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Dá pra ganhar dinheiro como Youtuber! Conheça casos de sucesso e saiba como chegar lá

Gaúchos estão correndo atrás para viver através de seus vídeos na rede e de parcerias

21/05/2016 - 12h06min

Atualizada em: 21/05/2016 - 12h07min


Elana Mazon
Elana Mazon
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Maquiagem, humor, piadas e problemas da adolescência: seja qual for o assunto, estar na frente da câmera, para eles, virou trabalho, fazendo-os saltar para o patamar de celebridades. Eles são youtubers: pessoas que se dedicam a criar conteúdo para o YouTube, plataforma do Google que hospeda vídeos.

Muitos, aliás, já fazem disso a sua profissão, mas será que dá para ganhar dinheiro com isso? Sim!

Apesar do glamour em torno de muitos youtubers, um ponto em comum entre vários é o fato de terem começado de forma despretensiosa. Complementando a frase do cineasta Glauber Rocha (1939 –1981), basta uma câmera na mão, uma ideia na cabeça e, agora, uma conta no YouTube. Mãos à obra, porque você vai saber exatamente como se tornar um deles agora!

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Quem não arrisca não é visto
Em 2010, aos 22 anos, Ana Maria de Cesaro, de Porto Alegre, tinha a vida resolvida. Era dona de uma escola de artes marciais, estava em uma relação estável e tinha a sua própria casa. Mas essa zona de conforto não a fazia feliz, e foi aí que ela decidiu juntar dinheiro para partir rumo à Europa de mochilão.

- Foi lá que comecei a gravar vídeos. Mas eu fazia só para falar com a minha família - conta Ana, 28 anos.

Na volta para o Brasil, os vídeos seriam deixados para trás, se não fossem os pedidos dos seus seguidores, que já eram bem mais numerosos do que a sua família. Nasceu, então, o canal Tá, e Daí?!, que acumula, hoje, 136 mil inscritos e mais de 11 milhões de visualizações.

Oportunidade
Depois de ser convidada para um evento sobre internet em Fortaleza, no Ceará, Ana decidiu: faria do seu canal a sua profissão. Ela terminou o relacionamento, que, àquela altura, já tinha desandado, vendeu a sua escola e foi para São Paulo.

Depois de alguns perrengues, Ana conseguiu emprego em uma agência de publicidade e foi em busca de outro objetivo: emagrecer. Ela, que chegou a pesar 120kg, começou a mostrar cada passo do processo em seus vídeos. Foi aí que nasceu um dos carros-chefes do seu canal: o projeto Ana Gostosa. Com o aumento das visualizações, marcas se interessaram em fazer parcerias, e Ana passou a ganhar dinheiro com o canal:

- Consegui um empresário para cuidar da parte financeira e das parcerias. Em setembro de 2012, larguei o meu emprego promissor na agência de publicidade para só me dedicar à internet. Desde então, vivo do meu canal no YouTube.

Retorno financeiro: primeiro caminho
Mas como ganhar dinheiro com vídeos na internet? Sabe aqueles anúncios que aparecem antes ou durante o que você assiste? São a primeira forma de faturamento, o jeito que o YouTube encontrou de gerar renda, conforme explica a assessoria do site ao Diário Gaúcho: "A remuneração aos criadores é possível graças ao Programa de Parceiros. Se optar por gerar renda com seus vídeos, o YouTube poderá colocar anúncios neles, e você receberá parte da receita de anúncios visualizados". Isso vale pra todos: "Independentemente do tamanho do canal, desde que atendam aos requisitos (como não ferir direitos autorais, leia mais nos quadros). O criador de conteúdo não é pago pela visualização dos vídeos, mas, sim, dos anúncios."

O YouTube não divulga o valor repassado, pois esse pode variar conforme o tipo de publicidade, o preço pago pelo anunciante e o público-alvo. Ana de Cesaro, que tem comerciais em seus vídeos, diz que se trata de uma fração de centavos de dólar cada vez que a publicidade é vista ou clicada.

– O valor é significativo quando se tem milhões de visualizações. Mas é possível viver de YouTube de outra forma – diz a youtuber.

Parcerias: baita alternativa
É aí que entra a segunda possibilidade. Com a visibilidade dos vídeos e a quantidade de pessoas que veem, curtem e compartilham, surgem marcas interessadas em unir sua imagem à dos criadores dos vídeos. Aconteceu com Ana:

– Falo sobre vários assuntos como livros, jogos para videogames e qualidade de vida. Tenho um público fiel. Então, as marcas entram em contato. Por isso, eu consigo viver disso apesar de não ter milhões de inscritos.



Empresas que se identificam com os assuntos que Ana trata podem contratá-la para falar sobre um certo produto. Ou mandar um lançamento de livro para que ela faça uma resenha. Participar de eventos também é outra possibilidade, ou postar nas redes sociais sobre um certo serviço. A lista de oportunidades é grande. Mas essas oportunidades não surgem do nada.

– Recebi muitos "não" antes do primeiro "sim". Propus parceria a uma academia que não quis atrelar a sua imagem à minha, pois eu era gorda – conta.

Dinheiro suado
O projeto Ana Gostosa deu certo, e a youtuber emagreceu 40kg. Surgiu, então, a necessidade de fazer cirurgias para retirar o excesso de pele após a perda de peso. Por isso, ela voltou para Porto Alegre, em 2013, para juntar dinheiro.

Em 2015, conseguiu a quantia para pagar à vista as duas cirurgias: primeiro, na barriga e nos seios. Depois, nos braços e nas costas.

– Consigo tocar meu trabalho por aqui – diz Ana, que até lançou o livro da sua história, Tá, e Daí?! A Vida Por Mim.

De centavos em centavos, o cofrinho

O caminho para ter um canal relevante e ganhar dinheiro pode ser longo. Mas a fotógrafa e estudante de Veterinária Juliane Luna, 26 anos, e a baterista Andrea Scherer, também 26, de São Leopoldo, estão trabalhando para chegar lá.

As duas, junto com Vitor Amoretti, 23, namorado de Juliane, tocam o Granola Com Iogurte, com vídeos do tipo faça você mesmo, receitas e vlogs (diários em vídeo). Tudo bem prático e o mais barato possível.

O diferencial para outros canais que fazem a mesma coisa é o humor. Granola Com Iogurte foi criado em 2010. Três anos depois, seus vídeos ficaram para trás, mas nunca a vontade de trabalhar com internet. Por isso, há um ano, voltou com força total.

– Antes de parar, eram 600 inscritos. Em um ano, já são mais de 14 mil – comemora Juliane.

Trio maravilha
Ela e Andrea pesquisam, compram materiais, testam os produtos, as receitas e são a cara do canal, já que atuam em frente às câmeras. Nos bastidores, fica Vitor, fotógrafo e editor de imagens que, no Granola, virou editor, cinegrafista e diretor.

– Hoje, pensamos no canal todos os dias – conta ele, engajado.

Nenhum dos três esconde a vontade de viver só disso. Mas, por enquanto, ainda precisam das suas profissões paralelas.

– Já entra algum dinheiro pelo Google AdSense (ferramenta que possibilita colocar anúncios nos vídeos), mas nós queremos acumular um valor significativo antes de retirá-lo – diz Andrea.

A vida é o seu maior palco


Em 2010, um rapaz do Rio de Janeiro que sonhava em ser ator colocou um par de óculos escuros e foi para a frente de uma câmera. Críticas a comportamentos, a filmes famosos e a vídeos sobre os mais diferentes temas fizeram Felipe Neto, 28 anos, alcançar o sucesso na internet e passar a aparecer em outras mídias como a tevê.

Hoje, ele é um dos mais importantes e mais antigos youtubers brasileiros com 5 milhões de inscritos em seu canal e mais de 340 milhões de visualizações em seus vídeos. Felipe já lançou livro, teve quadro no Esporte Espetacular, da TV Globo, e um programa no Multishow, além da produtora de vídeos que criou.

Desde o ano passado, viaja o Brasil com a sua peça, Minha Vida Não Faz Sentido. Por e-mail, falou ao Diário sobre o início, a profissão e a responsabilidade que vem com tanta vitrine.

Diário Gaúcho – Quando você começou a fazer vídeos para o YouTube, já tinha como objetivo viver deles?
Felipe Neto –
De forma alguma! Queria apenas criar, me divertir, produzir e atuar. Não existia dinheiro no YouTube, e ninguém tinha ficado famoso com isso quando comecei. Eu não podia imaginar o que iria acontecer.

Diário – No começo, você fazia tudo sozinho (criava, gravava e editava)? E hoje, quantas pessoas estão envolvidas no seu processo de produção?
Felipe –
Continuo fazendo muita coisa sozinho, mas, agora, tenho duas pessoas maravilhosas que são minhas guerreiras. A Rebecca Roche, diretora e editora, e a Aline Mendonça, minha assessora.

Diário – Quando e como foi o momento em que você percebeu que poderia ganhar dinheiro sendo youtuber? E o que já conquistou financeiramente, com o seu trabalho?
Felipe –
Comecei a ganhar uma quantia considerável mais ou menos cinco meses após o surgimento do canal. Ali, eu vi que isso teria futuro e que eu poderia começar a me dedicar exclusivamente à carreira.

Diário – Que dicas daria para quem quer fazer dos vídeos na internet a sua profissão? Existe algum segredo para o sucesso?
Felipe –
Faça por paixão e não pelo dinheiro ou pela fama.

Diário – O seu canal é um dos mais antigos a fazer sucesso no Brasil. Uma legião de fãs acompanha o que faz. Você se vê como um formador de opinião?Felipe – Evito pensar nisso. Eu quero criar, produzir, me divertir e divertir quem está me assistindo. Não quero educar ninguém nem assumir responsabilidade alguma sobre formação de opinião ou de caráter. Quem tem essa obrigação são os pais.

Diário – Atualmente, a sua carreira já extrapolou os vídeos. Como você se enxerga no futuro?
Felipe –
Atuando, sempre. Onde? Não sei. Palcos, cinema, vídeos, tevê. O importante é estar atuando.


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