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Estrelas da Periferia

Já É: grupo da Bom Jesus aposta na música na luta contra a criminalidade

Pagodeiros estão há oito anos na estrada, e surgiram em uma das regiões mais violentas de Porto Alegre. Grupo não é adepto do romantismo, e aposta no pagode com pitadas de rap.

16/08/2016 - 07h07min

Atualizada em: 16/08/2016 - 07h07min


José Augusto Barros
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Em uma das áreas mais conflagradas pela violência na Capital, o Bairro Bom Jesus, a música foi um fator importante para que os integrantes do grupo Já É se distanciassem da criminalidade. Na estrada há oito anos, surgiu em meio a becos e vielas, em rodas de pagode frequentadas pelos amigos de infância.

Ao mesmo tempo em que acalentavam o sonho de seguir no mundo da música, viam outros jovens migrando para o crime, principalmente, nas proximidades do campo de futebol da Rua Panamá, um dos locais mais violentos do bairro.

Som diferenciado

É lá que mora Jamerson, que toca surdo na banda.

– A música tem uma importância social muito grande na Bom Jesus. Tenho certeza de que o pagode afastou muita gente de uma proximidade perigosa com a criminalidade – afirma Leonardo, vocalista do Já É.

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Com integrantes que têm influências de gêneros bem diferentes, como o próprio pagode, o sertanejo e o rap, a gurizada do Já É surgiu com a proposta de fazer um som diferente do que a maioria das bandas faz.

– Nosso pagode não é muito romântico. Não é nada romântico, na verdade (risos). Vários integrantes curtem o rap feito nos Estados Unidos, por exemplo. E a ideia sempre foi colocar elementos diferentes na nossa música – explica Leonardo, que exemplifica:

– Muito pop e até mesmo inspiração em nomes como a Anitta.

Na Cidade Baixa

Uma das principais faixas do Já É, Fala Demais, que, em alguns momentos, lembra canções de hip hop, fala sobre palpiteiros e fofoqueiros, com uma letra articulada e melodias agradáveis.

– É uma música traz a mensagem que as pessoas precisam cuidar mais de sua vida do que da dos outros – comenta Leonardo.

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Semanalmente, o grupo apresenta o seu som no Estação 910, reduto pagodeiro da Cidade Baixa, onde mostra outras canções do primeiro EP da banda, como Você Tem Que Entender, Jeitinho de Safada e A Dona da Balada. Os pagodeiros pretendem lançar um DVD, ainda sem data definida, repleto de músicas autorais, que defendem com unhas e dentes:

– Música autoral é a nossa bandeira – finaliza Leonardo.

Ainda integram o Já É Cris Show (percussão), Gustavo (vocal e pandeiro), GG (tam-tam) e Toddy (violão).

Pitaco de quem entende

Nards, do Zueira, fala sobre o som do Já É:

– Gostei muito, o grupo Já É. Eles demonstram bem a sua identidade, pois o tema da música (Fala Demais) foge ao convencional do pagode, que é falar de amor. Tem uma boa produção musical, o jogo de troca de vocais funcionou muito bem e deixou ainda mais interessante a faixa. Agora, eles precisam investir em divulgação, essa música tem que chegar nas pessoas de alguma forma.

Aqui, todo o espaço é seu

– Para falar com o Já É, ligue para 9213-6659.

– Para participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas em MP3 ou clipe e um telefone de contato para jose.barros@diariogaucho.com.br.


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