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Dos palcos ao xis

Fenômeno dos anos 80, ex-Menudo Roy Rosselló abre lancheria em Porto Alegre

O músico é casado com a gaúcha Patricia, que foi Miss Rio Grande do Sul em 1995 e trabalhou como modelo

20/02/2016 - 10h04min

Atualizada em: 20/02/2016 - 10h04min


Elana Mazon
Elana Mazon
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Adriana Franciosi / Agencia RBS

Depois de quase duas décadas na pele de um dos maiores ídolos da juventude nos anos 1980, um ex-Menudo escolheu Porto Alegre para fincar raízes, ainda em contato com o público e sem deixar de pulsar o sangue de artista que corre em suas veias. Dono de uma lanchonete na Zona Sul, falando português muito bem e soltando um "bah!" de vez em quando, Roy Rosselló conversou com Retratos da Fama. Contou como está a nova vida e, é claro, recordou o tempos memoráveis de sucesso mundial.

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Na tarde quente de quarta-feira passada, o auxiliar de segurança Jonathan Vasconcellos e a mulher, Viviane Vassoler, trabalhavam, no Bairro Aberta dos Morros, Zona Sul de Porto Alegre, quando pediram um xis. Ligaram para uma lancheria nova, o X Tribom, inaugurada em janeiro, quase em frente ao negócio de chaves do casal. A entrega foi feita pelo próprio dono: um homem de 45 anos, estatura média, vestindo bermuda e boné, mas visivelmente vaidoso, já que usava colar e camiseta estampada.

O inusitado? O entregador é ninguém menos do que Roy Rosselló, ex-Menudo, banda que foi o maior fenômeno musical dos anos 1980.
 
Fenômeno latino
O grupo de porto-riquenhos viajou o mundo durante quase 20 anos, com diversas formações, sempre com cantores jovens, bonitos e bons dançarinos, que levavam as meninas ao delírio e provocavam comoção por onde passavam: hotéis, aeroportos, programas de televisão e onde quer que os cinco guris fossem. Multidões assistiam aos shows. Em Porto Alegre, estiveram em 1985, com duas apresentações: em março, no Olímpico, e em setembro, no Gigantinho.

Cliente da lanchonete, Jonathan tem 28 anos. Nasceu nos tempos dourados do grupo e, apesar de não ser um grande fã, no momento em que soube quem era o vizinho ilustre, logo lhe veio à mente Não se Reprima, talvez o maior sucesso do Menudo.


Foto: Adriana Franciosi / Agência RBS

- Quando a lancheria abriu, nem sabia quem era o dono. O pessoal do comércio da redondeza que soube, e a história se espalhou. A gente convive pouco, mas ele é um cara bem simpático - conta.
 
Infância marcada
Roy virou Menudo aos 13 anos, depois de conquistar a vaga em audições que chegavam a ter oito mil inscritos. Ficou no grupo até os 17. Hoje, garante que a carreira artística não ficou para trás. Sonha em gravar um DVD e lançar internacionalmente. Mas, por ora, mora em Porto Alegre, para onde se mudou em dezembro do ano passado, e dedica seu tempo ao preparo e entrega de xis - sua especialidade é o X Caribeño, com temperos vindos de Porto Rico e de outras partes dos Estados Unidos, onde Roy morou por muitos anos.

O motivo para o ex-Menudo fixar raízes na Capital atende pelo nome de Patricia Avila Rosselló, 40 anos, fã assumida do Menudo e com quem Roy é casado desde 2014. A mulher do ex-músico foi Miss Rio Grande do Sul em 1995 e trabalhou como modelo.

O casal recebeu o Diário Gaúcho na sala comercial com paredes amarelas e cozinha à vista. O cozinheiro é Roy, enquanto Patricia o auxilia, atrás do balcão. Quem prefere comer no local, por enquanto, contam apenas com mesas altas, embutidas nas paredes, e um pequeno sofá. Mas Roy pensa alto:

- No futuro, queremos transformar o X Tribom numa franquia.



Retratos da Fama - Desde quando você está em Porto Alegre e por quê?
Roy Rosselló -
Eu e a minha esposa, Patricia, nos mudamos em dezembro do ano passado. Antes, estávamos morando em Las Vegas. Viemos para cá porque a Patricia é gaúcha, e a família dela ainda mora aqui. Ela sentia muita falta de todos. Então, viemos.
 
Retratos - Como vocês dois se conheceram?
Roy -
Pelo Facebook, começamos uma amizade há muito tempo. Eu era casado, ela também. Nos separamos e passamos a conversar mais. Com certeza, o destino conspirou. Eu morava em Miami, e ela me contou que era fã de Elvis Presley. Então, foi aos Estados Unidos para conhecer a minha família, e eu a levei para visitar a Graceland (casa de Elvis, em Memphis, nos Estados Unidos, uma espécie de memorial).
 
Retratos - E, então, veio o casamento?
Roy -
Sim, ficamos morando lá, desde então (eles se casaram em 2014, em Las Vegas). Eu passei algum tempo no Brasil nessa época, mas voltei para os Estados Unidos.


O casamento, em Vegas. Foto: Reprodução / Facebook
 
Retratos - Está gostando do Rio Grande do Sul?
Roy -
Sim, muito. Porto Rico e Porto Alegre são muito próximas. O porto de lá é rico, e o daqui é alegre. Tudo a ver, né (risos)?

Retratos - O que vocês gostam de fazer por aqui?
Roy -
Eu gosto de cozinhar, mesmo fora daqui. Frutos do mar, assados... E também temos uma rádio pela internet, que transmitimos ao vivo, a radioroys.com. Falamos sobre relacionamentos, sobre Deus, só sobre coisas boas. Fãs do Brasil e do mundo nos ouvem, pedem conselhos e nós (ele e a esposa) interagimos.


Patricia e Roy: amor e trabalho. Foto: Adriana Franciosi / Agência RBS

Retratos - Então, a carreira artística não ficou assim, tão para trás?
Roy -
Não, nunca! Muito pelo contrário. Eu nunca parei de fazer shows, me apresentar em festas e gravar discos. Com a minha volta ao Brasil, acabo de assinar contrato com uma produtora em São Paulo. Quero gravar um CD e um DVD, com lançamento aqui e no Exterior. Em 2010, gravei a música Volver a Empezar, de Julio Iglesias, e ela fez parte da trilha sonora da novela Ti-ti-ti (do mesmo ano). Quando morava em Las Vegas, criei uma festa brasileira lá, que fazia sucesso. São muitos projetos. No mês que vem, vou a São Paulo para um trabalho. Vou precisar ensinar alguém a fazer o meu X Caribeño (risos).
 
Retratos - Com tantos projetos, por que abrir uma lancheria?
Roy -
É algo de que eu gosto. Decidimos criar alguma coisa de que os gaúchos gostassem e que pudesse dar dinheiro, é claro. Para não ser igual a todos os outros, criei esse molho caribenho. Ainda é um negócio pequeno, mas, aos poucos, vamos crescer, reformar e criar um espaço melhor para os clientes.


Sonhando alto. Foto: Adriana Franciosi / Agência RBS
 
Retratos - Os fãs gaúchos já o descobriram aqui? Você é abordado nas ruas ou na própria lancheria?
Roy
- Alguns, sim, já descobriram. Têm pessoas que vêm aqui com discos, fotos e me pedem para autografar. Eu faço com o maior prazer! Meu nome está na marca do xis, usamos isso também para atrair clientes, claro.

Retratos - Patricia, você não fica com ciúme até por ter sido uma fã também?
Patricia Rosselló
- Não, em nenhum momento. Eu quero mais é que ele tenha muitas fãs, muito trabalho. Quando elas vêm aqui, eu fico feliz com a felicidade delas. Também já fui uma fã, eu adorava os Menudos. Fui aos dois shows que eles fizeram em Porto Alegre (em 1985, no Olímpico e no Gigantinho).

Roy - Ela não tem ciúme mesmo. Até eu começar a conversar com alguma menina bonita (risos)...
 
Retratos - Da época do Menudo, quais são as suas lembranças?
Roy
- Para mim, Menudo é uma época que ficou para trás. Só não ficou para trás para os fãs. Tudo tem o seu preço, incluindo a fama. Tive que me privar de muita coisa. Eu tinha 13 anos e fiquei até os 17 no grupo. Perdi um pouco da infância e da adolescência. O assédio era enorme. Mas não me arrependo. Eu tenho lembranças incríveis daquela época. Fui escolhido entre 8 mil meninos nas audições, tive contato com inúmeros artistas internacionais consagrados, fui escolhido para entregar o Grammy para o Michael Jackson (em 1984, pelo disco Thriller), dei a volta ao mundo duas vezes fazendo shows. Em São Paulo, batemos o recorde de público em um show, no Morumbi, com 200 mil pessoas.


 
Retratos - Teve algum caso em especial de assédio das fãs que o marcou especialmente?
Roy -
Estávamos no Nordeste para um show, e fui tomar banho no hotel, quando vi uma moça no buraco da ventilação. De algum jeito, ela chegou pelos canos. Eu saí correndo, enrolado em uma toalha, para chamar os seguranças. Eles tentaram tirar a moça, mas ela ficou presa, e só conseguiram ajudá-la quebrando a parede. Enquanto isso, eu tive que trocar de quarto. Em todos os lugares que íamos, as fãs não queriam que fôssemos embora. Várias vezes, ocuparam as pistas dos aeroportos, para impedir que o nosso avião particular decolasse. Isso me marcou muito.
 
Retratos - Após a sua saída do grupo, o que aconteceu?
Roy -
Começou a minha ligação direta com o Brasil. Vim morar aqui. Eu queria ser apresentador, esse era o meu sonho. Cheguei a trabalhar em uma emissora. Em todos estes anos, já morei em vários lugares, como na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. E me apaixonei pelas brasileiras. Não existe mulher mais doce e encantadora do que a brasileira!

Retratos - Ainda tem contato com os outros integrantes da banda? Vocês já pensaram na possibilidade de um reencontro do grupo?
Roy -
Ainda tenho contato com o Rubem (de outra formação do Menudo, que não a clássica) e com Raymond Acevedo. Rubem trabalha como modelo, em Nova York, e Ray também está no mundo artístico. Converso, às vezes, com o Ricky Martin. Nos falamos pela última vez em 2014. Os fãs sempre pedem um reencontro, mas é muito difícil de reunir os cinco. Charlie criou um grupo com os ex-Menudos (batizado de El Reencuentro, a banda faz shows até hoje), mas ele não conseguiu reunir a formação que estourou no Brasil. Tivemos muitos integrantes.

Porto Alegre, 1985: comoção e histeria em shows no Gigantinho e no Olímpico


No Olímpico: sucesso. Foto: Banco de Dados


No Gigantinho, o público enlouqueceu. Foto: Banco de Dados.


Foto: Banco de Dados


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