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Quem sabe o fim da história...

Com o término do Kid Abelha, relembre os hits e saiba o que cada um fará daqui pra frente

Grupo anunciou encerramento no dia 22 de abril, após 34 anos de sucessos e duas pausas. Hits marcaram gerações e influenciaram a música pop nacional

30/04/2016 - 12h03min

Atualizada em: 30/04/2016 - 12h05min


Um comunicado no Facebook oficial do Kid Abelha, no dia 22 de abril, confirmava o que muitos fãs temiam: 34 anos após seu estouro, estava oficializada a separação de um trio que, aos olhos dos apaixonados pela boa música, era inseparável. A discrição e eficiência do guitarrista Bruno Fortunato, os solos de George Israel e a sensualidade e o vocal potente de Paula Toller deram origem a uma das melhores bandas da música pop.

A partir de agora, Paula, George e Bruno seguem seus caminhos, mas deixam na lembrança dos fãs uma coleção de hits, cujos refrões ultrapassam gerações sem perder a atualidade. Retratos da Fama deste fim de semana passa em revista a trajetória desta fábrica de hits, que o tempo não nos deixa esquecer.


No começo, em 1982, da esquerda para a direita: George, Paula, Bruno e Leoni

Marcaram gerações

Surgido no período de maior efervescência do rock nacional, os anos 1980, o Kid Abelha cantou temas atuais da época e emplacou hits ao lado de bandas que ajudaram a construir a identidade do rock e do pop do país como Paralamas do Sucesso, Titãs e Capital Inicial.

Formado em 1982 com o nome de Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, por Paula Toller, Leoni, George Israel e Bruno Fortunato (foto acima), o grupo estourou nos seus primeiros cinco anos, praticamente, a maior parte dos seus sucessos como Pintura Íntima, Como Eu Quero, Fixação, Alice (Não me Escreva Aquela Carta de Amor), Porque Não Eu?, Garotos, Nada por Mim e Lágrimas e Chuva.

– É muito gostoso o sentimento de pertencer à vida das pessoas por intermédio das músicas. É um reconhecimento muito importante, mais até do que o sucesso, que é efêmero – afirmou Paula, em entrevista ao Diário Gaúcho, na ocasião dos 30 anos de carreira da turma, em 2012. Foram 13 álbuns de estúdio, três ao vivo, além de dois DVDs, também ao vivo. Direto ao pontoA qualidade das composições, o que se deve, principalmente, ao período em que Leoni esteve no grupo, somado ao vocal de Paula e a boa música feita pela banda ajudam a entender o sucesso do grupo, que vendeu mais de 9 milhões de discos.

Pelo Facebook, Kid Abelha anuncia fim do grupo após mais de 30 anos de carreira

Em uma de suas raras entrevistas, para a revista Noize, Bruno Fortunato falou sobre a fábrica de hits:
– A nossa geração inaugurou uma maneira de compor criativa e diferenciada em que os temas foram colocados de uma forma mais direta e coloquial.

Leoni: hitmaker de mão cheia

Amores e dissabores

Compositor de boa parte dos hits, Leoni deixou a banda em 1986 de maneira conturbada. Na ocasião, em um festival de música, no Rio de Janeiro, Leo Jaime não lhe deu os devidos créditos na composição de Educação Sentimental, e Leoni reclamou de maneira contundente. Paula, por sua vez, tomou partido de Leo. Herbert Vianna se envolveu na discussão, dando início a uma confusão que acabou em uma pandeirada na cabeça de Leoni.

Como Barão Vermelho, Kid Abelha, Capital Inicial e Paralamas do Sucesso chegam aos 30 anos

– Depois que me separei da Paula (no começo do grupo, Leoni e a cantora namoravam), as coisas ficaram insustentáveis. Tinha a questão do Herbert Vianna, também, que era meu amigo e tinha começado a namorar com a Paula (os dois chegaram a ser casados). Não dava mais para sustentar aquilo. Mas não tem ressentimento, somos todos maduros o suficiente para lidar com isso – desabafou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, em 2015.

Hoje, o ex-Kid Abelha segue tocando hits do grupo, composições suas com Cazuza, como Exagerado, e consolidou novos hits como Temporada Das Flores, Melhor Pra Mim, 50 Receitas e as Cartas Que Eu Não Mando.

Fãs órfãos

Nas redes sociais, a reação dos fãs foi imediata. Até esta sexta-feira, o comunicado postado pelo grupo no Facebook, que dizia que o rompimento foi "suave" e que "a vontade de experimentar outras formas de criar e o desgaste natural de tanto tempo juntos nos levaram a essa decisão", tinha mais de 5 mil curtidas e mais de 1,1 mil compartilhamentos. Os comentários, claro, são de lamentação pelo fim e elogiando o Kid.

Barone lamenta

Trajetórias que se cruzam

Nome histórico do rock nacional, considerado um dos melhores bateristas do país e amigo de Paula, Leoni, George e Bruno, João Barone (foto acima), dos Paralamas do Sucesso, é sincero ao comentar a separação.

– Fiquei um pouco entristecido de ver que eles não estão mais juntos. Talvez, seja uma notícia que já estava para ser anunciada. Eles estão meio afastados há um tempo – comentou o músico, 53 anos, por telefone, a Retratos da Fama.

Supergrupo formado por Paralamas do Sucesso, Paula Toller, Nando Reis e Pitty se apresenta em Porto Alegre

Saudoso, Barone relembrou um episódio curioso do surgimento dos Paralamas e do Kid Abelha. Nos anos 1980, os integrantes das duas bandas se conheceram quando foram fazer uma prova na Ordem dos Músicos, no Rio de Janeiro.

– Quando chegamos lá, para fazer o tal teste de aptidão, necessário para que tivéssemos a carteirinha da Ordem, encontramos com eles, que estavam fazendo a mesma coisa. Dali, surgiu uma grande amizade. Tinha um pub aqui, em Botafogo (bairro), que costumávamos ir juntos – relembra o músico.

Tudo para bombar

Após este primeiro encontro das turmas, antes do estouro dos Paralamas, o grupo liderado por Herbert Vianna chegou a gravar uma amostra com uma das canções que viria a ser um dos grandes hits do Kid Abelha: Porque Não Eu?.

– Depois, eles gravaram a canção "à vera" (pra valer), e estourou. O Kid Abelha teve uma trajetória primorosa no pop, surgiu naquele momento efusivo do rock nacional – relembra Barone, que considera Porque Não Eu? a canção da banda mais inesquecível para ele:

– É uma música emblemática, de um disco emblemático (Seu Espião). E já tinha nos chamado a atenção antes de fazer sucesso.

Eterna musa

Paula, aos 53: em plena forma

Questionada sobre o seu futuro no Música Boa ao Vivo, nesta semana, no Multishow, Paulla Toller desconversou:

– A gente tem que fazer as coisas com muito entusiasmo, muita energia. Estou achando ótima essa fase.

Paula Toller faz show em Porto Alegre

Em 2015, questionada se a pausa do grupo era temporária ou definitiva, pela revista Quem, ela sentenciou:

– Acabou carreira de show, disco. Foi uma decisão minha, difícil, demorada, mas teve uma hora em que eu não sentia mais o espírito de grupo. Já estava desestimulada de lançar coisas novas. Mas foi muito bom enquanto durou.

Paula, 53 anos, tem quatro discos solos gravados e está em turnê divulgando seu mais recente álbum, Transbordada, lançado em 2015, além da turnê Nívea Viva o Rock, que percorre o país ao lado dos Paralamas do Sucesso e de Nando Reis. Parceiro de estrada e amigo de 30 anos, Barone elogia a nova fase da eterna musa:

– Ela parece estar recomeçando sua jornada, apresenta um entusiasmo juvenil. É muito legal ver a Paula renovada.

Cinquentona que vale por duas

Quando surgiu com o grupo, Paula tinha um estilo roqueira dos anos 1980, de cabelinho curto. Mas logo ganhou a alcunha de musa do pop, em uma época que não era muito comum o surgimento de mulheres bonitas na música nacional. Com o passar do tempo, assim como um bom vinho, foi ficando ainda melhor. Hoje, é casada com o cineasta Lui Farias e mãe de Gabriel, 26 anos, que, aliás, foi homenageado pela mãe na canção Oito Anos.

Até hoje, Paula é citada como exemplo de beleza e boa forma. Mesmo assim, se mantém humilde.

– O segredo é disciplina, sacrifício. Genética ajuda, mas não dá para relaxar. Eu jamais aceitaria me apresentar desleixada – afirmou a própria a Retratos da Fama, em entrevista em 2014.

George se reinventa

George: pura energia

George Israel, 55 anos, tem três discos solo - o mais recente, 13 Parcerias Com Cazuza. Nele, apresenta facetas menos conhecidas do público como a de compositor, já que é autor de 18 canções com Cazuza, entre elas, Brasil. Atualmente, percorre o país em shows com os filhos, Fred (baixo) e Leo (bateria). E tem um projeto de música eletrônica com Memê, parceiro de nomes como Lulu Santos.

– Sollar mistura, mixa e mescla os beats (as batidas) da house music de Memê com o meu sax – define George.

Por aí

Bruno: zen e na dele

O mais discreto do trio, Bruno, 59 anos, não teve o seu destino divulgado. Em todas as pausas, seu rumo era incerto. Nem amigos do músico sabem do seu futuro.

– O Bruno sempre foi um cara mais recatado, de perfil mais reservado. Não sei se está tocando com alguém, o que fará – afirma Barone.

Desde o princípio

1982 – Surge o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens. Paula, Leoni, George e Pedro estrearam com a canção Distração. Já no primeiro ano, Pedro deixa o grupo, e Bruno Fortunato assume as guitarras.

1984 – Sai o primeiro disco, Seu Espião, que trazia, entre outras faixas que viraram clássicos, Pintura Íntima, Fixação, Como Eu Quero, Nada Tanto Assim e Alice.

1985 – A banda faz um show histórico na primeira edição do Rock In Rio, oportunidade definida pelos integrantes como o "ingresso no show business."
1986 – Leoni deixa o Kid, fundando os Heróis da Resistência.

1991 – O lançamento do disco Tudo É Permitido estoura o sucesso Grand Hotel e marca a mudança de nome do grupo apenas para Kid Abelha.

1997 – O primeiro disco em espanhol leva o nome do grupo. Gravado em Madri, traz uma seleção de hits e conta com a participação de Alejandro Sanz.

2001 – Participação no Rock In Rio III, com cerca de 150 mil pessoas, com o disco Surf.

2007 – O grupo anuncia sua primeira pausa.

2010 – Para dar início a uma série de shows que comemoram 30 anos de carreira, celebrados em 2012, eles retornam e lançam o DVD Multishow Ao Vivo: Kid Abelha, 30 Anos.

2012 – Em dezembro, acontece o último show da turnê comemorativa, e vem uma nova pausa.

2016 – Trinta e quatro anos após o começo, a separação definitiva.

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