Porto Alegre



Cidade vazia

Cancelamento do Carnaval de rua deixa foliões torcendo por Allah-la-ô

Apenas três pessoas foram vistas fantasiadas e buscando alguma folia na tarde deste sábado na Cidade Baixa, bairro mais boêmio de Porto Alegre

06/02/2016 - 20h21min

Atualizada em: 07/02/2016 - 09h33min


Bruno Felin
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Eduardo Fernandez (à esquerda), com os amigos Stephen Messenger e Laura Goldstein

Uma tempestade derrubou árvores e levou junto a esperança de Porto Alegre contar com a toada de algum repique ou tamborim. Que Carnaval é esse que, em pleno sábado, parece não existir? Cancelada a folia de rua na Cidade Baixa, não se vê turma do funil nem do saca rolha, ninguém pedindo "um dinheiro aí" ou lamentando a falta de sinceridade de Aurora.

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Em meio a ruas vazias, um trio solitário, pronto para ficar elétrico, bateu o pé como quem diz "mamãe eu quero, mamãe eu quero". Com isopor e cerveja gelada a postos na esquina mais boêmia da região (o "x" das Ruas Lima e Silva e da República), uma fada brasileira trouxe dois gringos – um espanhol e um americano – para abrir alas na Capital.

– Tem batuque a toda hora, não é possível que não vá ter hoje – disse, esquentando as chinelas, o estudante espanhol Eduardo Fernandez, 26 anos, metade deles morando no Estado.

Os únicos na Cidade Baixa que entraram no clima de folia até as 19h deste sábado acreditam que vai dar para saçaricar ainda nesta noite. Lamentaram por não poder pular ouvindo a Banda DK, que era para estar puxando o bloco, bradando que a pipa do vovô não sobe mais ou que Maria é sapatão.

– Fiquei frustrada em casa, então resolvi vir de qualquer jeito. Estamos na esperança – contou a designer Laura Goldstein, 24 anos, ajeitando as asas de fada fixadas em uma capa transparente de corpo inteiro.

Seria Porto Alegre uma das capitais menos carnavalescas da União? O que pode mudar isso é a noite deste sábado no Porto Seco, onde sete escolas vão colorir a avenida, ou os próximos dias da programação de rua. Talvez a galera que não dorme no ponto ainda esteja esquentando as cuícas para, mais tarde, sem compromisso, chegar onde houver garrafa ou barril. Mas ninguém tem nada com isso.


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