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Coluna da Maga

Magali Moraes e as faixas de "vende-se o ponto"

18/01/2017 - 10h00min

Atualizada em: 18/01/2017 - 10h01min


Magali Moraes
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Fique tranquilo, leitor! Eu jamais venderia esse ponto. Não tem valor que pague o carinho e as amizades que conquistei aqui. Meu negócio é conversar sobre o cotidiano e, com sorte, tocar seu coração. O ponto que está à venda é perto de casa, uma lancheria antiga no bairro. Aquela faixa pendurada no toldo há meses, com letras enormes chamando compradores, já virou paisagem. Ou desespero. Sempre que passo na frente, me pergunto o motivo de desistir de algo que parecia dar certo.

Talvez eu seja metida demais. Que o dono está precisando de dinheiro, é certo. Fico imaginando o motivo. Falência? Aposentadoria chegando? Nenhum dos filhos quer assumir a empresa? Dívidas tirando o sono? Desejo de largar tudo e voltar pro interior? Ampliar em outro endereço? Concorrência pesada? Doença na família? Vontade de mudar de ramo? Separou e tem que dividir os bens? Ou é pra clientela achar que tem promoção limpa estoque?

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Respeito e admiração

Por mais que eu pense em todas essas possibilidades, não vou entrar lá e perguntar. Até porque posso me comover e acabar comprando aqueles doces maravilhosos expostos no balcão. Placas de vende-se em prédios residenciais também chamam minha atenção. A cabeça voa longe imaginando casais que engravidaram e precisam de mais espaço, convites de emprego em outras cidades, filhos saindo de casa, vizinhos barulhentos, vovozinhos que subiram pro andar de cima (aquele pra onde todos nós vamos um dia) e os parentes estão de olho na herança.

Tenho profundo respeito e admiração por pessoas que decidem empreender. Ser dono do próprio nariz é para os corajosos, ainda mais com a instabilidade política e econômica do Brasil. Por isso me dói ver essas placas de “Vende-se o ponto”. Depois de tanto esforço? Alguém ajuda! Existe uma história que foi interrompida. Que ela seja reescrita com sucesso. E se for pra terminar, que tenha um final o mais feliz possível.



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