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Aposentada, sim. Parada, nunca!

Faça como Dona Maria, de Gravataí, e saiba como voltar ao mercado de trabalho

Segundo a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social, desde janeiro, o Sistema Nacional de Empregos (Sine) encaminhou 1.778 idosos para vagas de trabalho em Porto Alegre e Região Metropolitana,

11/12/2015 - 11h27min

Atualizada em: 11/12/2015 - 11h27min


Karina Chaves
Karina Chaves
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Carlos Macedo / Agencia RBS

A carteira de trabalho já está surrada e com várias anotações, afinal, foram 40 anos trabalhando de sol a sol. Uma vida de dedicação e compromissos cumpridos até que, há cinco anos, chegou a hora de Maria Antonia Imperador, hoje com 63, se aposentar. Moradora de Gravataí, ela até pensou em descansar e curtir a família. Mas uma inquietação interior somada ao baixo rendimento da aposentadoria, que já não lhe permitia manter as contas em dia com tranquilidade, a fizeram rever essa decisão. Assim, dona Maria repetiu a trajetória de tantas outras aposentados que preferem continuar na ativa.

- Eu nunca imaginei ficar parada. Afinal, sempre fui à luta, sou guerreira, gosto de me sentir útil - justifica ela, que é fiscal de caixa em um supermercado de Cachoeirinha.

Viúva e mãe de um casal de filhos (Marino, 25 anos, e Viviane, 38), Maria, que mora no Bairro Bom Princípio, na Parada 69 de Gravataí, começou a trabalhar, informalmente, bem cedo ainda na colônia, no interior de Lajeado,onde morava com a família.Teve a carteira assinada pela primeira vez aos 18 anos, quando trabalhou em um supermercado. Continuou neste ramo por toda a vida, sempre nas funções de caixa, auxiliar ou fiscal.De lá pra cá, foram inúmeros estabelecimentos pelos quais passou. A aposentadoria chegou aos 58 anos, mas bastaram seis meses parada para queela repensasse a decisão e voltasse ao mercado.

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- Independentemente da situação financeira, trabalhar acrescenta muito ao nosso dia a dia, é bom para a saúde e o bem-estar, porque mantém a mente ativa e nos coloca em contato com as pessoas - justifica.

Disposição
E dona Maria não está sozinha nessa. Só na rede de supermercados Assun, onde ela trabalha, 10% do efetivo está acima dos 60 anos.

- Os idosos são mais acessíveis e gentis com o público. Lidam com o cliente muito melhor - elogiaa gerente de recursos humanos da empresa, Adriana Ortiz. A rotina de Maria é corrida. Passa o dia atendendo a funcionários e clientes. Ora é o troco que tem que providenciar, ora são as compras de alguém que precisam ser empacotadas. É preciso ter energia. E isso ela tem para dar e vender!

- Me faz tão bem... As pessoas chegam aqui e me chamam pelo nome. Acho que sou uma das poucas conhecidas assim.Me sinto viva e muito feliz! - diz  ela, orgulhosa.

Com o salário que recebe somado à aposentadoria, já conseguiu quitar a casa onde mora com o filho e ainda tem uma poupança para o momento em que decidir parar definitivamente.

- Se isso acontecer, não quero depender dos meus filhos. Mas, enquanto Deus permitir, desejo continuar trabalhando - almeja.

Injeção de autoestima
O comportamento de dona Maria, assim como outros aposentados, é compreensível e cada vez mais comum, segundo o psicólogo clínico Andrei Cannez:

- Muitas vezes, as mulheres, na terceira idade, não se conformam com a vida monótona que a aposentadoria traz. E aí, vão em busca de algo que as satisfaçam. É o recomeço de uma vida profissional e um estímulo importante para a autoestima.Maria que o diga. A hora de trabalhar é também o momento de manter em alta a vaidade.

- Adoro perfume, não saio de casa sem colocar um batom e um bom fixador no cabelo- diz Maria, sorridente.

Onde começar
Segundo a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social, desde janeiro, o Sistema Nacional de Empregos (Sine) encaminhou 1.778 idosos para vagas de trabalho em Porto Alegre e Região Metropolitana, nos mais variados setores, como supermercados ou empresas de segurança.

Saiba onde procurar auxílio:
/// O Sine tem 150 agências no Estado, que funcionam das 8h às 17h, sem fechar ao
meio-dia.
/// Pessoas a partir de 60 anos têm atendimento prioritário. Havendo vaga, será encaminhada.
/// Para saber mais, acesse o site da Fundação: fgtas.rs.gov.br.


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