Novela das 21h
Michele Vaz Pradella: "Crítica política leve, romance e drama marcam estreia de A Lei do Amor"
Colunista do Diário Gaúcho comenta sobre o primeiro capítulo da nova trama da Globo
Um novelão com cara de novelinha. Em pleno horário nobre, "A Lei do Amor" apresentou, ao menos no primeiro capítulo, uma história que caberia perfeitamente às 18h ou 19h. Não que isso seja algo negativo, pelo contrário. Depois da trama densa de "Velho Chico", o público merecia um respiro dramatúrgico, uma história mais previsível e menos experimental. Entretenimento puro e simples, afinal.
Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, dupla afinada que já assinou comédias românticas bem-sucedidas como "Ti-Ti-Ti" e "Sangue Bom", trazem o gênero para as nove da noite. O amor é a lei principal do folhetim, como sempre foi e sempre vai ser, a diferença é que desta vez, os estreantes no horário nobre carregam um pouco mais no drama e nas vilanias para conquistar o público.
Isabelle Drummond e Chay Suede deram o pontapé inicial no romance de Helô e Pedro, personagens que serão vividos por Claudia Abreu e Reynaldo Gianecchini na próxima fase. A clássica história da mocinha pobre e sofredora que se encanta pelo rapaz rico não é nenhuma novidade, mas é uma boa pedida em qualquer horário. A pobreza extrema e a prisão do pai de Helô estão ligados diretamente à família de Pedro, o que dificulta ainda mais esse amor.
Destaque na primeira fase de "Velho Chico", Tarcísio Meira volta a roubar a cena pela segunda vez em poucos meses. Agora, ele é o magnata Fausto Leitão, pai do mocinho Pedro. É o típico ricaço de novela, com as ideias conservadoras de que ricos e pobres não devem se misturar, que “todos querem ter direitos, mas não pensam em cumprir seus deveres”, enfim... Qualquer semelhança com a realidade não é tão mera coincidência. Ao lado da esposa, Magnólia (Vera Holtz), Fausto será o grande responsável pela separação dos protagonistas.
Nas entrelinhas do drama e do romance, está a crítica política-social, ainda sutil nessa época de eleições. Por mais velada que seja, a semelhança com a realidade atual está presente, não tão forte quanto o coronelismo de "Velho Chico", mas ainda assim essencial para o momento vigente.
Logo no fim do capítulo, um bom barraco para esquentar os ânimos. Helô, inconformada com a morte do pai, interrompe um jantar importante na casa da família Leitão. O que isso custará para a mocinha, só saberemos nos próximos capítulos. Mas foi um bom gancho, digno de estreia do horário nobre.