.

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Relação de confiança
E, mesmo com toda a força que recebeu da sua mãe quando ficou menstruada, aos 12, Rafa confessa que ir ao ginecologista a deixou ainda mais tranquila:- Ela me disse que, a partir de agora, o meu corpo começaria a mudar, mas que era para eu ficar sossegada, porque isso é normal. Eu me senti segura. Especialista em adolescentes, a ginecologista do Hospital São Lucas da Puc Giovana Maffazioli recomenda que a consulta ocorra antes da primeira relação sexual, para que a menina seja orientada sobre como prevenir-se da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis.

- A gente sempre estimula que a paciente converse em casa, mas é muito melhor que a menina tome a pílula, mesmo sem a mãe saber, porque vai ter relação de qualquer maneira. E, independentemente do método de proteção, também indicamos o preservativo - explica a médica.

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A especialista destaca que a primeira consulta é um momento único para as meninas. Por isso, é tão importante que haja, por parte dos pais, compreensão e diálogo:

- Somos médicos da menina, não da mãe, preservando o sigilo da jovem, mas estimulando o diálogo entre as duas. É sempre melhor quando existe confiança entre mãe e filha.

Sacrifício valeu
Pelo Sus, o encaminhamento a um ginecologista pode demorar 30 dias. E foi por entender que Rafaela estava passando por um momento único que Renata fez um esforço no orçamento e pagou uma consulta particular.

- É um momento tão especial para a minha princesa que a gente fez este sacrifício. Eu me programei e fui juntando o dinheiro que poderia ter sido utilizado na reforma da casa que já dura um ano. Mas a gente faz tudo pelos filhos - derrete-se a mãezona, que ainda tem Gabriel, 16 anos.

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Rafaela já está com corpo de mulher, mas a cabeça ainda é de menina quando o assunto gira em torno da primeira relação sexual.

- A primeira vez da mãe foi com o pai (o motorista Vladimir), e ela sempre me fala que não tem hora para acontecer, mas que precisa haver carinho. Eu quero que a minha seja muito especial, para lembrar deste momento para sempre - diz ela, encabulada.

Pelas vias públicas
/// Consultas pelo Sus devem ser marcadas em uma unidade básica de saúde próxima da sua casa. Na primeira vez, a adolescente é recebida por um técnico em Enfermagem, que faz um cadastro e encaminha a jovem para uma enfermeira apta a tirar todas as dúvidas. Essa já será a sua primeira consulta.

/// A paciente só vai ser atendida por um ginecologista, se o seu primeiro diagnóstico indicar algo mais sério na sua saúde.

/// Feito isso, o encaminhamento para o médico especialista pode demorar 30 dias.