Entretenimento



Carnaval não tem idade

Foliã de 63 anos, Dona Chatinha conta sua história de amor com a Estado Maior da Restinga

Aposentada desfila na festa de Momo da capital há mais de 30 anos e tem até uma ala que leva seu nome

05/02/2016 - 12h30min

Atualizada em: 05/02/2016 - 12h30min


Karina Chaves
Karina Chaves
Enviar E-mail
Adriana Franciosi / Agencia RBS

Ela é uma lenda viva na Estado Maior da Restinga e, mais uma vez, vai esbanjar beleza, luxo, alegria e muita simpatia na Avenida. Com o samba-enredo da escola na ponta da língua e muito gás, Iara Iguarassema, 63 anos, moradora da Tinga, promete sambar o desfile todo.

Uma lady de alma tão carnavalesca que tem até uma ala com o seu apelido: a ala da Chatinha! São mais de três décadas desfilando no Carnaval de Porto Alegre.

- A partir dos meus 16 anos, eu fui me apaixonando pela festa. Comecei saindo pela escola Acadêmicos da Orgia com um grupo de amigas - conta Iara. Na época, a mãe de uma colega levava a turma toda para os bailes.

Só na Acadêmicos da Orgia, Iara saiu durante dez anos seguidos. Quando foi morar na Restinga, não deixou a folia de lado - pelo contrário! Encontrou ainda mais energia para desfilar nas duas, Tinga e Acadêmicos, ajudando as agremiações a conquistar títulos.

Confira mais sobre o Lady

- Eu respiro Carnaval. A função toda começa em junho, mas é só a escola me chamar que eu tô lá! - garante a aposentada cheia de disposição e, hoje, só da Tinga.Em dez anos, sempre ajudou a preparar a ala da Chatinha, que leva até o seu apelido, e, dessa vez, se empenhou para que as fantasias da mãe natureza ficassem perfeitas.

Além de colaborar na seleção de pessoal, bordou e fez a confecção da colagem das roupas.Nos ensaios, lá está ela faceira, toda semana, treinando para fazer bonito amanhã, quando a Tinga desfilará.

- É lindo ver todo mundo na Avenida - afirma a ex-doméstica.

Razão de ser
Quando o assunto é Carnaval, os seus olhos brilham.

- Na Restinga, a gente faz de tudo, desde limpar a quadra até arrumar as coisas para as festas - explica Iara, que lembra só de um ano em que não desfilou:

- Em 1978, quando a minha mãe (Sueli) morreu.Mas, com tanta descontração, por que motivo poderia ser chamada de Chatinha?

- O meu pai (Setembrino,  falecido) me deu esse apelido. Eu acho que sou muito exigente. Sou solteira, mas não por opção. É porque nunca arrumei uma coisa boa mesmo.

Eles não me queriam porque eu era muito chata, nada estava bom - diz, gargalhando, com a confirmação da cunhada, Claudete da Rosa Azevedo, 61 anos: - Tem que ser como ela quer. Mas foi com esse mesmo jeito que Iara conquistou a Tinga.- Hoje, estou na diretoria, vendo camisetas e ajudo a coordenar o trabalho na quadra - orgulha-se a senhorinha, ainda falando sobre o seu apelido:

- Sou chata, mas as minhas ex-patroas, até hoje, vêm aqui, em casa, me visitar e me enchem de presentes.E se engana quem pensa que a poeira baixa para Chatinha após o grande dia na Avenida.

- Quase nem durmo do final do desfile até a apuração. Eu vibro como uma criança! - revela, dando a sua receita de vitalidade:


MAIS SOBRE

Últimas Notícias