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Estrelas da Periferia

VÍDEO: "Desde que entrei para a faculdade, tudo mudou", diz MC de Alvorada, que cursa Música

Jailson Marques de Senna, o MC Mec Rasta, já tentou a vida no futebol, mas se encontrou no funk. Funkeiro está no quarto semestre do curso, no Ipa, e diz que enxerga o gênero de outra maneira.

25/07/2017 - 07h00min

Atualizada em: 25/07/2017 - 14h58min


José Augusto Barros
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Mec Rasta, no estúdio que ensaia, em Alvorada

Apaixonado por futebol e por música, Jailson Marques de Senna, 22 anos, teve uma adolescência típica de moradores das regiões mais humildes do país. Ainda criança, o pai, o técnico em eletrônica Joelson de Santana, identificou nele um talento para o esporte, e o incentivou a jogar. Rodou por categorias de base do Grêmio e do Inter, mantendo em paralelo o sonho de entrar no mundo da música.

– Eu ensaiava coreografias de funk nos aquecimentos e nos treinos (risos) – relembra Jailson, MC Mec Rasta, morador do Bairro Bela Vista, em Alvorada.

Até a adolescência, porém, Jailson morava com a família em uma das regiões conflagradas da Capital, a Vila Esperança, na Zona Norte.

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Preocupado, o pai tratou logo de providenciar a mudança de todos para Alvorada - hoje, eles moram em um condomínio, logo na entrada da cidade.

– Perdi muitos amigos para o crime. Quem mora na vila não tem muita oportunidade, vive numa redoma. O dinheiro (do tráfico) entra fácil, o cara acha que aquilo tá legal. Tive oportunidade para ingressar nesta vida, mas não quis, não podia dar essa tristeza para o meu pai nem para a minha vó (Flora) – afirma o jovem, que completa em um discurso forte:

– Pensei "eu vou mudar isso, eu posso". Tenho duas pernas e dois braços.

Inspiração

Ainda na adolescência, Mec formou um grupo de funk que durou cerca de três anos, Os Sapecas, inspirados em um dos sucessos da época, Os Hawaiianos. Por conta de desentendimentos, o grupo terminou, mas deixou a semente plantada em Mec. Um acontecimento traumático para o funkeiro, em 2013, foi a chave para a sua volta aos palcos: a morte de MC Daleste, a tiros, enquanto fazia show em São Paulo.

– Eu era muito, mas muito fã dele. Aquilo me abalou. Mas, ao mesmo tempo, vi que tinha muito cara fazendo letra de funk por aí e sabia que eu tinha condições pra isso – comenta.

Então, Mec decidiu começar uma carreira solo e dar um salto ainda maior: passou a cursar faculdade de Música no Ipa, graças a uma bolsa da universidade, e também à ajuda do pai. No começo, por ser o ritmo da moda, fazia canções mais ousadas e no estilo ostentação. Porém, o ambiente universitário mudou a cabeça do funkeiro.

– Desde que entrei na faculdade (ele está no quarto semestre), tudo mudou. Passei a ver o funk de maneira diferente, a estudar, mesmo – afirma Mec, que, em suas músicas, começou a mesclar funk, rap e até reggae, com em sua mais recente faixa, Eu Sei Que Tu Gosta, que fala sobre as festas promovidas nas comunidades.

Hoje, ele comenta que sua música não tem mais a intenção de seguir a moda:

– Falo a minha verdade.

– Para falar com MC Mec Rasta, ligue para 99471-3095.

– Para participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas e vídeos e um telefone de contato para jose.barros@diariogaucho.com.br.

Pitaco

MC Jean Paul fala sobre o trabalho de MC Mec Rasta:

– Festa na comunidade é sempre um tema muito atual, ainda mais quando uma novela como A Força do Querer retrata este tipo de baile. O MC tem boas músicas, adequadas para serem tocadas em pista de dança. Além disso, a voz dele é muito boa.




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