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Fátima Bernardes, sobre transição do JN para o Encontro: "Ter dado uma guinada na minha vida inspirou muitas mulheres"

Apresentadora recebeu o Diário Gaúcho nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, após o Encontro, que completa 4 anos neste sábado 

25/06/2016 - 11h01min

Atualizada em: 25/06/2016 - 11h50min


Cristiane Bazilio
Cristiane Bazilio
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Após o programa Encontro do dia 31 de maio, quando o Diário Gaúcho acompanhou os bastidores, Fátima Bernardes recebeu a reportagem para uma entrevista exclusiva às 13h30min.

– Só o que me tira do sério é fome, por isso, marquei esse horário – justifica ela, aos risos.

Em sua pequena sala, uma grande pintura de uma imagem sua na parede, um porta-retratos com uma foto de família fica sobre uma mesinha de apoio, e caricaturas, fotos dos filhos, além de momentos marcantes do programa ficam fixados em um mural.

No meio do bate-papo, alguém interrompe e entrega um prato de vidro vazio.

– Eu trouxe sobremesa pra turma, hoje – conta Fátima. Durante quase uma hora, ela fala sobre o Encontro, a nova rotina, a relação com o marido, William Bonner, e com as redes sociais.

Ao final, no melhor estilo gente como a gente, pega o celular da repórter na hora da selfie e pede:

– Deixa eu te ensinar como se faz. Tira assim, do alto, que a gente fica mais magra, alonga a silhueta.

E ela mesma faz a foto. Esse é o retrato de Fátima. Simples assim. Confira!

Quatro anos de Encontro: veja tudo o que rola nos bastidores do programa de Fátima Bernardes

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Retratos da Fama – Que balanço você faz desses quatro anos?
Fátima Bernardes –
Quando a gente faz um programa diário, não dá para esperar as datas para fazer esse balanço, porque você tem que reajustar todo dia. Acho que, se a gente fizer um balanço da maior mudança, ela vem da nossa maior interatividade com o público. A partir do momento em que você entra com um programa que não tinha no horário, você tem que acostumar o público. Você tem que fazer com que ele entenda como funciona para que, então, ele passe a participar. Quando a gente conseguiu isso, o programa cresceu muito, porque aumenta a identidade com o público.

Retratos – Vem novidade por aí?
Fátima –
A gente está sempre pensando em maneiras de surpreender o público. As coisas vão surgindo e a gente vai colocando. Todo início de ano, como o pessoal arruma a casa para o Natal e Ano-Novo, a gente arruma o cenário. No ano passado, estávamos com tons mais azuis, nesse ano, mais alaranjados. Essas coisas sutis, para que pessoa identifique com o que faz em casa: muda um sofá de lugar, coloca uma mesinha pra dar uma animada. Quando se tem uma boa ideia, não dá pra esperar. Bota logo no ar!

Retratos – Como se reinventar diariamente para manter o programa vivo e interessante?
Fátima –
Isso fica fácil pra mim a partir do momento em que o programa não se repete. Quando você muda o interlocutor, muda a conversa. Isso facilita. Já a reinvenção de postura é deixar ela vir o mais natural possível e aproveitar. Durante o programa, eu aproveito também. Não há o que eu faça só para o outro, faço pra mim. Gosto de ouvir o que as pessoas têm a dizer. Termina o programa, e eu me modifiquei, e é o que eu espero que as pessoas façam em casa. Quando eu me divirto, espero que as pessoas se divirtam. Se aprendo alguma coisa ali, espero que as pessoas estejam aprendendo. Acho que isso faz com que, a cada dia, ele fique diferente.

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Retratos – Pesa a responsabilidade de ser uma referência para as mulheres e ter um espaço como o do Encontro para dar voz a elas?
Fátima –
Eu tenho muita consciência do espaço que eu tenho. Não só para dar voz a mulheres, mas a pessoas que querem construir algo bom. Mais do que A contra B, é pensar em como agrupar todo mundo que tem o mesmo objetivo bacana e positivo em relação à vida. O fato de ter um programa que tem o meu nome, ter uma imagem com a qual as pessoas se identifiquem, de saber que, de uma maneira geral, querendo ou não, e sinceramente eu preferia não, acaba inspirando outras pessoas. A questão de eu ter mudado, dado uma guinada na minha vida, me deu o retorno de muitas mulheres que tomaram coragem pra fazer muitas coisas que tinham vontade.

Retratos – Como você trabalha a condução de assuntos delicados e quais foram os programas mais difíceis de fazer até hoje?
Fátima –
Sempre que envolve a questão da morte é difícil de lidar. O programa da morte do Cristiano Araújo, em 2015, foi muito difícil. Estar no meio do programa e chegar a notícia da morte do Jair Rodrigues foi muito complicado. A mudança de tom, encontrar o jeito certo de passar a informação e, aos poucos ter que retomar a energia do programa. Procuro pensar sempre no que eu posso extrair da situação que vá levar algo a mais do que o noticiário vai dar. Minha função é abrir a reflexão. No dia do Cristiano, falamos sobre por que a morte de alguém tão jovem causa comoção, sobre a questão da ordem natural das coisas se inverter com a perda de um filho. Você vai tentando abrir o foco para diluir aquela dor e encontrar um caminho para seguir em frente.

Morte do cantor Cristiano Araújo foi um dos programas mais difíceis para Fátima


Retratos – Sente falta de estar à frente dos grandes acontecimentos, no jornalismo, ou um alívio justamente por não estar no olho do furacão nessa época de crise no Brasil?
Fátima –
Nem alívio nem saudade ou vontade. Acho que estou cumprindo meu papel de outro jeito, refletindo com as pessoas sobre isso. A gente tem um quadro sobre pessoas criativas na crise. É um jeito de você tratar do assunto crise, mas abrindo um caminho: o que eu faço pra conseguir um emprego num país com 11 milhões de desempregados? Então, não me sinto fora desse momento histórico e não sinto nem uma coceirinha de estar fazendo o factual desse momento. O fato de ter ficado cinco anos projetando a saída fez com que eu não ficasse viúva daquele cargo. Entreguei o posto e fiz a sucessão com muita tranquilidade. Estou muito satisfeita.

Retratos – Com a mudança para o entretenimento, você mudou completamente de postura. Ficou mais descolada, já dançou funk com a Anitta, jogou capoeira com o Rodrigo Simas, até caiu no palco. Percebe que ficou mais popular e mais próxima do público?
Fátima –
Eu reconheço, sim, essa mudança, essa evolução. Sejam as dancinhas, uma gargalhada, um tombo... Imagina se eu fizesse 25 anos de jornal, sentada, entrevistando pessoas sérias, e, no outro dia, estivesse jogando capoeira. Não seria natural, nem para mim nem para o público. Então, o bom é que tudo no programa foi de acordo com o que eu conseguia fazer naturalmente. Se dançar foi a primeira coisa, então, eu dancei. No jornal, era mais difícil errar, aqui, não. Quando você dá um tropeço, troca o nome de alguém, é natural. O negócio é aproveitar qualquer coisa que dê errado e a gente mesmo tirar onda da situação, antes que alguém faça um meme e pare na internet. Rir de você mesmo é o melhor para o programa, e a gente tem feito isso.

Retratos – Qual o grau da sua vaidade?
Fátima –
Eu já era vaidosa desde muito pequena, mas não sou um exagero, não. Gosto de estar bem cuidada, e isso também é respeito com o público. Eu costumo brincar que as pessoas religiosas, quando vão à igreja, por exemplo, normalmente, botam a roupa da missa, capricham mais, se arrumam para algo que consideram importante. Eu capricho muito, diariamente, porque eu tenho um respeito enorme por esse Encontro. Saber que a pessoa ligou a televisão para me ver merece uma certa pompa, e eu procuro me apresentar da melhor forma para ela.

Retratos – O que mudou na sua rotina pessoal nesses anos de Encontro, coisas que, antes, não conseguia fazer?
Fátima –
Durante a semana, passei a jantar com os meus filhos, uma coisa que a gente não fazia. Voltei a dançar, que era algo que eu também não podia fazer porque meus horários nunca eram compatíveis. Hoje, faço dança regularmente. Passei a estar na minha casa não só no sábado e no domingo. Durante muito tempo, não estive em casa, agora, gosto de curtir parte da tarde e as noites lá. Passei a assistir ao Jornal Nacional como telespectadora, coisa que eu nem me lembrava mais. É muita coisa que eu posso fazer agora, então, estou bem feliz, muito satisfeita com a escolha.

Retratos – O Bonner dá palpites sobre o Encontro? Vocês trocam figurinha profissionalmente?
Fátima –
Ele não consegue ouvir o programa, só vê, porque a televisão fica ligada, mas é na hora em que ele está na reunião do Jornal Nacional. Às vezes, ele me pergunta: "O que aconteceu em tal hora que eu vi que você estava fazendo tal coisa?" A gente conversa sobre o noticiário, sobre o que está acontecendo, quando ele chega. Ontem, por exemplo, eu não consegui ver o jornal, daí, ele faz um resumo rapidinho pra mim (risos). A gente troca, mas nada muito formal. Sobre o programa, não falamos muito, também tem que sobrar um tempinho pra falar de outra coisa que não seja trabalho (risos).

Retratos – Como é a sua relação com os fãs, ao vivo e pelas redes sociais?
Fátima –
Eu mesma ponho minhas coisas em redes sociais, embora não tenha muito tempo. Tenho Instagram, Facebook, Twitter e Snapchat. E tem os do programa também. A aproximação maior que eu percebi com a mudança para o Encontro foi a de crianças. Hoje, uma menina veio me dizer: "Eu vejo o seu Encontro todos os dias". Uma vez, fui comprar tênis com a minha filha e ouvi aquela euforia, aqueles gritinhos na porta da loja. Era uma garotadinha entre oito e 12 anos, querendo tirar foto. Achei aquilo tão divertido! Percebi a aproximação do público mais jovem, também porque o programa trata muito de assuntos que são pertinentes aos jovens, tudo que surge na internet, que está sendo falado. E os mais velhos gostam porque começam a entrar num mundo que não é deles. Quando a gente trata de um assunto como youtubers, a mãe, o avô e a avó gostam de ver porque já ouviram o menino falar, mas não faziam ideia do que fosse aquilo.


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